A vitória da distribuição de renda

Publicado em por em Artigos, Política

por Nelson Wisnik (*)

As mais variadas hipóteses têm sido propostas para explicar a vitória da candidata Dilma, do PT ou do presidente Lula. Economistas, cientistas políticos, sociólogos (exclusive o ex-presidente Fernado Henrique Cardoso), sindicalistas, entre tantos outros.

Assim como técnicos de futebol, somos todos versados em política e eleições. Não acredito que nenhuma delas, por si só, expliquem a vitória, mas acredito que todas têm algum grau de validade, a depender da situação sócio econômica da população.

Correlações estatísticas são ferramentas poderosas com as quais pode-se estabelecer relações de causa e efeito. Assim, por exemplo, o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, um indicador utilizado pela ONU para elaboração do RDH – Relatório de Desenvolvimento Humano, como o nome diz, expressa o estado de desenvolvimento de um município, estado, região ou país, considerando três dimensões, quais sejam, SAÚDE, medida através da expectativa de vida, EDUCAÇÃO, medida através da escolaridade, e ECONÔMICA, medida através da renda.

As diversas políticas públicas têm influência direta sobre esses indicadores e, seu sucesso ou fracasso, se reflete na evolução desses índices.

Observe-se os mapas, o da esquerda (sem conotação política partidária) ilustra, através das cores, faixas da dimensão RENDA do IDH de cada Estado, enquanto o mapa ao centro ilustra, também através das cores, em que Estado cada candidato teve maioria de votos.

Existe forte correlação entre a votação e a renda, indicando que a política federal de distribuição de renda influenciou na escolha do candidato à presidência.

Embora o Estado de Minas Gerais, grande e importante colégio eleitoral, possa parecer deslocado na correlação, detalhando-o constatamos que sua região norte é consistente com a votação da região nordeste enquanto a região sul é consistente com a região sudeste, conforme mostra o mapa mais à direita.

Os Estados de Rondônia e Acre têm colégios eleitorais proporcionalmente pequenos.

Conclui-se que, embora muitos sejam os fatores que levaram à vitória da candidata Dilma, já exaustivamente expostos e discutidos, a análise da distribuição do IDH-RENDA aponta que a vitória representa a expressão do desejo de continuidade das políticas de distribuição de renda da administração federal nos últimos mandatos presidenciais.

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* É professor universitário. Escreve regularmente neste blog.


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One Response to A vitória da distribuição de renda

  • Achei essa análise superficial e limitada. Claro que as políticas sociais do governo Lula são um grande trunfo e diferencial desses oito anos, mas atribuir a vitória a apenas esse fator, ou mostrar um mapa maniqueísta como o que tem sido veiculado pelas grandes mídias como justificativa se constitui em uma falácia. Além do que, atribuir o “azul” de Acre e Roraima pelo tamanho do eleitorado não é um argumento consistente. Além do que, apesar de que no estado do Pará a maioria dos votos foram para a Dilma, muitos municípios do interior tiveram votação maior no Serra. Isso pode ser maior visualizado no link que mando a seguir, que é o mapa da votação em cada candidato em cada município, e com diferenciação de cores adequada, que mostra a verdadeira proporção de votos:

    https://www.estadao.com.br/especiais/mapa-da-votacao-para-presidente-nos-municipios,123626.htm

    Sugiro para leitura do autor desse post, e para os demais leitores do blog o seguinte link, de onde retirei o anterior:

    https://www.idelberavelar.com/archives/2010/11/a_vitoria_de_dilma_e_a_falsa_tese_do_pais_dividido.php

    Nesse último link se encontra uma análise, ao meu ver, mais séria e profunda do que a feita aqui do quadro descoberto na votação.

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