Tapajós, oportunidade de mudança

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por Moacyr Mondardo (*)

Não sou de nascimento paraense, mas tenho esposa e filha paraense, e recebi um titulo de Cidadão de Santarém, onde morei por duas vezes e por mais de 10 anos. Conheci neste período uma boa parte do futuro Tapajós. Confesso que não todo, pois é um verdadeiro mundo.

Entendo que temos no dia 11 de dezembro uma grande oportunidade de mudança que não pode ser desprezada. Essa oportunidade foi construída e é esperada no oeste do Pará desde 1840. Desdo final da Cabanagem, que deixou uma marca na região oeste do Pará, onde 50% da população de então foi dizimada.

Meus pais moram em Santa Catarina, um estado que é menor que o município de Altamira , ou menor que Oriximiná. Um estado que tem por área 40% do Novo Pará. E aí?

Bem lá em Santa Catarina, temos infraestrutura e ações do governo em todos quadrantes. Tem até um exagero, existe hoje lá uma estrutura que são as secretarias regionais. São mais de 30. E temos 297 municípios com uma população total um pouco menor que a do Pará.

A questão do Tapajós é reconhecer uma situação de fato. Ele é diferente e distante da região metropolitana.  Para o morador do Baixo Amazonas, é Santarém a capital há muito tempo. As referências culturais são próprias.

Nada vai se dividir, todos continuarão vizinhos, vocês terão melhores condições e oportunidades para conhecer a beleza e as possibilidades do Tapajós. Vocês conhecem as lagoas de água translúcidas lá perto de Rurópolis? As cachoeiras do Maicuru?

Sabem que tem uma cidade no meio da floresta que tem cert ificação de ISO 14000 a 110 km da cidade de Oriximiná e dentro do mesmo município? E o Arapiuns? A beleza do Xingu e seus peixes na orla de Altamira. E Novo Progresso, a 700 km de Santarém na BR 163, Itaituba atravessando o rio Tapajós, Jacareacanga lá no extremo, Curuá, Monte Alegre e Almeirim. Faro e Terra Santa. Óbidos e Juruti?

Pois é nesta região tem mais de 1,2 milhão de pessoas morando.

O que não dá para deixar é essa situação continuar assim, um estado imenso, um estado que tem uma área de 80% do Nordeste brasileiro, que é formado por 9 Estados. E o que eu vejo no Nordeste é que ele tem avançado, apesar de não ter riquezas minerais tão significativas como o Pará, falta água em muitas áreas, mas em seu conjunto tem avançado.

O Piaui, por exemplo, tem indicadores mais baixos que o Ceará, mas percorrendo o estado vi que suas estradas são boas, pavimentadas e que sua capital é uma referência em saúde (tem 4 o u 5 faculdades de Medicina) e é uma referência no ensino. Em 10 anos de Santarém, o maior trecho de estrada asfaltada que eu percorri foi de 100 km, depois mais nada. No Piauí, eu percorri uns 800 km de estradas de qualidade.

Uma vez atendi um senhor vindo do Paraná (seus pais tinham sido deslocados pelo reservatório de Itaipu na década de 70). Os pais já tinham morrido, o senhor que era uma criança quando veio para um travessão da BR 163 a 200 km de Santarém, continuava lá. Continuava lá sem documento da terra, onde o Incra tinha assentado seus pais. Morando na terra sem energia elétrica e sem assistência de saúde e educação.

Bem, aí vocês imaginem essa situação multiplicada por tantos travessões. Imaginei ali uma situação que meus bisavós italianos, que vieram para trabalhar na agricultura, quando em 1890 chegaram em Santa Catarina, talvez tenham enfrentado por um curto período. Estamos em 2011, não aceito mais essa situação no Brasil. E vocês também não.

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* Auditor da Receita Federal do Brasil. É superintendente do órgão na 3ª Região, com sede em Fortaleza (CE).


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21 Responses to Tapajós, oportunidade de mudança

  • eu morei em santa catarina , as terras catarinensEs foram tiradas dos indigenas e dadas para os estrangeiros morar .Precisavam branquear o brasil .Lá o preconceito é tão grande que quêm é do norte e tratado como gente de segunda categoria,além do mais a população é tão ignorante acerca do norte . Ouvir muita estupides.

  • Moacir,

    Parabens,pela visão e pelo texto que muito nos sensisibiliza. Se você tem amigos na capital, fale com cada um, agora esta é a nossa unica chance.

