Apesar de não ser o lugar onde o Sairé nasceu, o distrito de Alter do Chão, em Santarém (PA), é atualmente o único lugar onde o evento ainda acontece, possuindo uma geografia que faz dele um ambiente muito especial para que essa festa aconteça, mantendo a tradição de várias gerações.
A Festa do Sairé deste ano acontecerá de 18 a 22 de setembro, em Alter do Chão. Será a 52ª celebração do evento profano-religioso de relevância nacional.
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- Igreja católica: A proibição do Sairé e o seu renascimento em Alter do Chão em 1973.
O lago Verde é rodeado por vegetações e praias. Uma dessas praias – a Ilha do Amor – tem um formato tão peculiar que acabou se tornando o preferido de muitas pessoas que desejam conhecer, passear e desfrutá-lo, especialmente no verão e nos poéticos períodos de travessias nas catraias.
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As simbologias de Alter do Chão são encontradas nas esquinas, nos muros, dentro e fora das residências, dos comércios, nos ambientes e instrumentos de trabalho, nos acessórios usados pelos moradores e visitantes e tantos outros lugares e pessoas.
É a magia de um lugar pequeno, mas de história vasta, imensa, fazendo com que não seja simplesmente uma vila, mas um verdadeiro santuário cultural no coração da Amazônia, onde a história se esconde e floresce a cada desejo das pessoas em querer descobri-la ou revê-la.
300 anos da chegada da imagem da padroeira de Alter do Chão
A primeira menção do lugar onde hoje é Alter do Chão foi datada por volta de 1682, quando um padre jesuíta, chamado Antônio Pereira, havia chegado à missão Tapajós, na atual cidade de Santarém, quando na época tinha apenas 21 anos de fundação.
A imagem de Nossa Senhora da Saúde teria chegado a esse lugar no dia 2 de fevereiro de 1725, ou seja, há exatos 300 anos, como doação dos missionários de Portugal. A história da imagem remonta a Idade Média, na época da temida peste negra. Relatos afirmam que as orações numa procissão por Nossa Senhora teriam diminuído a doença em Portugal, o que fizeram que ela fosse batizada como Nossa Senhora da Saúde.
No dia 2 de fevereiro, inclusive, é festejada pela igreja católica a festa da Purificação de Nossa Senhora. Possivelmente foi por conta dessa data de fundação que, após a chegada da imagem, veio a nomeação, por pouco tempo, à imagem como Nossa Senhora da Purificação
Os nativos daquela região, os indígenas Borari, foram descidos, ou seja, deslocados de suas terras nativas para a missão Tapajós, área controlada pelos colonizadores, por duas vezes. A segunda vez aconteceu em 1729, sob a liderança do jesuíta Sebastião Fosco.
Já no dia 6 de março de 1758, a missão dos Boraris foi extinta e criada a vila de Alter do Chão, ocasião em que a paróquia da vila também foi criada, mudando também o nome da padroeira para Nossa Senhora da Saúde.
Origem do nome “Alter do Chão”
A prática comum de mudança do nome nativo (ou “selvagem”) “Borari” para o nome português (ou “civilizado”) “Alter do Chão” foi feita por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que na época foi governador-geral do Grão-Pará e Maranhão e elevou muitas missões à vila, inclusive Santarém. O nome “Alter do Chão” veio de um município de Portugal.
Há muitas explicações da etimologia do nome: afinal, como surgiu e o que significa o nome “Alter do Chão”? Houve muitos relatos incorretos em Santarém de que “Alter” tivesse surgido das palavras “altar” ou “alto”. Contudo, os próprios portugueses explicam que o nome foi evoluindo conforme o tempo, mas muito antes da vila santarena existir.
Séculos atrás, em Portugal, o nome teria vindo de origem indo-europeia, sendo escrito primeiramente como “Abelterivm”, mudando para “Abelteriu”, depois para “Aelteriu” e, entre os séculos VIII e XII, evoluindo para “Alteiru” e, por fim, “Alter”.
O nome como se conhece, “Alter do Chão”, é atribuído ao rei D. Afonso III de Portugal, que no ano de 1249 assim batizaria a vila portuguesa que já existia desde 1232. O termo “Chão”, que complementaria o nome, teria sido inspirado de outra localidade portuguesa, denominada “Alter Pedroso”.
Enquanto Alter Pedroso fica localizado num lugar alto e cheio de pedras, Alter do Chão (de Portugal) fica num ambiente chã, ou no chão ou num terreno plano ou sem elevação. Assim foi denominada a vila portuguesa. E esse nome, mais de 500 anos depois, batizaria a vila santarena.
Lugar paradisíaco e com potencial turístico
Cheio de praias, como a praia da Gurita (popular praia do Cajueiro) e a ilha do Amor, possui densa vegetação, destacada pela serra da Piraoca (ou Piroca), além de prédios históricos, como a igreja matriz de Nossa Senhora da Saúde.
Um destaque mundial foi para a classificação do jornal inglês The Guardian, que anunciou Alter do Chão como a praia de água doce mais bonita do Brasil, em 2009. Entre os muitos apelidos à localidade, está o mais famoso, chamado de “caribe brasileiro”.
Além da Festa do Sairé, a vila é repleta de muitos eventos que atraem grande público, como o Carnaval, a Festival Borari, o Réveillon, entre outros. Um lugar que possui várias opções ao longo do ano, sem nunca deixar de contemplar e se encantar com a sua natureza ímpar.
Fonte:
- Alter do Chão e Sairé: Contribuição para a história (livro do padre Sidney Augusto Canto, de 2014| 1ª edição – Editora e gráfica Tiagão);
- Festa do Çairé de Alter do Chão (Luciana Gonçalves de Carvalho – Universidade Federal do Oeste do Pará: Ufopa | 2016);
- https://cm-alter-chao.pt/blog/conhecer/historia/, acessado em 18 de agosto de 2025;
- O Berço do Çairé (livro de Edilberto Ferreira, publicado em 2008).
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