Foto: Apolônio Fona/Arquivo: Sidney Canto

Sala do Tribunal do Júri, no hoje Museu João Fona, na avenida Adriano Pimentel, em Santarém. Foto tirada por Apolônio Fona na década de 1930
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Caro Jeso,
Com problemas no meu PC, só hoje consegui ver a linda foto do Apolônio Fonna mostrando o Salão do Tribunal do Juri de Santarém no antigo palacete da Prefeitura hoje Museu João Fonna.
Reparei, inclusive, na foto, ao fundo: o quadro “A Justiça”, do João Fonna, irmão do Apolônio.
Quando cheguei a Santarém em 1977para assumir a 1ª Promotoria de Justiça, procurei insistentemente por esse quadro. Fui descobrí-lo, junto com outras pinturas, inclusive o retrato do Barão de Santarém, no porão da Câmara (onde hoje voltou a ser o Theatro Vitória).
Pedi licença ao presidente do Legislativo, Paulo Roberto Mattos, e levei esses dois quadros para outro irmão do Apolónio, o Pedro Fonna, também conhecido como Pedro Camargo, o exímio artista das cuias pintadas, para restaurá-los.
Pedro, honestamente, disse-me que faria apenas a limpeza dos quadros e a restauração das molduras, mas não tocaria na pintura original, pois isso seria “um sacrilégio”.
Feito o trabalho, entreguei o retrato do Barão à Casa da Cultura “João Santos” e levei o quadro “A Justiça” para o gabinete da 1ª Promotoria de Justiça no Forum Ernesto Chaves.
Quando havia sesões do Tribunal do Juri, o quadro era levado para lá durante todo o período dos julgamentos e depois voltava ao gabinete do 1º Promotor. Tenho fotos de minha atuação no Juri de Santarém, com o quadro do João Fonna ao fundo. E eu nem conhecia a bela foto do Apolônio, em boa hora resgatada pelo Padre Sidney.
Quando saí de Santarém em 1987, fui tentado a trazer para Belém comigo o quadro do João Fonna, pois sou casado com uma sobrinha-neta dele. A honestidade e a responsabilidade, contudo, falaram mais alto, e entreguei o quadro, mediante ofício, à casa da Cultura João Santos, pois o quadro pertence de fato à comunidade santarena.
De lá, foi levado para o atual Museu João Fonna, onde sofreu uma bárbara “intervenção”, ocasião em pintaram o rosto da Justiça com a imagem de uma ex-prefeita santarena. A família, obviamente, chiou, tendo o apoio de muitos intelectuais, e o quadro foi repintado outra vez, para mostrar uma Justiça anônima e vendada, como era no original. Esse verdadeiro crime contra o patrimônio cultural santareno, porém, não podia ter acontecido.
Agora, vendo a foto do Apolônio Fonna, vêm-me à mente que a pesquisadora Ligia Simonian, da UFPA, tem um magnífico livro sobre Apolônio, “o pioneiro da fotografia em Santarém”, ricamente documentado. Pelo que eu sei, o livro está prontinho da silva, com a editoração eletrônica concluída há uns dois ou três anos, mas a pesquisadora luta bravamente com a falta de patrocínio oficial para editá-lo.
Sei que a atual gestão municipal não se interessou em bancar a essa obra. É lamentável pagar uma fábula para cantores de outros estados virem “abrilhantar” o Sairé, embora sem nada terem a ver com o Sairé, e a Pefeitura não tomar a si a responsabilidade pela edição de uma obra como essa que tem tudo a ver com o resgate da história e da cultura mocorongas.
Não lanço a pergunta à minha amiga Maria do Carmo, que já está deixando o cargo daqui a pouco mais de dois meses, mas lanço-a ao prefeito eleito Alexandre Wanghon: por que a Prefeitura não arca com a edição do livro da Professora Ligia sobre o Apolônio Fonna?
Presidindo a sessão, ao fundo, o Excelentíssimo Juiz Dr. Climério Machado De Mendonça.
Deveria ter uma galeria com as fotos de Apolônio Fona, para a população conhecê-lo.