
Leitor do blog, o engenheiro civil Rubem Miranda Chagas faz um contraponto interessante a propósito do artigo Sobre a Serra Piroca, com um dicionário à mão, de autoria de Helvecio Santos.
Amigo Helvecio,
Como estudamos no Colégio Dom Amando em épocas diferentes, alterações no ambiente são compreensíveis, mesmo assim não deixei de estranhar a citação do funileiro Quelé como vizinho de sua sala de aula.

Na minha época, o funileiro que morava no beco aos fundos da área do colégio era o mestre Caim, excelente profissional que ensinou a profissão para alguns de seus filhos, nenhum com o nome que você menciona.
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Quanto ao tema principal, deixe~me falar o que sei a respeito:
Para começar, é importante esclarecer que nasci em Belterra e o registro de minhas raízes e de meus irmãos estão sob a guarda do Cartório do sr. Sardinha (in memoriam) na Vila de Alter do Chão, onde nosso pai registrou sete dos dez filhos, toda vez tendo que empreender penosa caminhada de ida e volta a pé através de veredas pelo meio da mata e retornando para casa, extenuado, mas realizado, trazendo sempre a Certidão de Nascimento do filho.
Estou falando de uma caminhada de aproximadamente 25 Km x 2 = 50 Km, no meio de mata primária, percorrida sempre nas folgas de final de semana em uma época, que corresponde às décadas de 30 e 40.
Falo tudo isso apenas para me credenciar como interessado no assunto, mormente porque após uma ausência de dez anos, quando voltei em 1965 pra morar em Santarém, fiquei disponível para a família, vez em quando tendo que ir ao Cartório solicitar cópias de certidões para os irmãos a essa época, já distantes.
Na década de 70, com nosso clube de peladas Coroas de Ouro passamos a frequentar a vila a cada mês, sempre aos domingo pela manhã, para jogar futebol contra as equipes locais, e após o jogo saborear uma peixada ao som do Espanta Cão no bar do sr. Mingote, um grande privilégio para nós.
Na década de 80, comecei a construir para amigos e já no final dessa década, como secretário de Obras no governo do Dr. Ronan Liberal, tinha por obrigação fiscalizar as obras do governo municipal, dentre as quais, o primeiro cais de arrimo da orla da vila.
Durante todo esse tempo de estreito contacto com a vila de Alter do Chão, cheguei a indagar sobre a denominação da serra, e a resposta era sempre a mesma: que foi adotado o nome de serra Piroca pela semelhança com a serra de mesmo nome existente em Santarém, no bairro da Matinha e que, segundo comentários extra oficiais, foi arrasada pelo 8º BEC sob a alegação de que se encontrava no prolongamento da linha de eixo da rota de pouso e decolagem de aeronaves na pista do aeroporto da cidade, onde hoje é a Avenida Anísio Chaves.
Quem conheceu essa serra antes do ano de 1970, certamente lembra de seu formato original e do seu nome, Serra Piroca, nada tendo a ver com a denominação que os cariocas dão à genitália masculina, porém pela ausencia de uma vegetação de porte, uma inocente alusão ás cabeças raspadas ou aos pescoços pelados de uma raça de galináceos chamada de galinha piroca ou galo pirocó.
Consultando o Dicionário Informal na Internet, encontrei o seguinte:
Piroca é um termo indigena que define:
1 – Uma vegetação rala, arbórea, xerófila, própria de áreas pedregosas nas margens dos rios; 2- Termo usado no estado do Amazonas que significa: calvo, pelado, descascado; 3 – Morro na margem direita do rio Jamari, afluente do rio Madeira, RO.
Piroca em tupi-guarani significa literalmente pele esfolada, pele tirada.
Se existe vicio de linguagem para o caso certamente não foi criado pelos indígenas, pois se assim foi a junção do termo pira com o termo oca deixa de ser pira oca que significa casa de peixe, para ser piroca com o significado totalmente diferente de vegetação rala, arbórea, xerófila.
No estudo da língua portuguesa, aglutinação se refere a um processo de formação de palavras em cujo processo de composição ocorre a junção de duas ou mais palavras que dão origem a um novo termo, porém com o mesmo significado. Como, por exemplo, a junção da palavra plano com a palavra alto resulta na palavra planalto, que na verdade,é um plano alto que tem o mesmo significado.
Mesmo que aceitemos o nome da serra como sendo Pira Oca, como explicar que diante de um cenário tão rico onde os elementos da natureza se harmonizam maravilhosamente os peixes abdicaram de seu habitat natural nas profundezas do imenso rio, na quietude e placidez do lago, ou ao abrigo das sombras do igapó generoso de nutrientes?
Seria ótimo abrir uma discussão a respeito.
João, não quis mudar nada. Vc leu a postagem “Catraieiros e lancheiros…..” do Dr. Telmo? Se vc ler, verá que sua postagem é açodada. Não há “pudor recente”. Qto ao “conservadorismo bolsonariano”, na verdade sou conservador nos costumes, liberal na economia e amo o Brasil.
Caro Helvécio. Mantenho minha opinião sobre sua postagem. Sobre o conservadorismo Bolsonariano (seu e de muitos que vestiram a camisa na última eleição) estamos vendo onde ele está levando o Brasil: Para um conservadorismo nos costumes que só não valem para a família do presidente e seus apoiadores. Para um liberalismo na economia que só não vale para os militares e amigos do presidente. E para um Amor ao Brasil que lambe botas dos EUA e despreza brasileiros… Um abraço.
Grande mestre Dr. Rubem Miranda Chagas, sou admirador de sua intelectualidade e da simplicidade que lhe é peculiar. Explicação sem rodeios, singela, direta, como sempre foi pautada sua vida de homem probo, leal, ético e humanitário. Parabéns pelas suas explicações acerca do assunto, com objetividade, clareza. Saudações Alvinegras.
Verdade… Helvécio viajou na postagem. Talvez a influência fluminense ( lá eles chamam o órgão genital masculino de piroca) o afetou. Ou o seu conservadorismo Bolsonariano. Não sei . Mas a Serra Piroca sempre foi Serra Piroca. Querer mudar por um simples pudor recente é algo indigno.