por Álvaro Cunha (*)
Em Santarém, nunca há hoje; só ontem e amanhã. Por isso, eu pergunto: depois de amanhã, sexta-feira, será amanhã ou será ontem?
Esse paradoxo quase — quase porque é real — de ficção científica faz o cérebro de qualquer um se contorcer para responder questões claras, óbvias, mas que não saem da escuridão, da falta de iluminação.
Aliás, por falar em iluminação, alguns bairros da Pérola precisam de mais centros espíritas, pois sofrem com a falta de luz! Não pode ser que a iluminação pública ainda seja o motivo de reclamações dos moradores nos bairros do caribe amazônico. Da periferia ao centro, a quantidade de lâmpadas apagadas é de dar inveja em lugares devastados pelo caos, pela guerra. Algo como a Síria, por exemplo.
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Vai aqui um prognóstico extemporâneo — do jeito que a situação anda preta em Santarém, não demorará muito para o prefeito criar a Secretaria da Felicidade; como fez Nicolás Maduro, na Venezuela, ao decretar que as lojas poderiam ser invadidas pela população.
Sem bronca nenhuma. “No hay problema. Todo tranquilo, hermanos”. [Hahaha!]
Será que Santarém é uma cidade civilizada? Perguntou-me um respeitado padre, ano passado, aí na orla. Ela comentava que os desérticos países esmagados por séculos de atraso e superstições são muito mais prósperos e desenvolvidos que essa “cidadezinha assombrosa e lúgubre”. Fiquei de cara comprida, reflexivo e reticente.
Os eternos pessimistas e reacionários enlouquecem para opinar sobre o sigilo confessional. A questão é, por que a turma da batina não entra em cena e clama junto com a população pela melhoria da infraestrutura que não há na cidade?
O bispo da diocese santarena poderia levar uma ideia com o prefeito e o líder da Câmara, ou seja, a igreja estaria intercedendo pelos pedidos do povão e deixaria um pouco a clausura em que vive. Poderiam sofrer um pouquinho das chagas que os fiéis sofrem.
Deveriam segurar o remo da canoa e largar aquele climão babaca de padres que rogam a paz dos céus como um pombo sem forças. Passou da hora de esquecerem aqueles projetos caretas e eremitas a que se agarram como colete salva-vidas.
Em vez de comerem pipoca, tomarem cachaça e assistirem à TV dentro de conventos e casas de formação, deveriam [os sacerdotes] trabalhar pela cidade cujo povo passa fome literalmente ao lado das paróquias.
Dada a imensa força político-ideológica de que a igreja goza para além da Cúria, poderíamos ver — como São Tomé — os ungidos de Francisco realizarem algum milagre na presença dos políticos cobras-criadas que temos numa cidade onde impera o gáudio oportunismo mocorongo.
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* Santareno, é pós-doutor em etno-antropo-linguística. Reside atualmente em São Paulo. Escreve regularmente neste blog.
Deselegante…
…a situação anda preta em Santarem…
…precisam de mais centros espiritas, pois sofrem por falta de luz!
Mais um texto para lá de superficial, do Álvaro Cunha…Pelo CV deste, esperava algo mais elaborado.
Escuridão
Iluminação
Caos
Centro espírita x iluminação
Padres
Trabalhar
?
Concordo com vc. O texto do caro autor está bem distante da realidade de muitos padres e religiosos compromissados com a causa social. Muitos dos movimentos foram criados com ajuda desses religiosos. A grande área do santarenzinho, na sua criação, recebeu grande ajuda de um padre dito pseudo ambientalista, por muitos.
Que me desculpe o autor. Mas esse texto parece queixas de seminarista recém convidado a deixar a casa de formação
Acho que você conhece pouco sobre os trabalhos da Igreja Católica. Então por isso não o julgo pelo seu texto “pobrinho”. Bom, mas quero dizer que não se entende o que a sociedade quer. Se um padre se mete em questões essenciais como a que você citou vem logo um batalhão dizendo que não é assim, que padre não deve fazer isso ou aquilo e que lugar de padre é na igreja etc etc. Ah… e nem pense em chamar um pastor, lembro de um falar uma vez que devemos nos conformar com o que tá aí e nem entrar em associação.
Essa realidade não pode ser estendida a todo clero. Tem muito padre que transforma em ação comunitária a homilia do domingo. Já outros, preferem a vida cômoda religiosa, embora muitas vezes sejam infelizes
A igreja católica permanecerá silente, suas crias mal criadas estão no poder fazendo tudo o que condenavam. E pelo amor de deus não chamem os evangélicos pra ajudar. O Estado é laico, ou seria louco?