São Francisco Futebol Clube, o scratch azulino

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por Jackson Fernando Rêgo Matos (*)

São Francisco Futebol Clube, o scratch azulino, de Jackson RegoRessurgindo das vicissitudes da vida esportiva, o Esquadrão de Aço, o Mais Querido, o Demolidor de Scratch, o Leão Azul Santareno é o campeão da Taça do Pará, vencendo por 3 a 0 o Cametá, e disputará a Taça Açaí do Parazão, dia 7 de maio contra o Paysandu, em Belém.

Mas afinal, que clube é esse que reflete triunfos e derrotas, ascensão e decadência? Que impressiona na sua duradoura e atribulada sobrevivência?

Busco aqui entender o espírito indomável dos que se congregam sob o manto azul da bandeira azulina, daqueles que são chamados de “franciscanos”, que, com tenaz perseverança e audácia, conseguem derrubar barreiras formidáveis e plainar caminhos ásperos através dos tempos, mantendo a existência do time em jornadas que tomam a forma de uma verdadeira epopéia amazônica.

Para responder, apoio-me no livro de João Santos, nas histórias ouvidas, na memória e no amor de ter o coração e o sangue azul dos que torcem e amam o Leão do Tapajós.

E é neste livro, História do São Francisco Futebol Clube, que o autor dá a pista exata, com a precisão de significância de uma pesquisa científica que não permite erros na resposta da pergunta: Torcida é povo vibrando e o S. Francisco é povo jogando!

Entre os abnegados dirigentes, jogadores, torcedores e simpatizantes, ou torcedores circunstanciais, como vimos domingo, 24, sãoraimundinos, mesmo com seu coração alvi-negro, torcendo pelo S. Francisco, observando algo comum: o São Francisco, o São Raimundo e agora o revivido Tapajós Futebol Clube.

Os três clubes também trazem um longo período de existência e muitos altos e baixos, representam um contexto que muito mais que esportivo, ditam uma perspectiva social, econômica e política, pois também representam o ideal de libertação de um povo, a independência de um território, a criação de um novo estado federativo da República do Brasil, o Estado do Tapajós.

Vimos isto na hora do Hino Nacional, na educação de comportamento durante a partida e nos aplausos de pé, de todo o Colosso na hora da volta olímpica com a taça de campeão.

E é na frase que encerra o livro que encontramos o motivo e a assertiva que exemplifica o transpassar de tantas dificuldades, vislumbrando a chegada da glória após tantos embates.

Sem desconsiderar os fracassos, como a perda indecorosa da sede da Rui Barbosa com a Turiano Meira e a humilhante inexistência do time por 11 longos anos, vamos nos ater aqui aos memoráveis feitos.

Entre eles, a persistência de ex-atletas, que mesmo embaixo de uma velha árvore, continuaram acreditando na volta do Leão e trouxeram o retorno do time que despontou no inicio deste milênio, com craques como o goleiro Jader, o zagueiro Perema, o atacante Ricardinho e tantos outros que bem representam os outros tantos jogadores como Zizinho, Figueroa, Laercio, Barriga, Dorivan, Bigurrilho e muitos outros brilhos de luz que incendiavam a torcida no Elinaldo Barbosa.

Pedindo perdão aos demais por não caber citar todos aqui, cito estes para homenagear a todos que construiram o amor de uma nação azul.

Mas é a memória, a história, a garra, a superação e o dinamismo da equipe que comove. É na coletividade da equipe que se vê um espírito: a vontade de coletiva de tornar gloriosa uma região e mostra sua verdadeira identidade.

A equipe azulina conquistou respeito por onde andou, fez-se grande sendo a história em vários ramos da vida. Na poesia, a família de Feliselo Sussuarana, na música a dos Fonsecas, na política a de Silvério Siroteau e a família de meu avô João Otaviano Matos, que, sem deixar de citar José Maria, Ubaldo, Paulo Roberto e todos sem exceção, torcem pelo Leão e sabem que a história deste clube passa pela história da construção da raiz da cidade de Santarém, representado em espaços públicos como as torres da igreja Matriz, do Cristo Rei, do asilo São Vicente de Paula e agora do tão sonhado e belo estádio do Colosso do Tapajós, sem nomenclaturas, é claro.

Só para lembrar, João Otaviano que comandou a embaixada azulina à Manaus, se vivo ainda fosse, completaria 100 anos, no dia 24 de junho deste ano e este título certamente é um grande presente tão sonhado.

João Otaviano de Matos, SFOtaviano Matos comandando reunião do S. Francisco. Foto – arquivo pessoal

Nos gramados, é que o S. Francisco mostra seu indomável espírito de luta e resistência. Dentre os muitos jogadores que foram motivos de alegria, um velho esteio, grande lutador, homem que foi atleta jogando em várias posições, uma lenda de muitas façanhas e um nome que se tornou uma legenda de glórias para a família franciscana, jamais pode ser esquecido: Edino Cardoso – o Seu Balão.

Jogador de honra e glória de partidas inesquecíveis, pai do ex-jogador Bosco da Tuna Luso Brasileira, irmão do jogador Cardosinho, convivi quando criança com este cidadão, que cotidianamente frequentava a Farmácia do Povo, na Lameira Bittencourt, e que, juntamente com Verde, Aluisio e meu pai, Fernando Matos, faziam um verdadeiro Senadinho e discutiam todos os assuntos da vida, sendo consenso entre eles o “Scratch Azulino”.

