A brasa e a sardinha

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Calçadas livres já. Foto: Sávio Carneiro
Calçada em frente à agência do HSBC em Santarém: demarcada para estacionamento. Foto: Sávio Carneiro

por Helvécio Santos (*)

Na minha opinião, Santarém sofre de dois grandes males que são capitais para o entrave de seu desenvolvimento.

Primeiro é o povo não entender que política partidária só interessa aos políticos e a seus apaniguados. Por não entenderem, vivem períodos quadrianuais divididos em torcidas, como se o cotidiano fosse uma partida de futebol.

Passam o tempo torcendo, uns pelo PT e aliados, outros pelo PSDB e idem. Os contrários torcem que o grupo político que está no poder se “ferre” para dizerem que o seu preferido é melhor quando, na verdade, não há melhor nem pior e a situação caótica de nossa cidade está aí para testemunhar.

O segundo grande mal é que não existe uma postura voltada para o coletivo. Todos portam-se como se a cidade terminasse no próprio umbigo e o “farinha pouca meu pirão primeiro” é a cultura existente, todos “puxando a brasa para sua sardinha”.

Duvidam? Estou exagerando?

Bom, vejam só e me desmintam se não falo a verdade!

Quem tem barco faz questão de atracar perto de sua casa, despejando no rio fezes e óleo queimado, dentre outras sujeiras, não importando se isso vai prejudicar a coletividade. Os que têm carro não se dispõem a andar e estacionam, se possível, ao lado de sua cama, o que explica em parte, carros em cima da calçada ou garagens onde metade dos carros ocupa a calçada. Já os comerciantes, na ânsia de expor a mercadoria, todos, sem exceção, ocupam as calçadas, fazendo destas extensão de suas lojas.

Recentemente, o Blog do Jeso iniciou uma campanha expondo fotografias deste flagrante desrespeito e, os três primeiros “contemplados” foram: uma importadora que ocupa toda a calçada da Galdino com Travessa dos Mártires, uma revenda de automóveis que faz da calçada pátio de exposição dos veículos e uma drogaria que usa o passeio público como estacionamento de seus clientes.

Agora, vejam se não tenho razão ao citar os egoístas e desagregadores ditos populares acima.

O Gazeta de Santarém, edição nº:1179, de 28 de julho de 2012, à página 2, estampa matéria onde “O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), Alberto Oliveira, reuniu empresários, na quarta, dia 25, vítimas de assalto ou tiveram seus estabelecimentos arrombados com servidores responsáveis pela segurança pública do município”, com o objetivo de “buscar uma solução para o crescente número de arrombamentos e assaltos nos estabelecimentos comerciais no centro da cidade”. Entre outros, se faziam presentes representantes do 3º Batalhão de Polícia Militar e da 16ª Seccional da Polícia Civil.

Segundo o jornal, o presidente alegou que o motivo da reunião era porque estava recebendo muitas reclamações dos associados vítimas desse tipo de crime.
Ninguém em sã consciência pode negar, que é uma louvável providência do presidente da entidade em defesa de seus associados.

O que é lamentável é que a cobrança enfática que o presidente faz aos setores competentes buscando a proteção legal a seus pares, não é feita a seus associados no cumprimento das leis, ou o presidente acha que é legal ocupar espaço público? A ocupação das calçadas pelos comerciantes é um transtorno que incomoda a população e salta aos olhos tamanho desrespeito ao coletivo.

Numa interpretação extensiva, o dano causado pelos ladrões que subtraem bens dos lojistas, é o mesmo dano que os lojistas causam à população quando subtraem as calçadas.

O presidente dá o exemplo clássico do “puxar a brasa para debaixo de sua sardinha” e os lojistas, à vista da crescente diminuição dos espaços públicos, do “farinha pouca meu pirão primeiro”.

Desmintam-me se eu estiver errado. Caso contrário, seria uma boa oportunidade do presidente mostrar ao povo que “respeito é bom e eu gosto”, principalmente o respeito de ir e vir do cidadão ou se quiser, para ser mais apropriado, do freguês.

Senhor presidente, isto não é uma afronta! Pelo contrário, com humildade lhe peço, reúna seus pares e intime-os a liberarem as calçadas. Faça esse carinho por nossa cidade. Todos lucraremos.

Quem endossa este pedido comigo?

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* Santareno, é economista e advogado. Mora no Rio de Janeiro e escreve regularmente neste blog.

Leia também dele:
Salve-se quem quiser.


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17 Responses to A brasa e a sardinha

  • justo e porque as verbas publicitarias destas empresas$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$,precisas saber mais$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$.

