Do leitor Podalyro Neto, sobre a nota Lutier do Casarão é assassinado no Marajó:
Caro Jeso,
Acabo de ler estarrecido a notícia sobre o covarde assassinato do Hugo.
Conheci o Hugo em Santarém quando por aqui passou. A vinda dele pra cá foi parte de um sonho do Sebastião Tapajós. Fui apresentado a ele pelo Babá e sempre ia até ao casarão para conversarmos. Sonhamos juntos fazer um violão feito totalmente com madeiras da Amazônia.
— ARTIGOS RELACIONADOS
Ele foi um artista que fez da sua arte instrumentos únicos, pena que não quiseram que ele por aqui ficasse. Fico com a lembrança daquele artista que com seu português carregado de sotaque espanhol em muito lembrava um Papai Noel com sua barba grande e branca.
Lamentável o ocorrido.
Numa època em que os verdadeiros valores quase nem aparecem nos meios de comunicação, haja vista a imensa gama de programação que desconstroem as mentes tão carentes de coisas sadias, é uma pena.
Não consigo acreditar nisso. Esta é uma destas coincidências que assustam. Ainda hoje pela manhã em uma aula sobre madeiras e usos em produtos nobres falei para a turma do trabalho do Hugo que tive a honra e o prazer de conhecer em sua casa ali na Fernando Guilhon a convite do amigo Podalyro em Janeiro de 2003. O visitamos em companhia do Sebastião tapajós que fez um show privado utilizando diferentes violões que ele havia produzido e enaltecia os diferentes timbres gerados pelas diferentes madeiras que havia utilizado. Hugo e a sua companheira Luiza formavam um casal fantástico com tanta informação e tanta história pra contar que era impossível parar de conversar. Hugo havia começado seu contato com madeiras emuma escola de arquitetura e carpintaria naval e enveredou pra luthieria. Trouxeram pra Santarém a idéia de aproveitar as nossas madeiras tão nobres e tão pouco valorizadas. Na época tentavam implantar um projeto de escola de luthieria parajovens carentes. Não sei que fim levou este projeto. Usavam materiais alternativos como ossos de boi nos trastes, tingimentos naturais, etc.
Sou grato por tudo que aprendi em 2 ou 3 contatos que tive com ele.
Essa é uma daquelas notícias que estragam o dia, a semana… enfim, nos fazem desacreditar um pouco no ser humano e lembram aquela frase do Einstein que diz que só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana.
Assim como infelizmente fazemos com nossos tesouros naturais, desperdiçamos gratuitamente um verdadeiro gênio. Lamentável e indignante. Minhas condolências à família e ao mundo da música.
Poda
Também estou surpresa com a notícia. O Hugo capacitou jovens carentes de Santarém na arte de fabricar violão artesanal Luthier. Poucos no mundo sabem trabalhar neste segmento da música. São jóias raras como o Hugo, uma das pessoas mais generosas e simpáticas que conheci, junto com sua companheira Luíza.
Ví o Hugo confeccionar violão e dar de presente à quem não podia comprar esse instrumento, e além de tudo um doce de pessoa. Lamento tanto que não mais o verei para conversármos sobre uma das coisas que mais amo: música e violão