Pantera, 67 anos de glórias

Publicado em por em Artigos, Esporte

Fotos: arquivo particular de Raimundo Gonçalves
São Raimundo, CAMPEÃO DA SÉRIE D 2009 - Arquivo: Raimundo Gonçlalves

por Raimundo Gonçalves (*)

A festa era total antes do jogo. César Brasil cantava o novo hino alvinegro por todos os cantos da cidade. Outros veículos de comunicação anunciavam o grande jogo, as portas das residências se abriam e seu moradores, ou melhor, torcedores saiam em festa a gritar. Estamos indo para o Colosso do Tapajós, e vamos trazer esse título inédito para a nossa cidade e torcer pelo São Raimundo do meu coração. Era assim.

O Pantera virou febre na cidade. Tudo que se fazia com as cores preto e branco se vendia. As camisetas bateram recorde de vendas e de versatilidade, afinal, Santarém era representada por um Pantera faminto por um título brasileiro. No 1º jogo da final no Rio de Janeiro teve a prova que tudo podia acontecer, era só acreditar e lutar com unhas e dentes de uma verdadeira fera mais temida do Pará. Estádio lotado, torcedores espremidos uns aos outros, coração disparado, é agora ou nunca.

Eu temia pelo nervosismo de nossos atletas na decisão inédita. Mas quando vi o Labilá se ajoelhar no gramado e repetir a cena que fazia a torcida delirar com suas preces, não tive dúvida: esse jogo é nosso. Pensava na minha esposa, nos meus filhos, na minha filha e nas minhas netinhas que ali estavam e não entenderiam uma derrota dentro de uma festa tão bonita e que era nossa.

São Raimundo, CAMPEÃO INTERMUNICIPAL 1978 - Arquivo Raimundo Gonçalves
O time do São Raimundo que ganhou o Intermunicipal de 1978

Então pedi a Deus: “Faça ganhar o time que merecer, mas esses teus filhos que estão aqui vibrando acreditam que quem luta pela conquista sem passar por cima de ninguém será sempre o vitorioso. Vou aguardar se vamos merecer”.

Quando o Macaé fez 1 a 0, olhei para a torcida na minha frente: estava pasma como eu. Então falei bem alto ao Clemildo Vasconcelos que estava ao meu lado, sofrendo como nós: “O jogo não acabou amigo!”.

A bola bailou na cabeça de Rafael Oliveira e Michel bateu pra dentro do gol do Macaé, e foi buscar a bola apressado para o adversário continuar o jogo. Marcelo Ptibull morde todo mundo pela esquerda e cruza milimetricamente na área, Rafael Oliveira olhou e viu o anjo enviado amortecer pra ele na medida, e num leve toque coloca pra dentro do gol adversário.

Agora era só esperar o árbitro dar o apito final, e deu. São Raimundo, o Pantera Negra do oeste do Pará, é campeão brasileiro. Com os olhos brilhando, ele mirava a grande torcida. “Nunca tinha visto uma torcida tão real na paixão por um clube de futebol, vim ver aqui na cidade de Santarém, foi uma lição de vida, foi mais um aprendizado, que o verdadeiro futebol brasileiro não está só nas cidades grandes”, diria Rodrigo Araújo, da SporTV, do RJ).

Este é o presente de todos nós, ninguém vai tirar este título do Pantera, e neste domingo de festa, parabéns, Nação Alvinegra, nos seus 67 anos de glórias.

Tu nos alegras com tantas conquistas inéditas, que tal nos presentear com mais um inédito neste ano no Parazão? Feliz aniversário São Raimundo, nosso ideal, nossa paixão, o clube do nosso coração.

—————————————

* Santareno, é cronista esportivo da Gazeta de Santarém. Escreve regularmente neste blog.


