Calor já matou 10% dos botos de lago no Amazonas, dizem biólogos

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Calor já matou 10% dos botos do lago no Amazonas, dizem biólogos
Pesquisadora examina um boto encontrado morto no lago Tefé, no Amazonas — Foto: Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá

Cientistas da ONG WWF e do Instituto Mamirauá, auxiliados por uma força tarefa, terminaram na terça-feira (17) a primeira avaliação sobre o impacto da seca no sobre a biodiversidade do lago Tefé, no Amazonas. Concluíram que 10% da população local de botos morreu nas últimas duas semanas, provavelmente por causa de águas superaquecidas pelo calor.

Os pesquisadores recolheram no período 153 carcaças desses mamíferos marinhos, sendo 130 botos-cor-de-rosa e 23 botos-tucuxi, espécie mais acinzentada. Pelo menos 70 desses animais morreram no dia 28 de setembro, acreditam os cientistas, quando a temperatura da água no lago Tefé bateu em 39,1°C.

Os cientistas apontam como elemento de estresse dos animais também a proliferação de algas tóxicas, como a Euglena sanguinea, que são beneficiadas pelo calor. Mais de 100 animais passaram por necropsia, porém, e nenhum parece ter morrido diretamente pela intoxicação.

Avaliação do impacto

O esforço coletivo para responder ao problema na região, que fica nas margens do rio Solimões, a cerca de 500 km de Manaus, mobilizou cerca de 100 pessoas. O grupo, que tem pessoas de mais de 20 organizações diferentes, segue trabalhando na região para avaliar impacto do calor em outros animais e organismos.

“É estarrecedor o que está acontecendo no Lago Tefé. O impacto da perda desses animais é enorme e afeta todo o ecossistema local”, afirmou em comunicado Mariana Paschoalini Frias, analista de Conservação da WWF, uma das ONGs na força tarefa.

“Botos são considerados ‘sentinelas’. Ou seja: são indicativos da saúde do ambiente onde vivem. O que acontece com eles se reflete nas outras espécies que vivem ao redor, inclusive a humana”.

Mortalidade

Além de recolher e investigar as carcaças dos animais mortos, alguns dos pesquisadores buscam identificar indivíduos que tenham sido especialmente impactados pelo calor, mas ainda estejam vivos. Uma estação flutuante improvisada foi montada para tratá-los, mas nenhum animal foi resgatado ainda.

Outro grupo dos pesquisadores está buscando descobrir enseadas e outros trechos do lago que ainda estão mais quentes, para bloqueá-los e impedir a entrada dos mamíferos nessas áreas. A ideia é manter os botos só nos trechos de maior profundidade, que se aquecem menos. A temperatura média do lago na semana passada foi de 32°C.

Pesquisadores estão recolhendo um grande volume de peixes mortos também, mas segundo o Mamirauá, por enquanto “a mortandade de peixes encontrada é normal para eventos de seca extrema na região”.

Com informações de O Globo

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