
por Válber Pires (*)
Está sendo montado o modelo de “Populismo Bolsonarista”. A discussão sobre quem está com a razão, liberais ou desenvolvimentistas, depende do contexto histórico e não de fórmulas matemáticas ou ideológicas.

Quando um país entra num ciclo de grande prosperidade, com todos os seus fatores de produção sendo plena ou quase plenamente utilizados, é requerido adotar medidas liberais de austeridade econômica – redução de investimentos públicos, elevação de impostos, valorização cambial e aumento de juros – para frear o consumo, a produção e evitar inflação que pode corroer o valor dos salários, da moeda e estourar as contas públicas.
Inversamente, quando a economia está com elevada “capacidade ociosa” -elevada parcela dos fatores de produção parada -, isto é, em recessão ou depressão, como é o caso atual da economia brasileira, a única fórmula para sair do ciclo recessivo/depressivo é adotar medidas desenvolvimentistas inversas: elevar gastos públicos, reduzir juros, impostos e desvalorizar a moeda.
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A fórmula que está sendo montada por Bolsonaro para enfrentar a depressão econômica, resgatar sua popularidade e se manter viável para 2022 deve mesclar os dois componentes: elevação dos gastos públicos na área social e econômica, corte para os andares de cima e elevação de impostos para os andares de baixo da população, privatização em massa de empresas públicas, redução dos juros e manutenção da desvalorização monetária.
Guedes não se encaixa nesta fórmula porque, como todo barão ladrão, é um “samba de uma nota só”. Por isso está sendo rifado pouco a pouco, à caminho da degola.
Ou muda para continuar no governo, o que é mais difícil, ou cai, o que é mais provável. E o pior é que Bolsonaro deverá se reeleger com esta fórmula.
— * Válber Pires é professor universitário, doutor em Sociologia, com pós-doutorado em Socioeconomia e Sustentabilidade.
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Ele de novo não.