O senhor juiz, por Mário Henrique Guerreiro

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O senhor juiz, por Mário Henrique Guerreiro, Tempo relogio

por Mário Henrique Guerreiro (*)

Nada melhor que atribuir ao tempo, este senhor juiz, sem salário, sem vantagens, sem auxilio-moradia e sem a magistrada toga, que a verdade apareça como sentença, principalmente quando se usa a esperteza, sobrepondo a verdade.

Diz a máxima “que uma mentira bem contada, tem valor maior que dez verdades”. Mas o doutor TEMPO entra com seu impetuoso martelo e exclama: “Engana-se muitos por um tempo, mas não engana-se a todos o tempo todo”. Ou seja, a mentira tem perna curta, diz o magistrado tempo.

Às vezes, ou quase sempre, para alcançarmos degraus mais elevados, não medimos as consequências, caluniamos, difamamos, criamos histórias e execramos nossos opositores, levando ao campo pessoal situações que teriam que ser aprofundadas no campo das ideias.

Mas o tempo urge, e passar por cima como rolo compressor, quando os fins não devem justificar os meios, é ordenado em nome do doutor tempo.

Quando passa o tempo, e a realidade é vista de frente, o tempo parece não soprar mais favoravelmente, e as tormentas são inevitáveis.

O que tinha perna curta, no caso a mentira, agora nem perna ter mais, e debruça-se na janela do tempo, para encontrar tempo de explicar o que lapso de tempo os fez prometer.

O tempo tem mostrado que a verdade sobre tudo prevalecerá. Na maioria das vezes não precisamos usar dos mesmos expedientes para mostrar a verdade, basta um pouco de paciência e serenidade.

Tem tempo para tudo, mesmo quando dizemos que não deu tempo. O tempo não para, nem fecha para balanço.

Dizer que a justiça veio tarde, na concepção de tempo passado, é muito comum ouvir. Até porque a justiça no presente já virou passado, logo, logo. Mas o doutor tempo trabalha com o futuro, desvendando e mostrando a verdade.

De modo que, nada melhor que o tempo, com sua maestria da verdade, para colocar tudo no devido lugar, e aplicar as penalidades do tempo, que às vezes pensamos demorar muito. Ledo engano.

“A sentença ou castigo vem a galope, montada num cavalo baio, sob efeito das esporas do Menfisto”. Ai se vê que o tempo chegou.

Correr contra o tempo, ou atrás do tempo, ou na frente do tempo, enfim não nos parece ser muito salutar, até porque o tempo não para e muito menos cansa. Então, nada melhor que dar tempo ao tempo.

Com a palavra, o Senhor Juiz. O TEMPO.

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* É professor e geólogo. Escreve regularmente neste portal

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5 Comentários em O senhor juiz, por Mário Henrique Guerreiro

  • Parabéns pelo artigo.
    ” Os humilhados, logo serão exaltados”. Porque o tempo não para. Temos exemplos de sobra.
    Usar o estilingue do tempo, é pensar que a vidraça também tem tempo.

  • Muito bom seu texto, sua colocação expõem muito gentilmente a realidade que a sociedade vive.
    E que venha a tempo a justiça que muitos esperam !

  • “O mundo não é dos espertos; é das pessoas honestas e verdadeiras. A esperteza um dia é descoberta e vira vergonha. A honestidade se transforma em exemplo para as próximas gerações. Uma corrompe a vida; outra enobrece a alma.”

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