Frase do dia

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Ao contrário da Espanha, dos Estados Unidos e dos países árabes, a juventude brasileira ainda não conseguiu transformar as ferramentas tecnológicas em instrumentos de mobilização.

Zuenir Ventura, escritor e jornalista. Em entrevista à Agência Brasil, ontem (14).


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6 Comentários em Frase do dia

  • Há um grande equíco na afirmação de Zuenir, que partem da fala de conhecimento epstemólogico dele, por confundir capacidade com vontade e presença de condições para que as redes sociais sejam utlizadadas como meio político de mobilização. Todos esses países citados pelo jornalista são países em profunda crise político econômica, fato que predispõe as pessoas a se moblizarem contra o status quo. A Espanha por exemplo possui um iníce de desemprego em sua PEA que atinge vinte e cinco por cento. Os jovens espanhóis tem baixa espectiva de emprego, lutam, portanto, por questões econômicas que os afetam imediatamente, e não porque são mais capazes de mudar ou tem maior poder de mobilização ou mais consciência, seja por meio meios tecnológicos ou convencionais.
    Ai reside outro problema na afirmação de Zuenir: a ignorância política aliada ao preconceito.
    Ignorância, porque os contextos, lugares e culturas são diferentes logo não é possível fazer afirmações desse tipo sem levar em consideração uma séria análise de conjuntura que somente poderia ser realizada com séria pesquisa sociólogica, para a qual, perdoa-me o autor da frase, ele não reúne qualificação técnico-científica por não ter formação para tanto, e foi leviano ao não procurar pesquisas desse tipo que dessem base a sua afirmação.
    Entra o quantum de preconceito que essa afirmação carrega: o que os jovens brasileiros só usam as ferramentas tcnológicas para diversão e objetivos pessoais. Esse pensamento não encontra respaldo em séria pesquisa.
    Recentemente muitos jovens usaram as redes sociais da internet para lutarem independentemente de partidos pela criação dos Estados de Carajás e Tapajós por exemplo em uma região onde a net é muito mais precaária que na Espanha e a população possui menor acesso a net e possui menor grau de escolaridade.
    É bom ter cuidado a firmar premissas generalizantes aplicáveis a conjuntos sociais, pois realizadas em conhecimento prévio do assunto abordado, podem ser interpretados não apenas como ignorância, o que geralmente é o caso, mas como uma leviandade, in casu, fruto do etnocentrismo ao contrário que permeia a cabeça de parte de nossas elites.

      1. Ser cristalino não significa ser dono da verdade nem estar com com a razão. Emiti opinião de quem é sociólogo por profissão. Desculpe-me se carreguei no sociologuês e não me fiz entender, porém creio que é necessário fazer a crítica dos discurso e não q crítica de quem discursa.
        Por favor: mais respeito.

  • Zuenir , o problema , creio eu , não seriam o uso das ferramentas , mas sim a causa , com a ascensão da “esquerda” ao poder as organizações estudantis que antes tinham uma relação estreita com partidos de esquerda foi silenciada pois seus “herois” chegaram ao poder , por muito menos Collor caiu .
    hoje resta esperar que , assim como na Europa , essa alienação passe .

  • Jeso,

    Essa belíssima reflexão apresentada por Zuenir Ventura , bem escolhida para o contexto em que a sociedade “se encontra” mais no contexto das confissões eletrônicas mais ingênuas ou da socialização/articulação das ideias pelas redes sociais, fez-me lembrar (e buscar no meu arquivo de textos que nagam, como Mefistófeles!!) um contraponto a essa nova realidade “virtual”, feito pelo filósofo francês Alain Badiou em entrevista concedida ao jornal argentino Página 12, reproduzida pelo sítio cubano CubaDebate e, depois, pelo Portal Vermelho: A Esquerda bem Informada, em 3 de novembro de 2010. A entrevista pode ser lida na íntegra no endereço eletrônico: https://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=141439&id_secao=11

    “A ilusão tecnológica”

    A tecnologia faz parte também desta sociedade, desta violência. As novas tecnologias instauraram uma sorte de ilusão igualitária, que é muito chata, que parece dizer em filigrana: já que estamos conectados, todos somos iguais. Porém, não há nada mais virtual que essa igualdade. A realidade está presente, as diferenciações são patentes, o pensamento tecnológico contaminou o pensamento humano.

    Alain Badiou – A tecnologia é a realização de uma ideologia que existia antes. Creio que é a ideologia que cria a tecnologia, e não ao contrário. Esta falsa concepção da igualdade é muito antiga. A desigualdade atual considera de forma abstrata que os diferentes indivíduos são iguais. Pretende-se fazer crer que os indivíduos têm a seu alcance o mesmo sistema de possibilidades. As pessoas não têm a mesma realidade, mas se argumenta que contam com as mesmas possibilidades. É a mitologia com a qual se dizia que nos Estados Unidos o vendedor de jornais pode converter-se num milionário e, por conseguinte, é igual a qualquer milionário. Com esse argumento, a única diferença radica em que um realizou a possibilidade de ser milionário e o outro não. Há então uma concepção tradicional e falaz da igualdade própria ao mundo burguês e competitivo. Todos podemos competir! Essa é a igualdade competitiva. Mas penso que a tecnologia da Internet e a conexão universal são a realização material e tecnológica dessa ilusão igualitária. Essa ilusão está muito ligada ao materialismo democrático porque inclui a ideia de que todas as opiniões valem e são iguais. Estamos conectados e o que eu digo vale tanto como o que outro diz! Desde que as coisas circulem, elas têm valor. Isso é falso. O real continua sendo violentamente desigual, competitivo, brutal, indolente. Não basta ter uma máquina na qual possamos dizer o que pensamos para aceder à igualdade. Na realidade, quanto mais se expande esse tipo de igualdade ilusória, menos poder têm as pessoas. Observe a crise que vivemos: estávamos todos conectados e de pronto irrompeu a realidade para nos dizer: Atenção, de uma hora para outra tudo pode ruir! A crise veio recordar que esta sorte de euforia igualitária na qual estávamos era artificial. No mundo competitivo a igualdade é sempre artificial. E essa igualdade artificial pode ser uma igualdade tecnológica justamente porque a tecnologia é um artifício.

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