Poetas amazônicos. Nosso mistério

Publicado em por em Arte

Refúgio

Fujo e refujo de mim
E é em ti que eu me escondo,
E quando então me procuro
Eu nunca – jamais – me reencontro…

A estrada é cada vez mais comprida
E revela um horizonte medonho,
E eu que não encontro a saída
Prefiro perder-me em teu sonho!

Escapo-me da vã realidade
E sequestro-me no vão do teu corpo,
Que é a minha mais pura verdade
E agora, o meu último porto…

Navego-te por todos os meios
E nos atalhos de roupas tão frouxas
Deixo-me assim, quase sem freios,
E afogo-me em meio a tuas colchas…

O vento é o que agora me leva
Nas pás de um velho moinho,
E sinto-me sempre mais leve
Boiando num copo de vinho.

Passado e presente me encontram
Perdido em meus pensamentos
De tantas paixões que desmontam
O interlúdio dos teus sentimentos…

Não quero agora encontrar-me,
Tampouco pretendo perdê-la,
E antes do toque de alarme
Preciso eclipsar minha estrela.

Pois juntos perdidos no escuro
Cabemos num parco hemisfério,
(Deixando o resto fora do muro)
Latíbulo, esse nosso mistério!

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

De Jota Ninos, poeta amazônico nascido em Belém e naturalizado tapajônico.

Leia também dele:
Aos iluminados campos de poesias.
Versos brutos.
Pousada.
Existência.
Languidez de menina.
Poeta.


Publicado por:

One Response to Poetas amazônicos. Nosso mistério

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *