Jeso Carneiro

52 anos após Elmano Melo, Santarém pode voltar a ser comandada por militar

52 anos após Elmano Melo, Santarém pode voltar a ser comandada por militar
Mardock, Tomásio e Elmano Melo: linhagem militar

Santarém (PA) pode voltar a ser comandada por um militar, a partir de janeiro de 2021 — 52 anos após o cargo de prefeito ser ocupado por um capitão, escalado como interventor pela ditadura militar após o município ser incluído em “área de segurança nacional”.

Desta vez, diferente do ex-prefeito Elmano de Moura Melo, os oficiais aposentados da PM Anderson Mardock e Héldson Tomásio podem dirigir o Palácio Jarbas Passarinho (outro militar) pelo voto direto da população.

 

Os dois são pré-candidatos a prefeito pelo PSL e Patriota, respectivamente. Como Elmano Melo em 1969, Mardock e Tomásio são estreante na política. E tentam tirar proveito da onda conversadora, anti-PT e de direita que inundou o país em 2018 com a eleição de Bolsonaro.

Residente em Belém, o capitão Elmano de Moura Melo foi o primeiro prefeito interventor de Santarém, numa linhagem de ocupantes do cargo sem o respaldo das urnas.

E que teve como sucessores Everaldo Martins, Osvaldo Aliverti, Paulo Imbiriba Lisboa, Antônio Guerreiro Guimarães, Ronan Liberal e, por fim, Adelerme Cavalcante.


Elmano Melo (microfone) em evento artístico realizado em Santarém. Foto: Ércio Bemerguy/álbum familiar

Essa era de interventores começou no dia 21 de setembro de 1969, quando o então governo militar, através do Decreto-Lei 866, incluiu Santarém como “Área de Segurança Nacional” (ASN).

As cidades relacionadas nessa lista passaram a ser regidas pela “Doutrina de Segurança Nacional”, em que os princípios constitucionais e a legislação civil foram ignorados.

 

Um dos causadores da inclusão de Santarém como “ASN” foi a vitória, em 1966, do candidato do MDB Elias Ribeiro Pinto sobre o da Arena, Ubaldo Corrêa, nas eleições para prefeito.

Em 1985, o decreto lei que oficializou a intervenção foi revogado. Em novembro de 1985 foi realizada novamente eleição para prefeito, sangrando-se vencedor o então deputado federal Ronaldo Campos.

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