Jeso Carneiro

Poetas amazônicos – Eu

Diálogos de mim mesmo

Não sou nenhum dos outros
Que pareço carregar em mim.
Muito menos pereço
Do que penso ser
E do pouco que conheço
Do que penso estar…

Porque talvez haja alguém,
Que mal conheço,
Querendo se impor
Além do meu começo,
Além do meu fim!
Mesmo assim,
Careço conhecer
O muito que tenho
Ou penso ter, enfim…

É fácil ser
O que se pensa que se é.
Ou o que se quer parecer,
Um dia ser…
O difícil é não ser
Mais do que não se é!
Pois a eminência parda
De que padeço, do meu eu,
É mais do que mereço ser
Ou o que realmente sou…

E é mais fértil na imaginação
– Do querer ser –
O que os outros esperam,
Ou acreditam ver em mim…
Às vezes, quase até esqueço
Que sou o que sou
Porque é, o que devo ser…

E se mais não sou
Tampouco serei
Menos do que não sou
Até que a morte
De que feneço, enfim,
Esclareça o que nunca fui…

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De Jota Ninos, poeta amazônico nascido em Belém e que se naturalizou tapajônico.

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Corpoesia.

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