
por Helvécio Santos (*)
Primeiro é o povo não entender que política partidária só interessa aos políticos e a seus apaniguados. Por não entenderem, vivem períodos quadrianuais divididos em torcidas, como se o cotidiano fosse uma partida de futebol.
Passam o tempo torcendo, uns pelo PT e aliados, outros pelo PSDB e idem. Os contrários torcem que o grupo político que está no poder se “ferre” para dizerem que o seu preferido é melhor quando, na verdade, não há melhor nem pior e a situação caótica de nossa cidade está aí para testemunhar.
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O segundo grande mal é que não existe uma postura voltada para o coletivo. Todos portam-se como se a cidade terminasse no próprio umbigo e o “farinha pouca meu pirão primeiro” é a cultura existente, todos “puxando a brasa para sua sardinha”.
Duvidam? Estou exagerando?
Bom, vejam só e me desmintam se não falo a verdade!
Quem tem barco faz questão de atracar perto de sua casa, despejando no rio fezes e óleo queimado, dentre outras sujeiras, não importando se isso vai prejudicar a coletividade. Os que têm carro não se dispõem a andar e estacionam, se possível, ao lado de sua cama, o que explica em parte, carros em cima da calçada ou garagens onde metade dos carros ocupa a calçada. Já os comerciantes, na ânsia de expor a mercadoria, todos, sem exceção, ocupam as calçadas, fazendo destas extensão de suas lojas.
Recentemente, o Blog do Jeso iniciou uma campanha expondo fotografias deste flagrante desrespeito e, os três primeiros “contemplados” foram: uma importadora que ocupa toda a calçada da Galdino com Travessa dos Mártires, uma revenda de automóveis que faz da calçada pátio de exposição dos veículos e uma drogaria que usa o passeio público como estacionamento de seus clientes.
Agora, vejam se não tenho razão ao citar os egoístas e desagregadores ditos populares acima.
O Gazeta de Santarém, edição nº:1179, de 28 de julho de 2012, à página 2, estampa matéria onde “O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), Alberto Oliveira, reuniu empresários, na quarta, dia 25, vítimas de assalto ou tiveram seus estabelecimentos arrombados com servidores responsáveis pela segurança pública do município”, com o objetivo de “buscar uma solução para o crescente número de arrombamentos e assaltos nos estabelecimentos comerciais no centro da cidade”. Entre outros, se faziam presentes representantes do 3º Batalhão de Polícia Militar e da 16ª Seccional da Polícia Civil.
Segundo o jornal, o presidente alegou que o motivo da reunião era porque estava recebendo muitas reclamações dos associados vítimas desse tipo de crime.
Ninguém em sã consciência pode negar, que é uma louvável providência do presidente da entidade em defesa de seus associados.
O que é lamentável é que a cobrança enfática que o presidente faz aos setores competentes buscando a proteção legal a seus pares, não é feita a seus associados no cumprimento das leis, ou o presidente acha que é legal ocupar espaço público? A ocupação das calçadas pelos comerciantes é um transtorno que incomoda a população e salta aos olhos tamanho desrespeito ao coletivo.
Numa interpretação extensiva, o dano causado pelos ladrões que subtraem bens dos lojistas, é o mesmo dano que os lojistas causam à população quando subtraem as calçadas.
O presidente dá o exemplo clássico do “puxar a brasa para debaixo de sua sardinha” e os lojistas, à vista da crescente diminuição dos espaços públicos, do “farinha pouca meu pirão primeiro”.
Desmintam-me se eu estiver errado. Caso contrário, seria uma boa oportunidade do presidente mostrar ao povo que “respeito é bom e eu gosto”, principalmente o respeito de ir e vir do cidadão ou se quiser, para ser mais apropriado, do freguês.
Senhor presidente, isto não é uma afronta! Pelo contrário, com humildade lhe peço, reúna seus pares e intime-os a liberarem as calçadas. Faça esse carinho por nossa cidade. Todos lucraremos.
Quem endossa este pedido comigo?
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* Santareno, é economista e advogado. Mora no Rio de Janeiro e escreve regularmente neste blog.
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Salve-se quem quiser.