Eleições de 2024: desafios e novidades no cenário político brasileiro. Por Jorgiene Oliveira

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Eleições de 2024: desafios e novidades no cenário político brasileiro. Por Jorgiene Oliveira
"Os debates eleitorais também levantam questões importantes..."

As eleições de 2024, que ocorrerão neste domingo para prefeitos(as) e vereadores (as) em todo o país, trazem à tona algumas situações importantes a serem registradas, especialmente no Pará.

A participação feminina nas candidaturas continua a ser um tema preocupante, com o número de mulheres concorrendo ainda em níveis baixos, evidenciando a necessidade urgente de maior representatividade. Embora o número de votos recebidos por mulheres esteja aumentando, essa evolução ainda não se reflete adequadamente nas urnas.

Outro aspecto relevante é a influência das redes sociais, que se consolidaram como um poderoso instrumento de captação de votos, especialmente entre os jovens eleitores.

Figuras como Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, e JK do Povão(PL), em Santarém, utilizaram apelos não educativos em suas campanhas nas mídias sociais para atrair esse público. E existem uma captação em massa, em Belém, onde Éder Mauro (PL) vem conseguindo esse destaque. A “direita” brasileira vem utilizando “bem” essa estratégia.

Os debates eleitorais também levantam questões importantes. Em Santarém, por exemplo, destacou-se que os candidatos apresentaram poucas propostas e se concentraram em trocas de acusações, o que levanta preocupações sobre a qualidade do conteúdo das campanhas.

Nem os candidatos com forte presença nas mídias nem os tradicionais, apoiados por governadores, conseguiram apresentar propostas consistentes.

Em São Paulo, a violência nas campanhas foi alarmante. Além disso, poucos candidatos parecem estar cientes da grave situação climática, como as secas na Amazônia e as ondas de calor de 40 graus na região sudeste.

As propostas que foram apresentadas muitas vezes se restringem a soluções que deveriam já ter sido implementadas por aqueles que buscam reeleição, ou carecem de novas estratégias para enfrentar um “futuro que já chegou”.

Esses pontos refletem um “novo modelo de eleições” e a falta de propostas concretas, marcadas por mudanças nas estratégias de campanha e na dinâmica do eleitorado. Essa mudança, aparentemente para pior, nos leva a esperar  com muita curiosidade os resultados do primeiro turno para uma análise mais aprofundada.

Os coronéis tradicionais perderão vagas para os coronéis das redes socias? Veremos!

Além disso, duas curiosidades se destacam nas eleições de 2024:

1. Investimento Recorde em Pesquisas Eleitorais: Este pleito registrou o maior investimento em sondagens eleitorais municipais desde 2012, totalizando R$ 124,3 milhões. Com mais de 11 mil pesquisas realizadas, São Paulo lidera com 1.422 levantamentos, seguido por Goiás e Minas Gerais; e

2. Consultas Populares em Votação: Pela primeira vez, além de escolher prefeitos (as) e vereadores(as), eleitores (as) de cinco municípios terão a oportunidade de decidir sobre temas locais, como mudanças na bandeira ou gratuidade de transporte para estudantes.

Essas consultas foram introduzidas pela mudança na Constituição em 2021 e ocorrerão na mesma votação. Esses elementos indicam que as eleições de 2024 refletirão um cenário político em transformação, repleto de desafios e “novidades”.

Espero que essas mudanças sejam positivas. Para garantir isso, pretendo dedicar um tempo para revisar os programas e propostas dos candidatos (as) que buscam meu voto.

Vou apoiar aqueles que apresentarem propostas concretas em saúde, educação, planejamento e meio ambiente, com responsabilidade e viabilidade de implementação. Chega de votar em pessoas; meu foco será em projetos que promovam uma sociedade mais justa


Jorgiene Oliveira. É doutora em Ciência Política pela UFSCAR. Faz estágio de doutoramento na Universidade Livre de Berlim. É mestra em Planejamento dos Trópicos Úmidos NAEA/UFPA, além de especialista em Gestão de Áreas Amazônicas pelo NAEA/UFOPA. E ainda: professora universitária e gestora pública atualmente.

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