    Abs,

    Telma

  • Caro Moacir… Meu respeito e admiração… Seu texto é digno de publicação e reflete fielmente a realidade e os anseios daquele povo. Que Deus ilumine a todos no dia da votação em favor daqueles que verdadeiramente precisam. Abraço Grande!

  • Vamos postar nos blogs da Capital, sem ferir nossos irmãos belenenses. Mostrando que será bom para o NOVO PARÁ também.
    Sou de Belém e voto no 77 tranquilamente. Quem entende um pouquinho de administração sabe que será bom para os três estados.
    Abços,

    1. BOA TARDE EVALDO,

      VALEEEUUU!!!! OBRIGADO PELA EDUCAÇÃO E CIDADANIA.

      CHAGUINHA AD

  • Um texto escrito por quem realmente conhece a região, e sabe o quanto o Pará está atrasado em quase tudo em relação a outros estados, mesmo aqueles mais pobres.

  • Prezado Moacir, você não é paraense de nascimento, mais é muito mais paraense do que muitos que no Pará nasceram. Não foi por acaso que você morou, trabalhou e foi o melhor Delegado que a Receita Federal de Santarém teve, sem desmerecer os que lhe sucederam. Tive a oportunidade de conviver profissionalmente com você, várias vezes dividindo espaço nas reuniões do PROHAGE, e conhecendo o seu caráter, sei que seu comentário foi feito com a razão e não com o coração, procurando de maneira honesta contribuir com os que ainda estão em dúvida de como votar. Sempre que me manifestei sobre a Divisão do Pará, questionei a maneira agressiva que algumas pessoas de ambos os lados tem tido, quando alguém diz que vai votar, seja no sim ou no não e que imediatamente é ofendido. as pessoas que querem convencer as outras a mudarem o seu voto, seja para que lado for, que o faça com argumentos convicentes e não com palavras ofensivas. Por isso é muito válido o seu comentário. Parabéns.

  • Ao contrário do que os separaistas pensam, a divisão não é só boa para o novo Pará. É a única solucão. Óbvio que a maioria dos que moram aqui não sabem disso. Acham que conseguiremos melhorar as condicões unidos. Puro engano. Se pra vocês, dividir é bom, pra nós é a única alternativa, porque não temos condicões de sustentar as regiões separatistas e mesmo que tivéssemos, não o faríamos, porque ninguém se precupa com vocês. O sonho acabou, mas não pensem que vocês são os maiores perededores, porque vocês sabem que perderam e nós (de Belém) achamos que ganhamos. E esse é o pior perdedor, aqule que acha que ganhou. Não há estudos que possam provar nada, só a separacão é capaz de provar que os separatistas estão corretos.

  • De novo essa história de distância. Ora, ora, mesmo emancipada, Santarém continuará na mesmissima distância de Belém, de Manaus, de São Paulo ou de Brasília – que para onde correm quando a necessidade aperta. Marabá estará no mesmo lugar longe de Belém, muito mais de Manaus, e de Araguaina, BRasília ou São Paulo, etc. Ilude-se quem imagina que com a simples emancipação político-administrativa, por si só sumirão as necessidades ou se encurtarão as distâncias geográficas. Disso ninguém me convence. Por isso eu votarei Não.

    1. Sr. Anônimo, voce é de uma análise tão simplista que dá pena. Que Deus lhe ilumine na hora de votar. Bom dia.

      1. Caro Dudu – espero que esse Dudu não tenha nada a ver com o Duciomar Costa – pergunte ao Duda Mendonça qual é a distância de Santarém para Salvador. Prá lá que ele foi, deixando à míngua a campanha do Sim. Ou é muita confiança ou e muita falta de rsponsabilidade.

      2. Amigo, graças a Deus que existe Manaus, caso contrario, o oeste do Pará estaria na beira da miséria. Sao milhares e milhares de paraenses refugiado no Estado do Amazonas, simplesmente porque o nosso querido e falido Estado do Pará nao oferece nenhuma condiçao de trabalho. Que Deus te ilumine no dia 11. mas por qualquer dúvida 77 (2x)

    2. SR. ANÕNIMO DAS 09:35,

      É JUSTAMENTE POR POSTAR COMENTÁRIOS DESTE TIPO, QUE VOCÊ CONTINUA UM ” anônimo. ” um zero à esquerda. uma ameba… um indivíduo desprezível….

      VOCE DESPERTA EM TODO O POVO DO OESTE DO PARÁ, OS NOSSO PIORES INSTITINTOS.

