Terra Santa comprou R$ 4 milhões em remédios; o hospital não tem dipirona e nem escalpe

Jaciara Picanço, secretária de Saúde do município, onde falta até escalpe

Ninguém consegue entender as razões para a falta de medicamentos no hospital municipal Frei Elizeu, em Terra Santa.

Isso porque no final de 2014, a primeira-dama e secretária municipal de Saúde Jaciara Nogueira Picanço foi às compras, e arrematou 3 lotes com quase 300 itens diferentes de remédios, material hospitalar, odontológico, radiológico e laboratorial.

Valor da licitação: exatos R$ 4.039.642,50.

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Com esse volume de recursos, o município estaria com estoque suficiente para suprir as necessidades dos seus quase 18 mil habitantes, sem qualquer transtorno, até o final do mandato do prefeito Marcílio (PSD), em dezembro deste ano.

Mojuí dos Campos, com população equivalente a de Terra Santa, conforme dados do IBGE de 2015, gasta em torno de R$ 450 mil/ano com aquisição de medicamentos e material hospitalar.

No final de semana passado, uma menina de 4 anos foi levada pela tia ao hospital em busca de atendimento médico. As duas presenciaram a situação de penúria em que ali se vive – falta de medicamentos, inclusive dipirona, camas sem lençol, nem um simples escalpe havia para que a enfermeira aplicasse a injeção na paciente.

Na licitação que a secretária Jaciara Picanço fechou em dezembro de 2014, ela comprou 10 mil escalpes (nº 25), e pagou 20 centavos a unidade, conforme contrato assinado com E. de A. Cavalcante, cujo nome de fantasia é Cirúrgica Tapajós, com sede em Santarém.

A empresa embolsou R$ 524.151,00.

Frei Elizeu tem apenas 21 leitos e no município o número de postos de saúde não chega a 20.

Outro lado

A Prefeitura de Terra Santa se negou a prestar qualquer esclarecimento sobre o caso. O blog mantém as portas abertas para qualquer manifestação do município a respeito desse assunto.