por Tiberio Alloggio (*)
O 2011 foi um ano importante para o Brasil. O país testou sua primeira presidente mulher e ficou feliz com sua escolha. Finalmente, o povo tocou com mão, que não é o sexo ou a sexualidade das pessoas que vale, mas sim a sua substancia.
A economia nacional segue crescendo, fazendo com que o astral dos brasileiros continue alto. Apesar da crise mundial se aproximar a cada dia, as Casas Bahia continuam vendendo como nunca, e os brasileiros, felizes da vida, seguem consumindo e se endividando.
Sem dúvida, um bom 2011, mas que para os santarenos, ficou um pouco mais tribulado.
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Na primeiro semestre, a euforia pelo anúncio do plebiscito sobre a criação do Estado do Tapajós. No segundo semestre, a campanha pelo SIM. E no finzinho do ano, a desilusão com a constatação que o sonho morreu nas urnas.
Na verdade, o SIM ganhou disparado no Tapajós e no Carajás. Mas foi o NÂO que levou, graça à “mágica” de seu território ter quase o dobro da população do estado.
Na realidade, o plebiscito não passou de um “truque”. Uma disputa desigual, onde um falso “majoritarismo” estrangulou o sonho da “proporcionalidade democrática”.
Uma maneira “falsamente democrática” e propositalmente orquestrada para barrar (por enquanto) a luta pela criação de novos estados no Brasil. Uma consulta popular para inglês ver, que não dava chances nenhuma ao SIM. Enfim, um referendo de “carta marcadas”.
Infelizmente poucos se deram conta disso. Muitas lideranças, achando que podiam ganhar no voto, se entusiasmaram demais, e não levaram em conta a enorme desproporcionalidade entre as populações do Pará e do Tapajós/Carajás. E acabaram caindo no “conto do vigário”.
Imaginem se esse mesmo “expediente de consulta” viesse a ser usado no Estado do Amazonas para decidir a criação dos novos territórios do Solimões e do Rio Negro. Manaus que concentra o poder econômico e possui mais de 80% da população, esmagaria numa cartada só, todos os sonhos de desenvolvimento dos demais territórios. Seria considerada a fraude democrática do seculo.
Mas, apesar do sabor amargo da fraude plebiscitaria, a consulta serviu para tirar algumas lições e algumas indicações.
Em primeiro lugar, teve o mérito de retirar de Santarém, o “monopólio” sobre a luta pela emancipação do Tapajós. O plebiscito permitiu que o vírus da emancipação se espalhasse e contaminasse os municípios do oeste paraense, evidenciando o desejo de emancipação da totalidade dos moradores da região.
Radiografou uma fratura exposta entre as populações do Tapajós e Carajás, com a cultura de Governo do Grão Pará, que terá que rever sua postura autoritária e discriminatória.
Mostrou que está esgotado o atual modelo organizativo do movimento emancipatório, sem lideranças popular, totalmente subordinado ao oportunismo da elite politica e empresarial de Santarém.
Favoreceu o surgimento de novas articulações populares, que souberam levantar a bandeira da emancipação, desvinculado-se dos interesses do esquema politico tradicional, e abrindo uma nova perspectiva para o movimento emancipacionista.
Com a entrada de 2012, o espaço politico será ocupado pelas eleições municipais que jogarão um balde de água fria sobre as pulsões emancipacionistas, mas mesmo assim, o plebiscito deixará sua marca maldita (ou bendita) em muitos políticos prefeituraveis.
Quem mais saiu fortalecido na batalha plebiscitária, foram sem duvida nenhuma os deputados federais Giovanni Queiroz (PDT) e Lira Maia (DEM). Mesmo perdendo o plebiscito, os dois derrubaram o muro da representação localista e se tornaram nomes fortes no cenário politico estadual. Queiroz (cotado para ser Ministro do Trabalho) e Lira Maia, emergiram como políticos chave do Estado do Pará, podendo enxergar futuros horizontes majoritários. Se candidato for, Lira Maia é hoje um nome quase que imbatível para a Prefeitura de Santarém.
Alexandre Von abusou pelo oportunismo e ficou escondido durante a campanha toda. Não quis desagradar seu patrão Simão Jatene e declarou voto só momentos antes da votação. Mas foi leso (após o resultado) em aparecer na TV para lamentar a derrota e jurar (de dedo cruzado) que irá continuar a luta até o fim. Queimou mais da metade do seu filme.