  • Boa Matéria, realmente as calcadas de Santarém estão uma vergonha para quem precisa utiliza-las e principalmente a falta de preucupação de alguns lojistas do centro comercial, que não são todos, com os sus próprios cliente e portadores de necessidades epeciais, quando delas utilizam como expositores de mercadorias. Mas gostaria de fazer uma pergunta. De quem é a responsabilidade de fiscalizar e se fazer cumprir a lei? da ACES ou da PREFEITURA??

    1. Sr.João Oliveira, no fundo, no fundo, é uma questão de civilidade. Povo civilizado não precisa de coerção para cumprir a lei. Independente de a quem cabe a fiscalização que, por óbvio, não é da ACES, o bem viver impõe que “o direito de um vai até onde começa o do outro”. A matéria no jornal Gazeta que cito no “A brasa e a sardinha”, me chamou a atenção pois o mesmo cuidado que o presidente teve em buscar junto às autoridades competentes que os bens de seus associados não fossem mais surrupiados, não é o mesmo cuidado que demonstra quando seus associados surrupiam o direito de ir e vir do povo, como digo, melhor, dos fregueses, ocupando as calçadas. A jornalista Luana Leão endossa essa apreciação quando diz que um “spot rodou por semanas na Rádio”. Ora, em defesa de seus associados o presidente vai às autoridades. Para corrigir um dano coletivo causado pelos associados, coloca mensagens na rádio. Era crível que os associados dessem a mínima? TAPAJOARAMENTE AZUL,

      1. Também a aceitação dessa situação se explica pelo pouco caso que o povo faz da lesão a seu direito. Veja, uma postagem sobre o Grupo Calypso tem mais pessoas interessadas do que uma postagem como esta sobre posturas perante o bem público. Por essas e outras é que Santarém cada vez mais perde qualidade de vida. Há poucos dias saímos em rede nacional sobre uma pesquisa sobre cidades com mais de 300 mil habitantes e que carecem de rede de esgotos. Saimos entre as 10 primeiras, com menos de 2Km, os quais não sei onde estão instalados. Precisamos gritar, eleger governantes comprometidos, sob pena de brevemente Santarém se tornar inviável. TAPAJOARAMENTE AZUL,

  • PORQUE NINGUEM FALA DO TERRENO DA YAMADA DO ANTIGO BARBOSÃO QUE E O MAIOR FOCO DE DENGUE?DA CALÇADA DE UM DONO DE TV NA ADRIANO PIMENTEL DA CALÇADA DA DELTA VEICULO,VIA MARCONI ETEC…ETC…?

    1. Embora o senhor não se identifique, vou repetir o que já disse ao “func.hsbs”. Sou um sonhador que sonha com uma “Cidade DE Gente”, onde o respeito seja algo dogmático e coloco minha pena a serviço deste sonho. Além de sonhador sou um santareno que ama Santarém. É suficiente ou o senhor quer meus títulos? Bom, prezo muito ser Tri Campeão de futebol pelo SÃO FRANCISCO e de frequentar os melhores lugares (a meu critério) santarenos – Nossa Casa, Noca, Bar do Dadá, Garapeira Ypiranga, Bar do Mundico, campo do Papai Agostinho, barraca de peixe do Pé de Bola no Mercadão, Nido do cais – e ser chamado pelo nome. Só isso “ÊSTE” Helvecio já se dá por satisfeito e penso que Deus foi e continua sendo muito bom comigo. Espero ter satisfeito sua curiosidade. TAPAJOARAMENTE AZUL,

  • então…estava eu super correndo p dar um curso lá no hotel Boulevard….(Mendonça Furtado, sei lá q nº)r…rodei e rodei com meu uno p encontrar onde estacionar, poderia estacionar no meio fio, em frente a uma loja de material elétrico…mas…………….. rsrs se estacionasse no meio fio, iria ocupar “duas vagas” da calçada, então, confesso, subi na calçada e fui trabalhar.

    3 horas depois, quando voltei, encontrei um papel A4 no para brisa q dizia assim: ” este ‘estacionamento’ é p os clientes da loja”… what???? q estacionamento??? ok, sei q eu estava erradíssima em estacionar em cima da calçada, mas a loja pensar q a calçada era “estacionamento privado? “..sorte da loja q eu estava super zen no momento, pq a minha vontade foi ir no balcão e pedir a titulação do “terreno” e mais sorte ainda pq eu sabia q EU estava errada também, da próxima vez estaciono no meio fio

    abraços Helvécio

    1. Oi, Born! Retribuo os abraços e, se conseguir me desvencilhar de compromissos profissionais, em novembro poderei curti-los pessoalmente. Espero encontrá-la zen. TAPAJOARAMENTE AZUL,

  • adcione uma errata. Esta fotografia nÃo deve estar na campanha “Calçada Livre”. Este imóvel pertence à família e já tivemos problemas justamente com isso. Todavia, na planta é bem preciso que até mais ou menos a linha que a sombra do poste faz sobre a calçada (onde termina a demarcação dos estacionamentos) é parte do imóvel, portanto, o dono/inquilino pode usufruir da maneira que lhe for mais conveniente.
    A campanha é boa, mas o blog tem que ter mais prudência antes de postar qualquer coisa.