Publicado por:

20 Comentários em Pantera, 67 anos de glórias

  • Essa escalação era assim:

    1 – Bianor
    2 – Laurimar
    3 – Figueroa
    5 – Renato
    6 – Haroldo
    4 – Juarez
    8 – Magno
    10 – Mano
    7 – Domingos
    9 – Barriga
    11 – Petróleo

    Um time de “botinudos” que ganhou o Intermunicipal daquele ano, um dos títulos mais cobiçados pelos times do Pará daquela época.

    Jogavam demais:
    Figueroa, Renato, Haroldo, Petróleo e Barriga. Este último, até hoje os zagueiros do São Francisco estão procurando. Alguém viu Barriga por aí?

    Determinado ano, o Leão Azul de Belém, todo-poderoso da região, veio jogar em Santarém. O resultado da partida foi empate. Para os times de Belém, perder no interior era uma desonra sem tamanho. No final da partida, um dos zagueiros entrevistados pelo repórter da Rádio Rural, indagado sobre a partida, falou daquele jogador baixinho que com extrema habilidade passava no meio deles quando queria, da forma como queria. Esse jogador era Barriga. Se Barriga fosse jogador nos dias de hoje jogaria em qualquer equipe do futebol mundial. Não vou guardar as ‘devidas proporções’ não, o cara jogava muito, quem viu ele jogar sabe do que estou falando: Barriga era tão habilidoso quanto Edu (ponteiro que defendeu a seleção brasileira), Denilson (São Paulo) e Lionel Messi. Pena que não teve a carreira acompanhada como os talentos profissionais de hoje têm.

    Um time de “botinudo” especialista em ‘botinar’ cara de Leão.

  • Valeu Élbio pela ajuda, más acho que no fundo no fundo vc é pantera mesmo sabe tudo sobre o meu time; agora dizer que eram butinudo é brincadeira como diz o Neto. coloque algo sobre Sao Francisco pra gente poder avaliar tb. Acho que Rdo Gonçalves tb tem em vasto arquivo.

  • Anselmo Oliveira

    O primeiro agachado é o Domingos, SIM ponta direita.. e o primeiro em pé é o zagueiro Figueroa oriundo do Aritapera….mais alguma Duvida ??????? Haroldo Meireles….. atuou por anos no Mogim Mirim, onde após parar com o Futebol, tornou´-se funcionario do mesmo…… Esse mesmo

    Agora já dá para Esclar esse time de Mulambada em …… Só tinha Butinudo, meia boca era o Petroleo…. se muito…..Esse timeco foi fregues diversas vezes, do TODO PODEROS LEÃO AZUL.

  • Ser São Raimundo do Tapajós

    …já dizia o poeta “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, isso mesmo, de agora para a Glória, São Raimundo do Tapajós, como se de joelhos ao chão contemplando o paraiso de Alter do Chão. O Pantera Velho de Guerra por um tempo adormecido, o gigante está de pé, acaba de acordar, para um novo tempo trilhar, revelar e editar.

    São Raimundo cantado em verso e prosa, de tradição e glória mil, és sensatez e loucura, tempestade e calmaria, amor e paixão, como o namoro dos rios Tapajós e Amazonas bem aqui, em nosso torrão.

    ..teu feito não será em vão, teu exemplo se eternizará, tua história será contada em todas as gerações e teu brilho não se apagará. És tema para crônicas, poesias e canções bem como Pablo Neruda dizia “vale um tempo que se vive com muita inspiração”

    …lutador, desbravador, sonhador, aguerrido e jamais destemido, sim, de agora para a Glória, de tantos heróis revelados a esse esquadrão consagrado, não há como não vibrar, cantar, exaltar e se emocionar, o pulso acelera, o peito bate mais forte, a voz se enrouquece e os loucos “enlouquecem”, Santarém está e ficará em festa. Justo Agora, Bem na Hora, para a Glória.

    Fui e sou testemunha dessa conquista que ficou e ficará acesa em nossas mentes e corações, somos gratos aos jogadores, comissão técnica e diretoria. PARABÉNS PANTERA VELHO DE GUERRA!!

