Santareno radicado no Rio de Janeiro, o produtor cultural Paulo Cidmil faz contraponto ao post Em vídeo, o Complexo Alter do Chão:
Nunca ouvi dizer que os Corrêa rasgam dinheiro. O projeto Complexo Alter do Chão, do desenho ao vídeo, que aliás parecem projetos distintos, é de uma superficialidade intrigante. Ao mesmo tempo, enche os olhos das pessoas que anseiam por desenvolvimento e prosperidade para Santarém.
Todos sabem em Santarém que essa imensa área de terra é reinvidicada pelos Correa. Todos ouviram falar das invasões que ocorreram no lado oposto da avenida onde hoje apresentam a proposta de realização desse projeto faraônico, se considerarmos a economia de Santarém.
Não é preciso ser economista, basta consultar qualquer empresa administradora de shoppings para saber que um grande shopping não precisa ser mega, apenas grande, só é viável em cidades com uma população acima de 500 mil habitantes e com uma renda per capita razoável. Esse não é o caso de Santarém.
— ARTIGOS RELACIONADOS
Me pergunto se da noite para o dia Santarém virou Búzios, Porto Seguro, Guaraparí, Campos do Jordão, Camboriú ou Gramado? Cidades menores, mas com um fluxo turístico digno de chamarmos de indústria.
Todos sabem que existe projeto do município para construir um Centro de Convenções com ótima localização, isso já deveria estar ocorrendo. Ou será que a prefeita Maria do Carmo desistiu para ficar alugando esse que os Correa estão anunciando?
Não é preciso ser inteligente para perceber que um grande centro de lazer em Santarém, com bons equipamentos para crianças e adultos, só terá público se o custo mensal para o associado ou o custo do ingresso for de baixo valor. Quem tiver dúvida pergunte ao pessoal da AABB ou do Mutunuí (ou será que o município irá subsidiar esse lazer para a população?)
Todos tem visto as tarifas abaixo de R$ 60,00 que o reformado e ótimo Hotel Barrudada tem anunciado para captar hóspedes.
É intrigante o anúncio desse mega investimento justo em uma área que há pouco tempo foi fruto de enorme discussão por estar sendo invadida por populares e que aparentemente o município reintegrou ao seu patrimônio.
Não afirmo, mas desconfio que toda essa área reinvindicada pela familia Correa, que provavelmente foi requerida ao município para implantação de futuros investimentos, logo que souberão haver o projeto do novo aeroporto, agora pertence ao município, uma vez que durante décadas não foi investido um único centavo. Apenas especulavam.
Suspeito que esse projeto seja um artifício para reaver as terras ou parte delas, estão querendo com ele esquentar o papel caduco, afinal 420.000 mil metros quadrados para uma área de 20.000 mil metros quadrados construída me parece estar sobrando muita terra para futura especulação.
Chama atenção também o prazo de 7 anos para execução do projeto e a ausência de parceiros fortes na área da construção e incorporação, que emprestem maior credibilidade ao projeto.
Toda essa terra pode vir a ter um fim social mais nobre, mas em Santarém, onde existe essa relação de compadrio entre certas “castas” que secularmente gerenciam o nosso atraso, não me espantaria ver os Martins entregando todo esse patrimônio nas mãos dos Correa.
Só resta acreditar nos olhos do Ministério Público, para que averigue se essa não é mais uma história onde o interesse privado, através de meios e artifícios escusos, se sobrepõe aos interesses público e comunitários.
Mais tarde será fácil afirmar que a estagnação econômica local não permitiu a realização integral do projeto, e em um futuro não muito distante, com o domínio legal sobre as terras, surgirem loteamentos, projetos imobiliários e outros negócios que darão muito dinheiro a esse esperto empreendedor. O que poderia ser de muitos via política social, será de um e sua “casta” já abastada, mas nunca saciada.