
Passei a virada de 2023 para 2024 com a família em Alter-do-Chão. Sempre achei Alter encantado não somente pela sua natureza, mas, também, pelo caldeirão de cultura e espiritualidade que nos envolve quando lá estamos.
A programação da virada não foi excelente, mas foi boa. Boa porque teve bastante música regional, mas faltou aquela pitada de energia, agitação e entusiasmo que se espera por parte dos artistas num momento como este.
Também foram prestigiadas as músicas sertanejas e pops que estão mais em evidência na atualidade, assim como músicas baianas, o que é bom para valorizar a diversidade cultural que lá se encontrava, com pessoas de várias partes do Brasil e do mundo.
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Contudo, algo quase, digamos, estraga a confraternização: a entrada em cena de uma banda de “piseiro” uma hora antes da virada. Primeiro, pelas músicas com letras explicitamente pornográficas que desgostaram grande parte do público que lá estava. Claramente, as pessoas, que estavam dançando e se divertindo antes desta banda, estacionaram e, muitas, sentiram repugnância pelo teor das letras.
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É evidente que precisamos valorizar a diversidade, mas, naquele contexto, havia centenas de famílias com crianças, adolescentes e pais, claramente, constrangidos em ouvir e saber que seus filhos estavam ouvindo aquelas pornomúsicas. Tais músicas são mais adequadas para outros contextos.
Felizmente, o bom-senso levou os programadores a tirar a banda de “piseiro” no minuto decisivo da passagem de ano e colocaram, no som mecânico, a super balada Sweet child o’ mine, da banda Guns N’ Roses.
Fica a dica para a prefeitura não cometer mais este deslize: a hora final é aquela em que o público espera mais agitação, mais energia, mais empolgação, mais dinâmica para passar de um ano a outro transbordando alegria, felicidade e esperança.
Alter recebe gente de toda parte do mundo, a humanidade ali está representada. Façam ser inesquecível!
Metamorfose
O Bar Mascote sempre foi minha maior referência de boemia em Santarém. Frequento-o desde minha juventude, quando ainda era um estudante universitário quase sem dinheiro. O bar sempre foi, para mim, sinônimo de boa comida, boa bebida, boa música e bom atendimento.
Na minha juventude, o Mascote era local da elite política, econômica e artística santarena. Porém, teve de mudar, adaptar-se aos novos tempos, de uma Santarém mais cosmopolita, diversificada e repleta de várias e ótimas opções boêmias.
Por isso, assumiu um aspecto mais pop, típico dos novos ricos e da nova classe média que migrou para a cidade a partir do sul e centro-oeste do Brasil, com suas músicas sertanejas e seus piseiros, ao mesmo tempo em que buscou manter a ligação com a música regional, do brega ao carimbó. Isso é bom porque também ajuda a renovar e rejuvenescer nosso espírito.
Porém, o bar está passando por um sério problema de gestão em duas frentes: na capacidade e na qualidade do atendimento que oferece aos clientes.
Na capacidade, porque não possui atendentes suficiente para atender o público que continua a encher o local, o que desanima, desagrada os clientes como um todo, que esperam se deparar com um ambiente de excelência.
Na qualidade, porque, principalmente, o gerente dos garçons é uma pessoa absolutamente incapaz de lidar com o público: ignora plenamente o chamado dos clientes, passa para cima e para baixo como se estivesse em meio a uma multidão de pedintes, de modo que o vi até quase derrubar um cliente que tentou lhe abordar em sua passagem. Faz isso com a estupidez típica de uma pessoa boçal e todos os clientes observam este comportamento.
Considero o Bar Mascote uma instituição santarena. Já o indiquei para dezenas de amigos que viajam para a nossa cidade. Vou continuar a frequentar o local sempre que lá estiver. Entendo que ele teve de se reinventar para sobreviver. Porém, pode não sobreviver à péssima qualidade do atendimento que hoje lá impera.
Santarém é uma cidade turística e os estabelecimentos boêmios precisam primar pela excelência em tudo, principalmente no atendimento aos clientes.

Válber Pires
É professor universitário, doutor em Sociologia, com pós-doutorado em Socioeconomia e Sustentabilidade. Escreve regularmente no JC. Ele pode ser encontrado no
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Há anos fui sócio proprietário de um complexo noturno em Belém, eleita a melhor casa por 15 anos. O forte de nossa casa era o cliente, o atendimento tem que ser vip o resto vem depois
Esse é o famoso custódio, começa com c* e termina com ódio