O vereador Reginado Campos gastou a vida toda para construir uma imagem de separatista. Manteve a postura e incansável andou pelo Oeste todo em busca de apoio. Quem sabe, desta vez, não tenha aprendido a fazer alianças sadias, e se arrependido de ter sido cabo eleitoral de Zenaldo Coutinho nessa região.
Osmando Figueredo agregou musculatura ao seu partido. Entrou com tudo e algo mais na batalha referendária. O PDT é o único partido, que apoia à divisão territorial, e Osmando será um dos que dará as cartas nas composições das coligações partidárias municipais.
O vice-governador Helenilson Pontes foi o avestruz desse plebiscito e sua vitima mais ilustre. O Vice conseguiu decepcionar todo mundo. Sua omissão ingenua e covarde em relação a re divisão territorial, sua submissão ao Governador do Grão Pará e à oligarquia Belenense, queimou as ultimas “pontes” que o ligavam à região e ao município de Santarém. É mais um “factoide” politico, surgido do caldeirão da Associação Empresarial que vai. Se tiver futuro politico, vai ser em Bragança, Castanhal, quem sabe até em Belém.
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* Sociólogo, reside em Santarém. Escreve regularmente neste blog.
Sérgio, acho que não lemos o mesmo texto.
“Agora, sem a idéia da separação do Estado para alimentar a carreira política desses senhores, talvez seja possível que o Pará encontre um caminho para crescer em paz, livre de idéias retrógradas e eleitoreiras.
Agora, sem a ilusão da separação como solução de todas as mazelas, pode ser que nossos irmãos do sudeste e do oeste busquem lideranças políticas capazes de unir e não de separar. Lideranças capazes de conquistar votos pregando o desenvolvimento sustentável e não sustentando seus mandatos com o subdesenvolvimento e com a miséria”
Acho que essa parte foi encomendada pelo Zeraldo Coutinho e pelo Jatreme. Tudo o que ouvimos na Campanha do Não, mas com uma tradução mais chula.
“Proporcionalidade Democrática” ?
Ridículo!
É como se o meu voto tenha o valor menor que dos outros!
Alguém já pensou em “proporcionalidade democrática” para presidente da República?
Não existe! …nem vai…
Marcos,
A familia Paes Barreto faz parte da elite das familia tradicionais do Parazinho, pertencem a alta sociedade, Conhecem de Belém para salinas ou EUA e Europa, também são riquinhos donos de muitas propriedades, mas principalmente não olham e não conhecem o interior do estado.
a média de 98% do Sim pela separação, desmente essa bobagem de interesse metramente eleitoreiro de uns poucos politicos da nossa região, não nos SUBESTIME, meus caros.
Tapajós Sempre!
Tibério, texto profundo, mas principalmente pragmatíco, o que estamos precisando.
Telma
Telma Amazonas, esse texto do César indenpedentemente de sua familia diz sim a realidade desse plebiscito.
Os 98% em média que votaram no sim correspondem a uma região cuja população correspode a menos de 30% da população do Pará, e por favor não subestimen os 95% em média dos eleitores do Parázinho, (que esses politicos queriam deixar,) que votarm no NÃO.
S
Os 95% dos eleitores que disseram Não, correspondem a uma região cuja a população atinge mais de 70% da população do Pará ( sem contar com os eleitores das regiões separatistas que disseram Não), portanto foi uma vitória insofismável a favor do Pará. 2 em cada 3 paraenses rejeitaram essa proposta feita por politicos cujo o texto do César diz tudo.
Estribuchar em troca da derrota é normal, mais por favor parem de menosprezar o Pará e os 67% dos paraenses que disseram Não. Afinal todos seriam prejudicados com a divisão, com exceção de meia duzia de politicos.
Nós como paraenses devemos é defender nosso Estado e deixar de lamúrias e falatórios que não levam a nada.
Sinceramente lendo tanto choro e lamentações escritas aqui em função da vitória do Pará e não na derrota do Sim, pois eu considero que não foi o sim que perdeu, e sim o Pará que ganhou, que dá vontade de sugerir que a porta da entrada é a serventia da casa, pricipalmente para aqueles que moram em Belém e usufriem do Estado. Deixem o Pará em paz e vamos juntos fazer desse Estado uma grande nação chamada Pará.
AFINAL TODOS SOMOS PARAENSES E AMAMOS E TEMOS ORGULHOS DE SER DO PARÁ.
5
Acho que o Osmando comprou o passe do Tibério. O Everaldinho tá cochilando e o Osmando foi lá e catou o Italiano pro lado dele.
Quando leio esse texto do Tiberio e ainda referendado pelo J Ninos, conhecedor que é da politica Santarena, sinto dificuldade de me conter.
Tomara que isso seja apenas um pesadelo ou ainda a ressaca do vinho argentino que bebi nos festejos da passagem do ano.
Chico Corrêa.
PS: Tiberio pede ao Helenilson não ir para Bragança, se for vou me unir ao Nazareno e expulsa-lo de lá. (rsrsrsrsrs)
Tibério, parabéns pela análise concordo plenamente.
Cesar Paes Barreto*
O resultado deste plebiscito não é pra ser comemorado. É pra ser pensado, avaliado. Dizer que a separação só interessa a poucos políticos com ambições pessoais maiores do que o interesse público é uma maneira de tapar o sol com a peneira. É preciso sim uma política menos excludente e que promova, de fato, a integração de todas as regiões e o desenvolvimento sem desigualdades.
Mas é fato que os políticos que pregaram a separação já foram prefeitos ou são deputados eleitos pelos principais municípios das regiões separatistas. São políticos que poderiam ter feito a diferença para a população dessas regiões e não fizeram, pois sempre usaram a miséria e o atraso dessas regiões como matéria prima para o fermento das ideias separatistas: quanto menos fizessem para a população, mais a insatisfação da sociedade fazia crescer a massa do bolo.
Iludiam o povo com a idéia da separação e iludiam a eles mesmos com a ambição de governarem os novos Estados. Aliás, os “seus” Estados. Foram anos e anos de ilusão.
Hoje, com o resultado do sonhado plebiscito, a receita desandou, a massa sentou e os delirantes sonhos murcharam.
Agora, sem a idéia da separação do Estado para alimentar a carreira política desses senhores, talvez seja possível que o Pará encontre um caminho para crescer em paz, livre de idéias retrógradas e eleitoreiras.
Agora, sem a ilusão da separação como solução de todas as mazelas, pode ser que nossos irmãos do sudeste e do oeste busquem lideranças políticas capazes de unir e não de separar. Lideranças capazes de conquistar votos pregando o desenvolvimento sustentável e não sustentando seus mandatos com o subdesenvolvimento e com a miséria.
Que os políticos separatistas tenham o mesmo fim que as suas idéias tiveram hoje.
Só assim o Pará será capaz de virar essa página, definitivamente, e começar a reescrever a sua história.
* Cesar Paes Barreto é arquiteto e urbanista por formação, publicitário pela paixão de criar, músico amador por pura teimosia e cronista do belemdopara pelo fantástico salário.
Os Paraenses (do nordeste, pois só eles são realmente paraenses de acordo com os investimentos do estado) esquecem que a decisão de fazer investimentos nas regiões do oeste e do sul do estado não cabem somente aos políticos locais (que diga-se de passagem são, e sempre serão, minoria na ALEPA) e sim ao Governador e seus Secretários.
Achar que essa pagina está virada é somente um pequeno sonho pra quem acha que o descaso com as populações do oeste e do sul, imposto há décadas por esse estado paquidérmico e desleal, vão ser esquecidos em nossas almas e nas almas de nossos filhos.
Se eles querem que as desigualdade pelo menos diminuam é só exigir dos seus políticos também menos investimentos no “Pará de verdade” e mais investimento no Sul e Oeste, pelo menos pra compensar um pouco as décadas de desigualdades…
Mas olha eu to pra ver um paraense altruísta pedir menos investimento pra sua região e mais para as outras…
Seiichi Okada Pereira,
Sou paraense do nordeste, nasci em Bragança onde vivi até minha adolescência, votei no SIM.
Convoco-lhe para pedir mais investimentos do estado para Alenquer, por exemplo, para construir um hospital ou um pequeno porto decente, em “sacrifício” os que aqui serão feitos.
Não escreva bobagem, pare de jogar o povo daqui contra o de lá, procure conhecer o Pará.
Não eleja políticos da estirpe de Lira Maia ou aliados de Osmando Figueiredo, estes sim verdadeiros inimigos da população desta região.
Chico Corrêa
Prezado José Francisco,
Infelizmente não são só os políticos que são os inimigos do Pará, mas sim o sistema como um todo, peço desculpa se destratei você ou alguém da região do nordeste do Pará que votou a favor do SIM, mas infelizmente você sabe que vocês são exceção a regra, não há como não se sentir menosprezado e desprezado pelos que votaram contra nossa liberdade.
Depois de tantos anos de esperança, depois de tantos investimentos e sacrifícios, ver nossos anseios serem negados por uma maioria que não conhece nossa realidade é de partir o coração.
Não desisto de querer melhorias, de querer que essa região seja tratada com dignidade, que não precisemos esperar um retorno de Belém para que sejam instalados postes em um bairro afastado da cidade, que nossas cidades sejam conectadas por rodovias trafegáveis e com pontes de verdade, para que haja empregos e desenvolvimento em nossa região.
Espero que o plebiscito mude alguma coisa, mas o tenho quase certeza que acontecerá é o seguinte: serão realizados investimentos nas nossas regiões a partir deste ano, pelo menos pra “mostrar serviço” e após alguns anos, depois da poeira baixar vão focar os investimentos onde há mais eleitores e voltaremos a nossa realidade de sempre.
Infelizmente Chico Corrêa, na minha opinião, somos escravos da democracia atual, eleitoreira e interesseira, onde nada é feito sem que se espere um retorno, seja imediato ou futuro… Somos e seremos sempre minorias, que além de estarmos em locais extremamente inóspitos, não damos muito retorno ($) aos “investidores”.
Tenho quase certeza que só teremos um pouco mais dignidade depois de conseguirmos nossa autonomia e emancipação. Posso mudar de ideia no futuro quem sabe, mas no momento essa é minha luta e esse é meu desejo.
PS: Não votei e nem apoio Lira Maia e Osmando Figueredo e se for necessário que haja mais investimentos em Alenquer do que aqui eu apoio totalmente esta ideia, desde que seja mais justo para toda a população.
Perfeito Tibério. Apenas um pequeno adendo: a força de Lira Maia é ainda maior quando se sabe que o DEM também apoiou, pela sua direção nacional, o pleito do Tapajós.
Lembre-se que Lira Maia conseguiu trazer os medalhões do partido a Santarém, logo após a aprovação do plebiscito, para em uníssono abalizarem o projeto, demonstrando que já apostavam nele como futuro governador do novo estado…
Não Tiberio, por favor, Bragança não!!!
Ótima análise!
O sentimento que fica é que não importa o que fosse dito, o que fosse explicado ou o que fosse mostrado, da forma que foi feito, dificilmente este plebiscito teria um resultado diferente.
O que resta é um tremendo mal estar, onde votamos em peso pedindo nossa liberdade e onde Belém e região, votou massificamento para nos manter no cabresto, inconscientemente ou não, movidos por um sentimento de egoísmo ou não, eles assinaram nosso destino e decidiram por nós. Não sei como se sentem, ou se setem alguma coisa, mas o sentimento de que não somos donos do próprio destino está muito mais forte, e isso é bom, serve pra que estejamos mais unidos e muito mais forte atrás de nosso objetivo que é sermos independentes.
Temos a partir de hoje que acreditar no anseio do povo da nossa região, procurar tirar esta responsabilidade dos políticos e tentar uma iniciativa popular, acho que é hora de nos unirmos em prol desse objetivo comum, somarmos forças. Tenho certeza que 1,2 milhões de pessoas unidas são muito mais fortes do que 2,3 milhões de pessoas dispersas.
Cabresto? Fala sério. Alguém botou uma espingarda na sua cabeça para lhe obrigar a votar no Jatene. E o Lira Maia, foi no cabresto? E a Maria do Carmo? Também?
O Lira Maia pode até ser imbatível na próxima campanha para eleição municipal, mas isso se não forem colocada na mesa, no horário eleitoral, a farsa que foi o plebiscito montada por ele e Jatene, uma farsa muito bem paga por sinal. com a direção de Duda. A verdade do plebiscito vem a tona, aguardem!
Parabéns pela análise e contribuição amigo Tibério!!!
Com uma ressalva amigo Tibério, o Reginaldo Campos nunca apoiou o Zenaldo Coutinho como você afirma e sim Zequinha Marinho que nos ajudou muito no pré e durante o plebiscito, foi um grande parceiro do Tapajós ao lado de Giovani Queiróz.
Tiberio, estava fazendo falta um olhar sobre a objetividade do acontecimento e o comportamento politico.
nfelizmente a ficha caiu quando o um jogo de mentirinha havia terminado.
Jogar números e números e números e números como foi feito não ajudou.
Números confundem e escondem o núcleo do problema
Tiberio, até que tua analise é boa, mas tu estas encorporando o espirito maligno do Osmando.
O homem é o mais oportunistas dos oportunistas. Toma distancia dele.