Do professor Paulo Costa, por e-mail:
Jeso,
Mesmo que tardio, gostaria de comentar sobre as últimas polêmicas do Carnaval santareno dos últimos anos.
Como observador há 40 do carnaval de Santarém me atrevo a tecer alguns comentários a respeito dos polêmicos carnavais de nossa cidade dos últimos acontecimentos dividindo em duas partes.
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1ª escola: A Unidos dos Dedos Gelados de Alter do Chão
Enredo: O Feitiço contra o Feiticeiro.
Integrantes: A presença em Alter do Chão da elite santarena que gosta de tomar seus wisks com os dedos dentro do copo mexendo o gelo.
Desde que se criou as escolas de samba em Santarém, na década de 70 e foram para o esquecimento os tradicionais blocos de empolgações, que faziam o Carnaval de Santarém como O Breguelhe, Pulga, Formiga Cabeçuda os Mascarados e outros que levam uma multidão de brincantes as ruas de nossa cidade e culminou com a decadência econômica do ciclo do ouro em nossa região. O Carnaval realmente em nossa cidade vem em uma penúria vergonhosa por mais que ainda se encontre pessoas empenhadas a mudar este quadro.
Não satisfeitos com a falta de recursos do poder público, cada vez mais minguando e mal gerenciado, a elite santarena que costuma passar os fins de semana nas belas praias de Alter do chão orquestrou uma cruzada contra o carnaval na cidade mobilizando segmentos políticos, da imprensa e outros e o que se viu nestes últimos anos foi somente cobranças e críticas maldosas, e nem uma busca de solução foi tomada.
O Carnalter nasce assim com um momento de descontração dos santarenos mais privilegiados que passavam os seus carnavais na Vila e torciam o nariz para o Carnaval de rua da cidade. No carnaval da vila era só alegria e como disse o J. Ninos até os políticos se confraternizavam, se jogando maizena na cara.
E assim durou anos e o Carnalter tomou o mundo. Só que em Santarém que tinha noites de folia até aos domingos e prendiam os descamisados acabou, e estes começaram a invadir Alter do Chão, o reduto até então impenetráveis dos dedos gelados. Aí a coisa começou a vazar ou melhor encher de trigo os copos de Wisks. Até a emissora que há três anos anunciava que Alter do Chão era uma Carnaval da alegria e descontração, hoje anuncia como o Carnaval dos sujos. E esta invasão popular realizada pelo motivos de os mesmos não terem em Santarém uma melhor alternativa, agora incomoda a todos, só se ver reclamação dos Dedos Gelados, pois os pobres para eles estão atravessando o samba da sua Elitizada Escola, e isto é inadmissível.
Veja só o enredo desta escola O Feitiço contra os Feiticeiros, agora o que fazer? Eu acredito que tenho umas soluções para eles terem seus wisks sem trigo:
1ª) que nos próximo Carnalter seja feita uma barreira e só entre para curtir o carnaval quem apresentar a sua ultima declaração do Imposto de Renda;
2ª) mudar o Carnalter para Transamazônica para dificultar ainda mais ainda a ida dos pobres;
3ª) espalhar pela Imprensa que Alter do Chão é a Ilha de Lost um perigo para os pobres.
Bem é tanta sacanagem para bagunçar com os Dedos Gelados, mais como preciso falar da segunda escola eu paro por aqui. Já ia me esquecendo da nota da escola. Pensando bem, vou deixar para os especialistas de plantão, afinal eles entendem tudo de carnaval.
2ª Escola: Unidos da Luta pela Concorrência Desleal no Carnaval.
Enredo: De Burrice em Burrice vamos para o Buraco Juntos.
Integrantes: Políticos, Membros da Imprensa e Elite Desinformada.
Este ano as criticas negativas ao carnaval santareno foi generalizada, agora estão incluindo Alter do Chão, até então menina dos olhos dos críticos. Esses críticos não perceberam que Santarém é única cidade no Oeste do Pará, quem sabe na Amazônia , que um cidadão ao chegar aqui e diga: quero um carnaval que eu possa dançar samba. Aí ele vai para orla e assiste aos grupos da ASAC.