      CHAGUINHA AD

    3. Distância geográfica não vai mudar nunca, ninguém é ignorante o suficiente pra acreditar nisso, mas aproxima politicamente. O futuro estado vai receber investimentos do Governo Federal, ou você acha que eles vão simplesmente esquecer (algo que o governo do Pará sempre tem feito) os dois novos estados e o novo Pará? Até mesmo a representatividade política (tão demonizada pelo “não”) vai trazer ganhos pra região. Necessidades sempre deixadas em segundo plano sairiam simplesmente da esfera estadual.

      Mas me responda, você já tentou vir à Santarém por um das rodovias? Faça isso e responda se estradas bem cuidadas não encurtam distâncias.

    4. Por pensamentos mesquinhos e egoistas que nem o seu sr.anônimo que com certeza não conhece a realidade da grande e necessitada população do PARÁ e muito menos essas distâncias a qual vc refere-se, pois não queremos encurtar distâncias geograficas, mas sim administrar o que é nosso por direito e não vai ser a opnião de um sem noção como vc que vai tirar nosso direito.

  • Fale-se ainda que o Sr. Moacir Mondardo, além de um grande homem, é um apaixonado-comprometido por Santarém, tanto que transferiu seu título de eleitor para cá afim de engrossar o coro do Tapajós!
    Concordo em gênero, número, grau e emoção com o senhor!
    O Tapajós e o Carajás trarão melhores condições de vida para todos, inclusive os habitantes do Novo Pará.

  • Separar o que já está dividido

    Tapajós e Carajás
    Entramos, finalmente, na última semana de campanha do plebiscito que vai ouvir a população paraense se quer ou não dividir o Pará e criar os Estados de Tapajós e Carajás. No domingo 11, cerca de quatro milhões e oitocentos mil eleitores paraenses irão às urnas manifestar sua opinião.

    Mais do que a criação dos novos Estados, a população das regiões de Carajás e Tapajós irão às urnas mostrar que o Pará já está dividido, restando apenas oficializar a separação.

    Sem dúvida nenhuma essa foi, e será até o seu final, uma luta desigual. Os 17% do território destinados ao Novo Pará concentra 64 % do eleitorado do Estado, contra 16% do Tapajós e 20% do Carajás. Mais do que dividir, esse plebiscito têm servido de palanque para que a população das regiões separatistas apresente aos demais irmãos paraenses o descaso com que os governos paraenses trataram e tratam essas regiões.

    Muito se tem dito que no Novo Pará também tem pobres e necessitados, e que há, ainda, muito o que fazer nas áreas da saúde, habitação, saneamento, educação e segurança.

    Concordo com a afirmação!

    Ninguém em sã consciência pensa que Belém e sua região metropolitana é a Suíça brasileira, nem tampouco que a separação irá resolver imediatamente os problemas das regiões do Carajás, Tapajós e Novo Pará. O grande problema está na divisão e aplicação dos repasses às regiões que pretendem se separar e a falta dele para atender a todos.

    A propaganda plebiscitária nas rádios e TV?s, em minha humilde opinião, serviu apenas para um lado, o dos que defendem a separação. Carajás e Tapajós mostraram para o restante do Estado que mais do que nunca estamos divididos. A propaganda tentou mostrar que a divisão é economicamente viável e que somente com ela o Pará terá alguma chance de sair do vermelho e retomar os investimentos em saúde, educação, moradia, saneamento básico, etc?

    Enquanto isso, a campanha no rádio e TV dos que querem o Pará sem a divisão tentou de todas as formas desqualificar os estudos dos separatistas que mostram tal viabilidade e sensibilizar emocionalmente os eleitores, alegando que com a separação o Pará se tornará um ?Parazinho?. Não aproveitou nenhum dos quarenta programas de cinco minutos cada para mostrar que realmente o Pará está quebrado financeiramente e quais medidas estariam sendo tomadas para tirá-lo do vermelho. A propaganda se limitou a repetir que Não e Não, ninguém divide o Pará, e a mostrar projeto do governo do Estado taxando a mineração, projeto este similar a outros já desconstituído pela justiça em outros estados. Não foram apresentadas propostas para tirar o Pará da liderança do ranking de piores índices salariais do Brasil nas áreas de segurança pública e educação, do analfabetismo, da falta de moradia e saneamento básico, da saúde com alarmantes índices de mortalidade infantil. Não, nada foi proposto. Querem que o Pará continue grande em tamanho, apenas isso importa.

