por Jorge Wanghon (*)
Foi tão fácil que resolvemos colocar 200 kg para tentar. Faixa no joelho, cinto de proteção e fomos para barra. Ricardo atrás, pronto para me auxiliar caso não conseguisse subir. Concentração, barra na costa, dois passos para trás, pernas bem abertas, olhei para cima e afundei. Subi, puxei fôlego, desci novamente. Subi, desci, subi, desci, subi. Foram 4 repetições com 200 kg!
Mais do que executar o exercício, o prazer de ter realizado o movimento, afundando bem e subindo bem, estando na categoria até 66 kg, no master, é muito gratificante. Ainda queria fazer a quinta repetição, mas meu técnico disse: “Para! Repõe a barra, não te empolga!”.
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Quando falo do agachamento, existe um detalhe que diferencia o exercício de competição do praticado nas academias de musculação, quando não se afunda como um powerlifter que treina para um campeonato. Isto porque no powerlifting, o atleta tem que afundar, senão o movimento é inválido.
Para se ter uma idéia do grau de dificuldade de execução do agachamento de competição, a linha do quadril, no momento em que o atleta desce, tem que ficar abaixo da linha do joelho. Para uma breve avaliação, execute este movimento em casa, agache, coloque uma vassoura nas costas, afaste bem as pernas, mas agache de tal forma que a linha do seu quadril realmente fique abaixo da linha do joelho, isto vai lhe dar uma noção do quanto o atleta tem que despreender em energia e força neste movimento, tendo que levantar cargas acima de 200 kg.
À tarde fui até a Drogamil para pegar suplemento alimentar para o mês de maio. No ônibus parecia que estava em transe, satisfeito com o treino do dia. E é aí que a gente fica avaliando: todo atleta não quer dinheiro, salário para treinar, ele não pensa nisso. Atleta de força quer chegar na academia e tirar uma carga, treinar com um peso que lhe dê mais segurança para continuar avançando.
Ele não vai para uma competição somente atrás de uma medalha, de um troféu ou de um prêmio em dinheiro. Vai para vencer, e sabe que todos que estão lá são campeões, que não vai ser fácil, mas que é possível. Lógico que bolsa atleta, patrocínio, ajuda financeira é bom, porque treinar para competir em esporte de alta performance exige aporte de material de treino, suplementos, dinheiro para passagens aéreas, mas se pudéssemos não nos preocupar com isto tudo, focaríamos apenas no objetivo de melhorar cada vez mais, de tornar-se altamente competitivo.
No meu caso, experimentar o prazer de voltar a ficar em forma e até melhor do que antes, não tem dinheiro que pague.
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* Atleta santareno, campeão nacional em levantamento de peso. Treina para participar em junho do Campeonato Brasileiro de Powerlifting 2011. Até lá, vai escrever rotineiramente aqui neste espaço sobre o seu dia a dia. É patrocinado pelo blog e pela rede de farmácias Droga Mil.
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