por David Marinho (*)
Os ex-prefeitos de Santarém nunca levaram a sério construir um porto hidroviário definitivo na cidade que se apresenta como polo de desenvolvimento regional. Onde grande fluxo de pessoas se desloca diariamente indo e vindo para cidades vizinhas por meio fluvial, que é a vocação natural de transporte na região, e enfrentam dificuldades para embarque e desembarque sobre estruturas inadequadas sem segurança nem dignidade.
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Conhecendo essa problemática, sugerimos uma alternativa para essa questão. Ao invés de se construir um porto “quebra-galho” no DER, próximo a antiga Tecejuta, far-se-ia logo um planejamento global dessa situação, e em parceria com órgãos estaduais e federais, como Companhia Docas do Pará, Ministério dos Transportes, Ministério das Cidades e DNIT.
Ou seja, elaborar um estudo multidisciplinar sobre a viabilidade de transformar o atual Porto das Docas (CDP) em porto hidroviário de passageiros e cargas regionais e interestaduais (Belém/Manaus). Até porque, na atual estrutura, existe grande risco ambiental por este porto estar a “montante” da cidade, movimentando cargas internacionais em navios que podem provocar acidentes com produtos poluidores e que trazem microorganismos exóticos nos cascos que podem poluir e contaminar a orla em frente a cidade pela corrente natural do rio sentido oeste-leste.
Por questão de segurança marítima, saúde pública e ambiental, o correto seria que um porto dessa grandeza para exportação e importação, que aumentará sua demanda operacional com cargas oriundas do centro-oeste, sudeste e do retorno das indústrias da Zona Franca de Manaus com a pavimentação da BR-163 (Santarém–Cuiabá), se instalasse à “jusante” da cidade, ou seja, abaixo do limite urbano de Santarém. E que poderia ser na margem do bairro Área Verde.
Essa é uma solução estratégica, segura e definitiva, já que o terminal de grãos da Cargil poderia ser também transferido, já que gerou polêmica onde está hoje. Área Verde é um bairro que apresenta área habitacional pouco densa o que teria custo baixo em desapropriações para a nova infraestrutura portuária.
O acesso para esse novo porto seria por um corredor exportador a ser construído a partir do bairro Cambuquira, passando pelos limites dos bairros Nova Vitória, Santo André, Urumari, e continuaria em uma via marginal ao igarapé do Urumari até o bairro da Área Verde. Esse porto talvez precisasse de pequena dragagem ganhando profundidade suficiente para navios de grande calado.
Com isso eliminar-se-ia o risco de contaminação por um possível acidente à montante da cidade, e diminuiria o risco de abalroamento entre barcos de pequemos e médios portes na frente da cidade com grandes navios e balsas, e pouparíamos o caos rodoviário que se estabelecerá na avenida Cuiabá e seu entorno no bairro do Salé, com a demanda de cargas oriundas do Sudeste-Centro Oeste e vice-versa, de Manaus para São Paulo com milhares de carretas e containeres.
Com essa nova estratégia organizacional, eliminar-se-ia a fofoca e os constrangimentos sociais e ambientais da Praça Tiradentes. Outro fator positivo seria levar o desenvolvimento sócioeconômico para bairros da Grande Prainha, que são ignorados pelas autoridades, pois nessa parte da cidade não se vê grandes investimentos comerciais que beneficie economicamente a grande população desses bairros de Santarém.
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* É gestor ambiental
