Aplaudir ou vaiar?, por Mário Henrique Guerreiro

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Aplaudir ou vaiar?, por Mário Henrique Guerreiro, Vaia

por Mário Henrique Guerreiro (*)

Os dois extremos dos impulsos humanos em aprovar ou reprovar alguma atitude, extravasando voluntária ou involuntariamente suas energias, entre aplausos ou apupos, remontam datas antigas da humanidade.

A história atribui o surgimento do aplauso e seu antídoto, a vaia, na Grécia Antiga, a quando de execuções que, dependendo do mérito o uso de aplausos ou vaias eram utilizados.

Mesmo que a carta de Pero Vaz de Caminha enviado ao rei de Portugal não figure a presença de vaia a Pedro Álvares Cabral ao pisar em solos brasileiros, há quem acredite que alguns silvícolas expressaram algumas vaias.

A vaia, assim como os aplausos, faz parte da nossa história, mostrando uma reação natural ou induzida, que meio a situações momentâneas uma pode dominar a outra.

A cultura da vaia por ser uma reação de descontentamento, tende a sobrepor-se a cultura tímida dos aplausos.

O ato de vaiar se tornou mais presente, não delimitando arenas, se no teatro, festivais musicais, campos de futebol ou no cenário politico, principalmente quando o discurso não encontra guarida na platéia, calejada de promessas.

A cultura do ato de vaiar é tão presente que em campos de futebol até o minuto de silêncio já foi vaiado.

Caetano Veloso monstro da música brasileira, sofreu uma vaia homérica no festival com seu discurso “É proibido, proibir” e quantos outros artistas já não passaram por esta situação vexatória que é ser vaiado.

Na Copa do Mundo, na Olimpíada, essa cultura se fez ecoar no mundo todo, com as vaias sofridas por Dilma e depois Temer na abertura oficial dos eventos. Seguido de outra vaia quando os atletas argentinos foram chamados ao desfile. Enfim, o o mundo pouco entendeu, porque nós brasileiros vaiamos tudo e, sinceramente falando, talvez Freud explique.

O homem público tem que aprender a conviver com esses limites, que nem sempre o aplauso será o prato principal servido. Que as vaias vistas como sobremesa a não ser servida na maioria das vezes tem servido como entrada e se confundido como prato principal.

As vaias, ou falta de aplausos, servirão sempre como reflexão de atos e atitudes que temos, e servirão de alicerce para aplausos no futuro, se compreendida a lição.

Aplaudir ou vaiar?

Depende do mérito ou demérito.

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* É professore geólogo. Escreve regularmente neste portal.

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17 Comentários em Aplaudir ou vaiar?, por Mário Henrique Guerreiro

  • Boa reflexão, parabéns ao professor Mario Henrique Guerreiro, pela boas colocações de democracia do povo brasileiro, nem todos tem a interpretação da realidade Democrática. Sobre o ato de vaiar ou aplaudir no meio político, pôr isso vamos tem essa grande mudança no ato de votar, vota sim pela razão de uma política melhor para todos nós.
    Aplausos para você Mario Henrique Guerreiro. .

  • A ato de vaiar é tão interessante e impetuoso, que ao assistirmos uma queda ao ar livre de alguém que escorregue na casca da banana, a primeita reação é UUUUUU….. e depois socorremos.
    Rssss.
    Seria a vaia o suspiro da alma?

  • Quero aplaudir o bloj do Jeso.
    Pela contribuição com nossa região, informando, denunciando, orientando e publicando artigos interessantes.
    O respeito pela liberdade de expressão é fundamental e o direito a informação são elementos básicos e necessários no espirito democrático.
    Parabens!

  • Devemos com o espirito democrático da VAIA, nas urnas, e passar o pais a limpo. Não do jeito que a Globo quer.
    Temos que mudar geral.

  • Precisamos de pensamentos como o seu para motivar o aplauso.
    Aplaudimos por indução e vaiamos por necessidade de protestar.
    A não ser nossas maravilhas naturais pouco resta a ser aplaudido.
    Ótima reflexão.

  • Articulista Jeso.
    Muito lisonjeado fico com suas colocações. Obrigado.
    Jamais o espirito democrático deve ser ceifado. A democracia deve ser aplaudida sempre.

  • PARABENS GUERREIRO.
    Esperamos aplaudir mas que vaiar no futuro.
    Nossa realidade de esquecimento ou falta de representatividade não nos anima ao aplauso. Sempre usam o termo estamos raspando o tacho. Ou seja, somente a sobra as migalhas.
    Então para vocês: UUUUUUUU….

  • Como escreveu Nelson Rodrigues, “a vaia é o aplauso dos descontentes”. Teu artigo, caro Mário, oportuno e de encharcado de espírito democrático, cabe como uma luva nos que estão aí no poder e não conseguem atinar pra essa facetas da manifestação popular. Parabéns!

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