Caso ele queira pular atrás do trio, pode escolher os blocos da LIBES, mais parecido com os carnavais do nordeste. Se ele quiser ainda brincar o carnaval de salão, tem também esta oportunidade em vários clubes pela cidade. Pode ainda escolher o carnaval descompromissado do mela mela de Alter do Chão. Mas se o cidadão decidir que nem um tipo dessas manifestações lhe encantam, e quiser um carnaval mais espiritual, terá o Cristoval.
Se ele falar mais: eu sou evangélico, não tem problema Santarém: há diversos retiros espirituais para o povo evangélico.
Se ainda quiser só ficar de bubuia no mais bonito rio do mundo, ele tem centenas de praias desertas par estar com sua família, sem falar dos belos igarapés , lagos da várzea e tanta belezas naturais que poucas cidades tem a oferecer aos turista e a seus moradores.
Veja só: são tantas atrações que às vezes fica difícil saber qual a melhor escolher e por se tratar de manifestações populares não tem por que uma querer derrubar a outra. Isto na verdade deveria ser uma grande arma ao poder público desde que agisse com competência, gerenciasse melhor e divulgasse a temporada de carnaval em Santarém para os quatros cantos do mundo.É só não esquecer que uma cidade só é boa para os outros quando é boa para seus moradores.
A mesma coisa acontece com as pessoas desinformadas que querem criar uma concorrência com as cidades vizinhas, principalmente Óbidos, como se houvesse uma necessidade de concorrência entre as cidades para apresentarem o melhor carnaval. O que estas pessoas precisam saber é que o carnaval vai muito além, da bebida, musica, sexo e de jogar trigo na cara dos outros, o carnaval tem muitas facetas a serem exploradas.
Em relação ao carnaval de Óbidos, como santarenos devemos mais é torcer que tudo lá dê certo, que também cresça, pois Santarém é cidade pólo desta região e tudo de bom que acontecer nas cidades vizinha pode ser ótimo para Santarém, O santareno de alma mocoronga não quer se ver cercado de cidades que nada tem a oferecer, queremos sim que nossos vizinhos cada vez mais cresçam em todas as sua atividades, tanto de lazer, cultural, saúde educação etc.
Não adianta criarem uma concorrência desleal entres as varias manifestações na época do carnaval e com as cidades vizinha , pois isto é burrice e vamos para o buraco juntos.
Obs.: Fiz este comentário antes de saber do incidente com o médico do Hemopa
Parabenizo o Prof. Paulo Costa pelo feliz comentário visionário a respeito das N’s possibilidades que o povo santareno (elitizado ou ‘pobretizado’) e turistas têm para curtir o carnaval.
Paulo Costa também foi preciso quando disse da ‘falta de recursos do poder público, cada vez mais minguando e mal gerenciado, (…)’, isso mostra o (quase) total descompromisso do governo para que manifestações culturais e religiosas sejam realizadas de forma mais organizada e que vão além da expectativas de quem participa da festa.
Quem sabe se as atividades carnavalescas (profanas ou religiosas) fossem planejadas em conjunto (governo; sociedade religiosa: católica, evangélica e demais; ASAC; LIBES, etc.), onde uma espécie de pólos oficiais do carnaval, como o Prof. Costa deixou a entender, fossem criadas para proporcionar as N’s opções daqueles que visitam nossa cidade e daqueles que moram nela?
Quanto ao ‘rio branco e fedorento’, como visto em textos anteriores, em que se transforma as águas que banham Alter-do-Chão, uma alternativa seria transferir a passagem dos blocos para a praça do Sairé e proibir a ação de ‘jogar trigo na cara’ em outros locais da vila que não fossem a praça do Sairé. Pelo menos assim, o bloco dos ‘Dedos Gelados’ poderiam degustar dos seus uísques na forma líquida. 🙂
Abraços e na esperança de carnavais ‘melhores’…