Neste início de 2022, o Brasil mais uma vez vive suas tragédias. Fruto do desligamento do homem de si próprio, a natureza paga, mas também cobra.
Para além da praça Rodrigues dos Santos, já tão bem questionada pela ação do IHGTap – Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, junto ao MPPA, e magnificamente retrata por Paulo Cidmil no compromissado JC, temos mais uma vez a fotografia de Erik Jennings que, com precisão, mostrou ao Brasil e ao mundo, já expresso em matéria da BBC, aquilo já vínhamos conversando com conhecedores do Tapajós, mas o nó estava preso só em nossas gargantas: é toxinas de algas ou é mesmo a ação garimpeira e outras explorações do solo a causa da mudança drástica na coloração do rio? E os efeitos a fauna, sua biodiversidade, populações humanas e turismo?
Como acadêmico, pesquisador e professor santareno, não temos como não dar um grito de socorro pelo rio. Como diz o poeta eterno Thiago de Mello, “Filho da floresta, água e madeira vão na luz de meus olhos e explicam este meu jeito de carregar nos ombros a esperança”.
Mas como combater todos esses desmandos que expõem a gestão pública que assolou o país e toma nossas instituições em nome de uma democracia que se afunda junto com o que ainda nos resta?
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Na audiência pública sobre o Plano Diretor de Santarém, li trechos do Salmo 107 que diz: “Andaram errantes pelo deserto, por ermos caminhos, sem achar cidade em que habitassem. Famintos e sedentos, desfalecia neles a alma”.
Em artigo recente, Luis Fernando Veríssimo afirma que não acaba amizade por causa de política, acaba pela ignorância, truculência e pelo desrespeito e que o fascismo não se discute, se combate. É aqui que está a nossa espada. Pitágoras já afirmava que os frágeis usam a força e a violência. Os fortes, a inteligência.
O resultado hoje visto no rio Tapajós tem uma origem e uma causa: um projeto de futuro que hoje se presentifica. Uma ponte construída no passado onde muitos caíram no canto da sereia.
Ao abrir a porteira para passar a boiada de baciada, o governo federal que ora se instalou em muitas esferas, fazia com encantes. Hoje percebe-se que o canto da Iara era da Uiara. Por isso, é preciso saber de que lado que realmente se está, pois o que está em jogo, agora, é o nosso maior motivo, simplesmente o Tapajós.
Por isso, a ação do IHGTap é tão essencial, por isso artigos como os do Cidmil, que hoje se mostra um dos escritores mais lúcidos, precisam de ser refletidos com inteligência e até clamor ao Senhor, para que nos livre de suas tribulações, salvando a bacia do Tapajós de tudo o que precisa ser salvo.
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