    Prof. José Jarlisson Silva dos Anjos.

  • Valeu Élbio lembro agora, acho que foi até para o mogi mirim se não me falha a mé moria, só não lembro mais os dois o primeiro em pé e o primeiro agachado.Outra consideração a fazer acho que o jogador Petróleo se fosse nos anos de hoje jogaria em qualquer equipe de ponta do Brasil; inteligente driblador veloz e uma potência no seu chute como ninguem tinha na época e não era preciso muita distância para chutar forte não, era jeito mesmo de pegar na bola .Jeso tem razão quando falou que era um “Baita” jogador; bom citar tb nesse time o conterraneo MANO la de minha terrinha Colônia Lavras e Barriga lá de Belterra os montros da bola no passado.Há ia esquecendo de comentar Bianor homem do Olofote esta expressão foi quando tomou um baita “Frango” entre suas mãos; e entrevistado depois falou que foi o Olofote que lhe encandeou sem falar que era um jodo de decisão e parece que com esse gol São Raimundo perdeu o título. Hoje Bianor tem um comércio no mercadão 2000 gente boa.

  • Anselmo Oliveira,

    o Quinto cham-se HAROLDO MEIRELES, grande Lateral Esquerdo, mais alguma duvida ?

  • lembro dde quase todos esses jogadores de 1978 em pé não lembro o nome do primeiro depois acho que é Juarez Renato Laurimar,não lembro o quinto e o goleiro meu amigo Bianor ( O homem do olofote no Olho) Agachados:Primeiro não lembro Mano , Mágno Barriga e Petroleo; por favor acho que são esse os nomes e os que não citei o nome companheiros nos informem porvar.
    Agora gostaria de citar aqui já que Dr Telmo citou o nome dele Sr DAVI NATANAEL grande treinador simpatia de pessoa que até hoje continua vivinho da silva e ninguem até hoje fez nada que viesse a reconhecer todo o trabalho que essa pessoa deixou para Santarém . Alguma reportagem de Tv , pois em sua época ainda só existia Rádio e muita gente nem conhece seu DAVI. Acho que seria de grande valia para nosso esporte e nossa cultura.

    1. O primeiro agachado não é o Domingos (ponteiro direito)?

      E o goleiro, caro Anselmo, sinceramente tenho dúvidas entre Bianor (você disse) e Raul (escangalhado).

      Timaço, hem caro Anselmo!

      1. Só para complementar, tenho quase cem por cento de certeza que o primeiro em pé é o zagueiraço Figueroa.

  • Gostaria da escalação desse time de 1978. Eu tinha 11 anos, faz muito tempo, mas lembro do jogo que ouvimos pela Rádio Rual de Santarém.

    1. O último à direita, agachado, caro Ney, eu não tenho dúvidas, é o atacante Petróleo. Um baita jogador.

  • Prezado André,

    Não me lembro de ter recebido o pedido quanto ao Hino do São Raimundo, composto por meu saudoso pai Wilson Fonseca.

    Posso lhe enviar, por e-mail, todo o material que disponho, inclusive as partituras integrais do arranjo que elaborei.

    Por favor, escreva para o meu e-mail, a fim de que eu possa lhe remeter esse acervo, com grande satisfação. Anote: vjmf@terra.com.br

    Abraços,

    Vicente Malheiros da Fonseca.