    No domingo, nós que moramos no Carajás e Tapajós, saberemos se o eleitor paraense compreendeu que precisamos da ajuda deles para tornar o Pará grande, não em território, mas em um estado grande em reconhecimento pelas as ações e capacidade de investimentos governamentais em prol de sua população mais carente.

    A campanha do Não insiste que o projeto de separação é coisa de meia dúzia de políticos interesseiros. Chega a ser irritante a forma truculenta e imbecil como esse tema é tratado. Esquece-se que a grande maioria da população das regiões separatistas é favorável e apóia a divisão, que esse é um sonho de dezenas de anos, não nasceu no início do ano. Esquece-se que essa população é favorável pois vive a realidade de governos ausentes, que só agora tentam mostrar-se presente com pequenas excursões do governador e equipe às cidades do interior como Altamira e Marabá, numa tentativa salutar, porém ineficaz, de mostrar que o sofrimento da população dessas regiões interessam ao governo, mesmo fora do período eleitoral.

    Esta última semana de campanha plebiscitária deve ser mesmo uma semana judicial. Um governo ausente, que nos priva de quase tudo, agora entra na justiça para nos tirar também o direito de expor ideias, mostrar fatos, informar a população paraense que o melhor para as três regiões é a divisão. Lamentável!

    Na campanha publicitária liderada pelo deputado federal Zenaldo Coutinho e pelo sem votos suplente de deputado estadual Celso Sabino, uma única coisa haveremos de concordar. Com o esdrúxulo e arrogante slogan de que Ninguém divide o Pará. Sim, não podemos dividir o que já está dividido de fato. Resta-nos apenas o direito de separar. E esse direito, se Deus quiser, será conquistado no próximo domingo, para o bem de todos. Para o bem dos sofridos paraenses, carajaenses e tapajoenses que já não aguentam mais ouvir promessas de que agora vai melhorar. Para melhorar só há uma única alternativa. Diga SIM para Tapajós, diga SIM para o Carajás!

    Extraído do Blog do ZÉ DUDU

  • Prezado Moacyr,

    A sua colocação é correta e os exemplos comparativos que voce faz podem ser multiplicados inúmeras vezes.

    Como Santareno que sou, acredito na necessidade e possibilidade da criação do Estado do Tapajós e, como voce bem colocou, essa aspiração vem desde o fim da Cabanagem.

    Entretanto, não podemos deixar de considerar que desde aquela época, e a despeito do distanciamento do núcleo do poder instalado em Belém, os governantes da Pérola do Tapajós e dos demais municípios (com a nossa muda concordância), não fizeram o dever de casa básico de dotar as cidades de uma infraestrutura mínima de saneamento básico do tipo rede coletora de esgoto sanitário (em todas elas o esgoto corre pelas sarjetas das ruas a céu aberto); estação de tratamento de esgoto; calçamento decente das ruas; plano de mobilidade para a população (quase não existe calçadas) etc, que seria a mola propulsora da autoestima do povo do oeste do Pará.

    Essas “deficiências” incutem no imaginário coletivo (ressalvada a minoria politicamente esclarecida) que se até então não fomos competentes para atender aos anseios básicos da população, também não teremos condições de “tocar” um novo estado, mormente com a inclusão e os anseios da população dos municípios que irão integrar esse novo ente da federação. Creio que a autoestima da população é baixa.

    Não tenho notícias da realização de um trabalho de conscientização da população de que a classe política da região teria condições de “fazer diferente”… O tempo se esvaiu rapidamente…

    Grato por sua posição favorável à divisão do atual Pará.

  • Pesquisa Vox Populi sobre a divisão do Pará.
    Por:Por: Sidnei Rocha | 3 de julho às 12:55 | Lido: 1.640 vezes 27 Comentários
    Pesquisa encomendado pelo jornal “O Liberal” ao Vox Populi, publicada neste domingo, 03, revela que 37% da população paraense é a favor da divisão do Pará, 42% é contra e 22% está indecisa.
    A pesquisa, que foi realizada entre 18 e 22 de junho, teve como amostragem Belém e mais 58 municípios e ouviu 1.200 pessoas.
    Em se considerando a margem de erro apontada, 2,8%, é possível concluir que a opinião do paraense está à beira de um empate técnico sobre o assunto: a divisão do Pará está no voto dos indecisos.
    A pesquisa revela ainda que dos que são contrários à divisão, 67% está na capital e 35% no interior. Quanto aos favoráveis, 43% reside no interior. Leia Mais AQUI

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