    1. Sr.João Alho, admitindo que a metragem do imóvel tenha o alcance que o senhor informa, para acessar o estacionamento, foi feita uma rampa de acesso para o “conforto” dos carros. É o “puxar a brasa para sua sardinha”. No intuito de oferecder uma vantagem comercial no imóvel, cria um desconforto à população que tem que andar em uma calçada inclinada. Vale o que falo para o “func.hsbc”. Se o senhor é pai, o carrinho do seu filho estará confortável? Se for filho, imagine seus pais, idosos, tendo que se equilibrar no desnível? Se o senhor tiver um parente que necessite de acessibilidade, pense numa muleta ou uma cadeira de rodas nesse desnível. O senhor sabe que nem tudo que é legal é justo.Também o direito de propriedade permite ao “dono/inquilino […] usufruir da maneira que lhe for mais conveniente”, em consonância com o todo, cuidando para não incomodar os outros. A cidade tem que ser feita para todos. À vista do exposto, somente a rampa já é um desrespeito à população. Por findo, fica uma dúvida quando o senhor diz que “o blog tem que ter mais prudência antes de postar qualquer coisa”, se a referência é à foto ou ao texto. A foto foi colocada pelo amigo Jeso, o que agradeço pois acho pertinente. Se a referência é ao texto, agradeço seu alerta e obrigado pela participação no debate. TAPAJOARAMENTE AZUL,

  • Muito coerente a posição do Sr. Helvécio Santos. Devo lembrar, entretanto, que a ACES, através de ordem do próprio presidente – que não apoia esse tipo de postura no comércio – pediu aos lojistas por meio de um de seus canais de comunicação, o Minuto Empresarial (no Rádio), que retirassem seus expositores das calçadas. O texto que foi veiculado considerava o espaço das calçadas, que já é tradicionalmente curto, e ressaltava que os lojistas devem proporcionar aos consumidores a livre circulação.
    O spot rodou por semanas na Rádio, com inserções de segunda a sexta, três vezes ao dia. Tenho convicção de que os que expõem seus produtos na calçada são conhecedores de que essa prática é irregular. Porém, devo concordar que uma nova estratégia deve ser pensada e executada.

    Luana Leão – Assessoria de Comunicação ACES

  • SENHOR CRITICO OS PROPIETARIOS DO IMOVEL RECUARAM PARA QUE TIVESSEM O ESTACIONAMENTO OS CARROS NÃO ESTÃO NA CALÇADAS E SO VERIFICAR QUE O IMOVEL AO LADO ESTA BEM NA FREENTE.SE VOR VER AS MEDIDAS DO TERRENO A PARTE ONDE ESTA OS CARROS E DO PROPIETARIO.

    1. Sr.func.hsbc, a sua defesa mostrou claramente o indefensável, partindo dos dois ditados populares que são a ponte que uso para minha alegação. Pela fotografia mostrada, o Hong Kong and Shangai Bank Corporation (HSBC) comunga e vive com o “farinha pouca meu pirão primeiro” e o senhor, como funcionário do banco, “puxa a brasa para sua sardinha”. Desculpe-me, mas me parece que o senhor padece de um complexo de superioridade comum na maioria dos bancários. Acham que são banqueiros e comportam-se como tal, esquecendo-se que são somente empregados. Como “o tempo é o senhor da razão”, um dia o senhor será demitido e verá que é simplesmente um consumidor, igual àquele consumidor que hoje tem seu caminho atrapalhado pelo HSBC que, no mínomo, faz da calçada passagem dos carros dos clientes. A sua defesa não se sustenta pois além da calçada servir de passagem dos carros, observe que a traseira do carro avança sobre uma linha que delimita a calçada, se verdadeira fosse sua alegaçaão quanto a medida do terreno. Veja também que a calçada foi inclinada para a subida “confortável” dos carros. Assim, se o senhor é pai, pense no perigo que será o carrinho de seu filho naquela inclinação. É confiável e confortável? Se for filho, pense nos seus pais idosos, equilibrando-se naquela inclinação e, por findo, se forem portadores de necessidades especiais, aí nem é bom pensar. Aproveito para lhe informar que não sou CRÍTICO. Querer uma cidade civilizada não é criticar. Na verdade sou um sonhador que sonha com uma “Cidade DE Gente”, onde o respeito seja algo dogmático e coloco minha pena a serviço deste sonho. Além de sonhador sou um santareno que ama Santarém. TAPAJOARAMENTE AZUL,

      1. caro helvecio, primeiramente, poste a foto da tua calçada…. depois a lei que normatiza as calçadas… não ofenda também…

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