Socialismo sem dogmas

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Contra ponto do leitor Ib Tapajós ao post PSOL, doações e empresas:

Luciana Genro recebeu dinheiro da GERDAU para sua campanha à Prefeitura de Porto Alegre em 2008. Mas não foi a única: todos os partidos com representação no legislativo do RS receberam doação da referida empresa.

Porém, isso não fez Luciana e o PSOL serem menos socialistas e muito menos representou uma “traição de classe”, como querem alguns grupos sectários da esquerda brasileira.

A grande questão é a seguinte: a conjuntura política nacional, após a virada à direita de Lula e o PT, é extremamente desfavorável aos partidos da esquerda, de modo que estes precisam vencer o desafio de evitar o isolamento político. E as eleições são um momento fundamental para superar esse isolamento.

O problema é que o sistema eleitoral brasileiro é bastante complicado no que tange ao financiamento das candidaturas. Enquanto não instituirmos o financiamento público integral das campanhas eleitorais, as elites políticas e econômicas sempre estarão anos luz à frente das candidaturas alternativas.

Isso é sentido na pele pelo PSOL, que possui em todo o país lideranças sérias e capacitadas, com potencial de disputar os espaços de poder da nossa capenga democracia. Porém, quase sempre, essas lideranças não conseguem espaço e recursos suficientes para apresentar seu programa à população – vide o caso de Plínio Arruda Sampaio, candidato à Presidência este ano, um dos quadros mais preparados da esquerda brasileira, que sofre um boicote orquestrado da grande mídia.

Assim temos diante de nós um dilema: manter a “coerência” doutrinária do socialismo (leia-se dogmatismo) ou aproveitar as oportunidades e contradições do sistema para dinamizar e ampliar a luta socialista, inclusive nas eleições, desde que se pautando pela ética e pela independência político-programática.

Diante disso, é forçoso concluir que o socialismo não pode ser construído com base em dogmas, mas sim a partir das lutas diárias nos sindicatos, nos movimentos sociais e, também, nas eleições. É a isso que o PSOL se propõe.


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