Jeso Carneiro

TCM rejeita contas de 2023 do prefeito Delegado Fonseca, de Oriximiná, por série de irregularidades

TCM rejeita contas de 2023 do prefeito Delegado Fonseca, de Oriximiná, por série de irregularidades
As contas de 2023 do prefeito Delegado Fonseca (em destaque) foram rejeitadas pelo TCM em sessão realizada nesta terça-feira (9). Foto montagem: JC

O TCM (Tribunal de Contas dos Municípios) do Pará rejeitou, por unanimidade, em sessão realizada nesta terça-feira (9) as contas anuais do prefeito de Oriximiná, oeste do estado, José William Siqueira da Fonseca, o Delegado Fonseca (REP) referentes ao exercício de 2023.

O relator do processo, conselheiro Daniel Lavareda Reis Junior, recomendou a não aprovação das contas devido a uma série de irregularidades contábeis, fiscais e administrativas identificadas pela equipe técnica do tribunal. Em consequência, o mandatário terá que devolver aos cofres públicos mais de R$ 20 milhões.

O prefeito não apresentou defesa contra as acusações durante o trâmite processual, conforme registrado nos autos.

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O parecer foi baseado em relatório técnico que apontou descumprimento de normas constitucionais, legais e regimentais. Entre os principais problemas estão o não atendimento aos mínimos constitucionais de aplicação em educação, excesso de gastos com pessoal e pagamentos irregulares a servidores.

Educação

De acordo com o conselheiro Daniel Lavareda, o município deixou de aplicar R$ 10,36 milhões em educação, valor correspondente à complementação mínima exigida pela Emenda Constitucional nº 119/2022 para os exercícios de 2020 e 2021.

Embora o percentual de aplicação em educação em 2023 (25,48%) tenha superado o mínimo de 25%, o município de Oriximiná não cumpriu a obrigação de compensar valores insuficientes de anos anteriores.

O relatório também identificou descumprimento de regras do Fundeb. Do total de recursos recebidos a título de complementação da União (VAAT), 0% foi aplicado em despesas de capital – como prevê o artigo 27 da Lei 14.113/2020 – e apenas 16,18% foi destinado à educação infantil, abaixo do mínimo de 50% estabelecido pela legislação.

Gastos com servidores

Os gastos com pessoal ultrapassaram os limites legais. A gestão do prefeito Delegado Fonseca, reeleito em 2024, gastou 68,98% da Receita Corrente Líquida (RCL) com despesas de pessoal, acima do limite de 68,88% permitido para o ano de 2023 em razão do regime excepcional da LC 178/2021.

No consolidado do município, os gastos atingiram 71,17% da RCL, bem acima do teto de 60% previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Além disso, foram identificados pagamentos irregulares a servidores no valor total de R$ 20,12 milhões, referentes a funcionários contratados acima do permitido em lei ou sem previsão legal para os cargos. Houve ainda falhas no envio de documentos obrigatórios, com atrasos que variaram de 3 a 93 dias, dificultando a fiscalização.

O Ministério Público de Contas, por meio da procuradora Maria Regina Franco Cunha, opinou pela não aprovação das contas, “sem prejuízo da aplicação de multas pelas falhas remanescentes”. O voto do relator foi ratificado à unanimidade pelo plenário do TCM paraense.

A decisão do Tribunal de Contas do Pará não é definitiva. O prefeito pode interpor recurso de reconsideração no próprio tribunal, no prazo legal.

Leia a íntegra do relatório do relator.

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