  • Raimundo Gonçalves, revendo esta foto do time do são Raimundo que representou a Seleção Santrena em 1978 no Intermunicipal, me veio na lembrança tudo que ali aconteceu, pois eu lá estava na condição de médico do São Raimundo. A equipe ficou hospedada num quartel da Polícia Militar na Av. Gaspar Viana, o diretor de Futebol era o jovem Tem.Pm. Mágno Braga, o chefe da delegação era o comerciante Manassés Nahon, o treinador era o competentíssimo e sereno David Natanael e o presidente de honra e grande comandante era o então deputado estadual Dr. Everaldo Martins. Após o ultimo jogo com a magistral vitória, recebimento do caneco e faixas a Delegação foi recepcionada com um jantar num restaurante que ficava naquela praça em frente a Estação das Docas e que anteriormente tinha sido uma Boite chamada Palhoça, foi um lauto jantar com bebida liberada e discurso emocionado do Dr. Martins. Eu viajei na frente, pois já estava muitos dias afastado do trabalho, porém fui receber a delegação no Aeroporto de Santarém que teve até desfile em carro aberto pela cidade, muita festa na sede e muitos tapas na costa de todos desferidos pelo saudoso Zé Lopes. Tempo Bom. Parabéns Pantera pelos 67 anos e a toda torcida Alvinegra que naquele tempo como hoje, vibra com o time do São Raimundo.

  • Nossa Raimundo. Eu simplesmente me emocionei ao ler esse texto. Passou na minha cabeça como estava a cidade nesse clima que o Pantera proporcionou.

    Fico arrepiado só de pensar. Eu queria muito ter estado em Santarém para ver esse jogo histórico, ter sentido todas as emoções que impactou a Pérola do Tapajós.

    Mas, ao ler esses textos, me sinto incorporado.

    Vida longa ao SREC e que muitos títulos venham pro São Raimundo-o-o-o!!!

  • Jeso

    Ao ler o texto do Raimundo Gonçalves um turbilhão de emoções afloraram ao relembrar aquele 01/11/2009.
    Lembro que a felicidade no Estádio e na festa que se seguiu era quase palpável. Nunca tinha visto o povo Santareno tão feliz.
    Espero que Deus nos ilumine para recolocar o SREC no caminho das vitórias e títulos.

    Viva o Pantera! Viva a Nação Alvinegra! Viva Santarém!

  • gostaria de informar ao elbio leproso. que o PANTERA está desistindo de trazer o quase ex-jogador ronaldinho gaucho. pois o mesmo está tecnica e físicamente muito abaixo do nivel dos nossos atletas. se quiser tiver dinheiro (oque eu duvído), pois comprou um terreninho no planalto. pode levar a figura pra leoa abatida.

  • Em homenagem ao “São Raimundo Esporte Clube”, de Santarém, meu saudoso pai Wilson Fonseca (Isoca), compôs, em 1969, um hino, a pedido do Dr. Everaldo Martins, Presidente da agremiação e Prefeito Municipal de Santarém, cuja letra transcrevo adiante:

    HINO DO SÃO RAIMUNDO ESPORTE CLUBE
    Letra e Música: Wilson Fonseca (1969)

    Neste canto vibrante de fé,
    Vamos todos com alma sincera
    Levantar nosso brado, de pé,
    Ao valente e altivo “PANTERA”.

    Os teus feitos te envolvem de glórias
    Conquistadas por bravos, por fortes.
    Em tuas lutas se buscas vitórias,
    Tens por mira elevar os esportes.

    Estribilho

    “São Raimundo” de raça, querido
    Alvinegro que o povo quer bem,
    Nos gramados tu és sempre aplaudido
    Pois teu nome traduz Santarém.

    “São Raimundo” de raça, querido
    Alvinegro que o povo quer bem,
    Nos gramados tu és sempre aplaudido
    Pois teu nome traduz Santarém.

    Em 2008, eu elaborei um arranjo para Coro, Orquestra de Sopros, Percussão e Piano, cujo arquivo (midi) pode ser acessado no link abaixo (execução simulada por computador):

    https://www.sendspace.com/file/7mb8e4

    Abraços,

    Vicente Malheiros da Fonseca
    https://www.trt8.jus.br/juiz/juizes_togados.asp

    1. Há algum tempo a Diretoria do SREC vinha solicitando a letra e música do Hino Oficial ao Dr. Vicente e ao Maestro Tinho. Assim, oportuna e feliz esta homenagem prestada pelos 67 anos do Clube.
      Parabéns, também ao Dr. Vicente pelo belissimo arranjo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *