Prisão de Lula: quem faz o corrupto?, por Joaquim Freitas Neto

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Prisão de Lula: quem faz o corrupto?, por Joaquim Freitas Neto, trf4
TRF4, tribunal com sede em Porto Alegre que condenou Lula em 2ª instância

por Joaquim Freitas Neto (*)

Não entendo conveniente e nem me sinto à vontade para discutir aqui o mérito do “case” envolvendo a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF4.

Da mesma forma, despiciendo externar meu entendimento acerca do cabimento ou não da execução da pena privativa de liberdade após acórdão de Segundo Grau.

Prefiro reservar-me, neste sentido, para as atividades acadêmicas e profissionais. No entanto, registro o dia de hoje [5] com muito pesar, pois trata-se da prisão de uma pessoa que foi, talvez ainda seja, o maior líder político deste país.

Alguém que em algum momento da nossa história representou a esperança de um país melhor e a largada para “um novo começo de era”, parafraseando Lulu Santos.

Se Lula decepcionou uma nação, infringiu a lei penal, cabe agora ao Poder Judiciário implementar a reprimenda estatal. Não serei eu o juiz da causa, agora em terceiro grau.

A justiça mudou? Claro que mudou. Estamos avançando para a efetivo acesso ao Judiciário e o fortalecimento das garantias constitucionais? Acredito que sim, e não há avanços sem dor e sacrifícios. Sempre foi assim.

Agora empunhar uma bandeira e sair às ruas comemorando uma prisão, isso não. Não temos o que comemorar. Aliás, estamos longe de comemorar qualquer coisa neste país.

O Congresso Nacional continua dominado por ratos com “anel de doutor”, prostitutas da coisa pública e vampiros sedentos de poder. Todo poder emana do povo, logo, cada um tem o representante que merece.

Afinal de contas, os Poderes da Res Pública são poderes ocupados por brasileiros e não alienígenas. O que se vê no Planalto Central é o espelho do que somos em casa, na escola, no trabalho e nas ruas.

A sujeira e a podridão começa em casa, não é exclusividade da política. A prisão, seja ela processual ou não, é sempre dolorosa, é sempre a última razão do Direito. Portanto, cabe a cada brasileiro, através do voto, buscar mudar o perfil do cenário político e, mais do que isso, cultivar a honestidade e a ética dentro de nossos corações.

Caso contrário, o Poder Judiciário, a Polícia Judiciária e o Ministério Público ainda terão muito trabalho pela frente. Quem faz a corrupção é o corrupto, quem faz o corrupto é o povo através do voto. Logo, a mudança cultural e ideológica precede à mudança institucional.

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* É advogado e presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Altamira, sudoeste do Pará.

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