Jeso Carneiro

O papel estratégico de integração regional da TV Tapajós. Por Paulo Cidmil

O papel estratégico de integração regional da TV Tapajós. Por Paulo Cidmil

Não estão percebendo que a TV Tapajós, em Santarém (PA), não é apenas um patrimônio em disputa familiar. Ela é um veículo de comunicação com papel estratégico na consolidação da integração regional e consequentemente uma ferramenta fundamental na construção do Estado do Tapajós. O que, apesar de suas limitações econômicas, faz com extrema competência.

Paulo Vidmil (*)

Ao longo dos anos, a TV Tapajós vem consolidando sua rede de transmissão, estando presente na maioria dos municípios da região.

Realiza jornalismo profissional com excelente padrão de qualidade e através da TV aberta, rádio e mídias digitais, é o principal veículo de informação da população, na região onde o Pará insiste em chamar de Oeste e que, por vezes, confunde-se com faroeste por conta da ineficiência de suas políticas públicas.

A TV Tapajós é responsável pela produção de matérias veiculadas em rede nacional, via Rede Globo,  dando visibilidade ao Brasil e exterior às nossas belezas naturais, gastronomia, produção acadêmica,  cultura popular, diversidade e mazelas.

 

Há um tratamento respeitoso e elegante nessas matérias com relação ao Estado do Pará, mas, sutilmente, não esquece de lembrar ao espectador que trata-se do Tapajós. Uma ideia que subliminarmente ela carrega no nome.

Sua busca por qualidade no jornalismo e em seu programa de variedades “Vem Com a Gente”, além de informar, abre janelas onde é possível a população regional se ver (sem o tratamento mundo cão de outros programas televisivos locais).

Isso em muito contribui para a autoestima e intrinsecamente para a percepção de que podemos pensar grande vislumbrando a possibilidade de um novo Estado.

A estrutura técnica montada pela TV Tapajós tem relação direta com o desenvolvimento da atividade audiovisual em nossa região. É uma escola onde se formam repórteres, cinegrafistas, editores, apresentadores e diversos profissionais da comunicação e publicidade que hoje atuam no mercado regional e nacional.

Tatiane Lobato, apresentadora da TV Tapajós

O fato de estar desvinculada de outros grupos de comunicação da Amazônia proporciona a TV Tapajós uma linha editorial independente. Autonomia que raramente teria se estivesse vinculada ao grupo Liberal ou Rede Amazônica.

Como ficará isso, no caso de venda para grupo empresarial de outra região?

Assim como o patrimônio imaterial, relacionado à cultura  e de valoração subjetiva,  existem patrimônios que extrapolam os limites do valor material e de potencial mercadológico. Avalio que, para nós, do Tapajós (vulgarmente conhecido como Oeste), esse é o caso da TV Tapajós.

Sua presença na vida cotidiana de nossa região extrapola os limites da simples prestação de serviços. Arrisco afirmar que, pela ausência de políticas locais de integração regional através do esporte, cultura, turismo e lazer, que os principais vetores de integração regional são a comunidade acadêmica e os meios de comunicação e informação.

E na área da comunicação, a  TV Tapajós tem um papel preponderante, possui capilaridade regional, credibilidade junto ao público, comprometimento com os anseios de autonomia do Tapajós e independência editorial para somar forças na luta por essa autonomia.

 

São questões que a família Costa Pereira deve pesar na balança se de fato for concretizar sua venda. Essa é uma venda patrimonial que também diz respeito a 94% da população regional. Cidadãos que em 2011 foram às urnas afirmar o nosso desejo de autonomia.

São ponderações de um expectador assíduo da emissora, que torce para que consigam superar suas dificuldades financeiras e o litígio familiar que envolve o Sistema Tapajós de Comunição.

P.S.: Sou fã da apresentadora Tatiane Lobato pela forma natural e quase despojada, sem perder a formalidade, como ela apresenta o Jornal do Meio Dia.


* Paulo Cidmil, santareno, é produtor e ativista cultural. Escreve regularmente neste blog.

LEIA também dele: A crise histérica da Globo e a lebre do Judiciário.

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