Ficava vidrado nas histórias que nas segundas-feiras eram comentadas, fazendo narrativas impressionantes de todos os lances de partidas de futebol, tanto local, como nacional e internacional.

Pude presenciar ao vivo e a cores muitas das histórias deste homem que era chamado pelo seu Hecio Amaral, de um grande anarquista universal, e era mesmo.

Rápido no raciocínio, na inteligência e nas palavras, Balão demonstrava uma coragem inabalável. Dentre os feitos, estão o jogo contra o América, estreante em 1952, que vencia o S. Francisco ainda no primeiro tempo por 3 a 0. Balão, mesmo já tendo aposentado a chuteira, é lembrado pelos dirigentes no intervalo, estando este vendo o jogo da torcida com seu terno branco impecável.

Consultado se ainda jogaria, manda buscar sua chuteira e com sua versatilidade e elegância no campo, comanda uma sensacional virada, sendo apontando no final o espetacular resultado de 4 a 3 para o S. Francisco. Ainda tinha aquela lá do dia 7 de setembro em Óbidos, o gol contra feito por este no Rai-Fran etc.

Outro grande, foi Miranda, o Beleza Preta, com o qual Santarém viu o S. Francisco vencer o Remo e o Paysandu, sendo último com todo um arsenal de vitórias Brasil a fora, humilhado pelo placar de 5 a 1, com direito à música e carreata pelas ruas da cidade que adentrou madrugada a dentro, com as comemorações acabando no Bar Mascote, ao som de muita música e regado a muitas cervejas e boa cachaça.

E a torcida hoje, quem são? O que fazem? O que sabem e como veem o S. Francisco em 2016?

Como diz o hino do clube, os Valentes de Guerra “somos nós”, os outros, os da periferia, os do interior, os que montam cavalo baio, que dançam à sombra da castanheira, que passam na frente da sede e sabem que fomos roubados, que choraram na perda do plebiscito em 2011, que frequentam o samba do Seu Zé Alfredo, no bar da Glória em Alter do Chão, que reza para o São Sairé, que pedimos ao São Francisco de Assis, de Paula, de Canindé, ao São Jorge, ao São Raimundo, que proclamamos à Virgem Maria neste instante de grande emoção, que vibramos com um amor a mais, quando vê a charanga comandada pelo Neca entrar na geral.

Tanto na cobrança dos pênaltis contra o Independente como durante a partida em que papamos o Mapará, ou nos Rai-Fran, somos sempre uma só nação e um só grito na busca de sermos sempre campeão.

São Francisco Futebol Clube, o scratch azulinoSão Francisco, campeão da Taça Estado do Pará 2016. Foto – Tamara Saré/Blog do Jeso

A resposta da minha busca foi dada. O S. Francisco é um símbolo vivo da cultura amazônica. Um patrimônio material e imaterial do povo que precisa ser respeitado, pois dentro das adversidades demonstra a dignidade de quem sabe se respeitar e nunca se desespera, joga futebol num ritmo de música amazônica.

Boa sorte, Leão, que sua vitória seja o grande presente do Dia das Mães.

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* Santareno e azulino, é professor da Ufopa.


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6 Responses to São Francisco Futebol Clube, o scratch azulino

  • Ei Adriano sofredor ( sofredor + torcedor) dessa imundície !!! vai te catar !!! sou bom pai bom filho bom marido reconhecidamente bom profissional e deus me deu a graça por torcer por um time que só me dá alegria !!! e basta vocês da várzea ganharem um titulozinho de merda pra se acharem !!! vai enxugar gelo ou sentar no pudim que é mole !!! quando o poderoso internacional aplicar mais uma sova na cadelinha de peruca eu volto te atazanar !!!!

  • PREITO AO SÃO FRANCISCO FUTEBOL CLUBE DE SANTARÉM
    (hino-marcha)
    Letra e música: Vicente Fonseca (Santarém-PA, 13.11.1973)

    I
    Camisa azul,
    Nossa paixão.
    Em cada jogo uma vitória,
    Salve o grande Clube,
    Sete vezes campeão!
    Vence sempre a garra do “Leão”.

    De Santarém
    É o maior.
    A cor do Tapajós
    O São Francisco há de honrar,
    Seja na glória,
    Seja no azar,
    Pois nunca faltará o ardor!

    II
    Inflama a torcida vibrante
    Que acena a bandeira, e eu sou
    Fanático porque festejo,
    Cantando alegremente a cada gol:

    São Francisco, São Francisco!
    És o glorioso sem par.

    São Francisco, São Francisco!
    És o glorioso sem par.

    Ouça a música (execução simulada por computador):

    https://soundcloud.com/vicente-malheiros-da-fonseca/preito-ao-s-o-francisco-1

  • Que esse período sabático não volte. A pior consequência foi ter se tornado um time sem sede social, sem patrimônio e sem identidade. Sabe lá Deus quando a nova sede ficará ponta, além de estar situada onde Judas perdeu as botas e depois de onde o vento faz a curva.

  • Vamos deixar prá lá esse enjoativo blá blá blá!!! essa leozinha de peruca genérica de várzea um time biônico medíocre do tipo vagalume !!!! não tem time torcida nem técnico nem estádio ou sede social ( devem se reunir em alguma barraca de venda de acari assado no mercadão 2000) . Estamos como bons ateus aguardando esse timinho de padre de sacristia para aplicar mais uma impiedosa sova daqielas de 9 a zero que demos tempos atrás !!!

    1. Jorge, ao lê seu post, fico imaginando como você é (ou será) como pai, como filho, como irmão. Deve ser um insuportável. Quanta idiotice.

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