por Joaquim Onésimo Ferreira Barbosa (*)
Com ajuda da mídia, Barbosão está se saindo muito bem, até bem mais do que merecia.
Seus pares o consideram rancoroso, meio ditador e, certas vezes, desrespeitoso com os seus de Supremo, como demonstrou ao acusar Lewandowisk de fazer chicana, termo pejorativo, agressivo e desrespeitoso no meio jurídico.
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Como fez com Celso de Mello, ao impedir que proferisse seu voto no julgamento do mensalão, o que deixou o decano ao gosto da mídia, que lhe surrou o quanto pode, na tentativa de fazê-lo mudar de ideia.
Mas, para Barbosa, tanto faz ser agressivo ou não. Tanto faz querer ser mais ou não, o que vale é o poder. O poder que ainda lhe dá os holofotes que relampeiam por onde ele passa. Sua estrela ainda brilha.
Passaram pelo Supremo nomes como Ayres Brito, Ellen Grace e Marco Aurélio Mello. Passaram sem buscar para si as almas brilhantes da mídia.
Almas como Merval Pereira, que se coloca, várias vezes, como o décimo segundo juiz. Almas como Eliane Catanhêde, que não entende nada do Direito, mas teima dar seus pitacos. Almas como Reinaldo Azevedo, que mais grunhe do escreve e vez por outra se estranha com Miriam Leitão, outra alma que teima falar de tudo e de todos.
Barbosa é um conquistador de almas.
Waldomiro, Edir Macedo, RR Soares, Terra Nova, certamente teriam trabalho com Barbosa, se ele tentasse enveredar pelo caminho do pastoreio espiritual.
Mas Barbosa conquista almas que lhe deem holofotes e páginas de afagos. Os presidentes anteriores do STF tiveram passagem marcante, mas pouco badalada. Não pelo fizeram ou deixaram de fazer, mas porque, certamente, tinham como bastão a ética que a Lei maior, a Constituição, determina para aqueles que assumem altos cargos.
Sabiam que não se pode servir a dois senhores: ou serviriam à Justiça, ou se deixariam seduzir pelos manjares da mídia. Preferiram a primeira opção.
Também porque não tinham pretensão política, como alguns magistrados a tem. Não que seja errado demonstrar pretensão política. Não que seja pecado querer galgar outros passos. Mas que os fins não atropelem os meios.
Barbosa preferiu juntar o útil ao agradável e servir aos dois senhores.
Barbosa é eclético. Ele coloca as pernas em dois lugares ao mesmo tempo: tateia a Justiça, com ou sem chicana, e vislumbra a mídia, que lhe presta páginas e páginas, minutos e minutos em seus editoriais e telejornais.
Ou seja, Barbosa, ou o BatBarbosa, é o cara do momento.
Barbosa é o momentcam, aquele app que vicia a quem curte os modismos da internet.
Ele é a Eliana Calmon do momento.
Ela, que mais por planos políticos do que por sede de Justiça, marcou presença no CNJ, disse que na Justiça havia bandidos de toga. Falou…. Falou… e agora quer ser senadora.
Calmon misturou tudo: exercício do Judiciário com fome política. Aí ninguém mais sabe quem é a juíza e quem é a candidata.
Como dizem meus alunos: ficou tudo embolado.
Ninguém se iluda se com Barbosão acontecer o mesmo. Ninguém se decepcione se, passado o mandato do presidente que mereceu da Revista Veja o título de O garoto que mudou o Brasil, ou mesmo antes, o nome do cara da mídia apareça no meio político.
Aliás, Barbosa é um dos nomes que aparecem nas pesquisas de intenção de votos para presidente da República. E ele se sai bem.
Na bubuia do remanso onde nada Marina Silva, Barbosa surfa. Barbosa é o Neymar do STF. Seu bolão está em alta. Barbosa ganhou seu amuleto de sorte.
Delúbio, Dirceu, Genoíno foram as pedras que lhe apareceram no caminho. E quem sabe cabecear bola de ferro goleia com bolas carregadas de domínio do fato. Santo Barbosa, ou BatBarbosão. Almas. Almas.
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* Santareno, é professor e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia. Escreve regularmente neste blog.