Refúgio
Fujo e refujo de mim
E é em ti que eu me escondo,
E quando então me procuro
Eu nunca – jamais – me reencontro…
A estrada é cada vez mais comprida
E revela um horizonte medonho,
E eu que não encontro a saída
Prefiro perder-me em teu sonho!
Escapo-me da vã realidade
E sequestro-me no vão do teu corpo,
Que é a minha mais pura verdade
E agora, o meu último porto…
Navego-te por todos os meios
E nos atalhos de roupas tão frouxas
Deixo-me assim, quase sem freios,
E afogo-me em meio a tuas colchas…
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O vento é o que agora me leva
Nas pás de um velho moinho,
E sinto-me sempre mais leve
Boiando num copo de vinho.
Passado e presente me encontram
Perdido em meus pensamentos
De tantas paixões que desmontam
O interlúdio dos teus sentimentos…
Não quero agora encontrar-me,
Tampouco pretendo perdê-la,
E antes do toque de alarme
Preciso eclipsar minha estrela.
Pois juntos perdidos no escuro
Cabemos num parco hemisfério,
(Deixando o resto fora do muro)
Latíbulo, esse nosso mistério!
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De Jota Ninos, poeta amazônico nascido em Belém e naturalizado tapajônico.
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