Em ato pacífico realizado na manhã de hoje (11), indígenas Borari, de Alter do Chão, em Santarém (PA), bloquearam um trecho da rodovia PA-457, em frente à antiga Escola da Floresta, na comunidade Caranazal, dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Alter do Chão.
Com o apoio de diversas organizações locais, a manifestação buscou chamar atenção para a urgência de proteger o território ancestral Borari e impedir a destruição desse espaço, que serve tanto à educação ambiental quanto à preservação das tradições culturais e espirituais do povo indígena.
O bloqueio reuniu cerca de 60 indígenas. Durante o ato, os manifestantes acionaram a Prefeitura de Santarém, o Ibama, Funai e o Ministério Público Federal (MPF) para prestarem esclarecimentos e para intervirem em defesa da área.
O CNS vendeu a área para empresários
Localizada ao lado da rodovia Everaldo Martins, com fundos para o Lago Verde, essa área era de propriedade do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).
Em junho 2008, foi criada naquele espaço a Escola da Floresta, através de uma parceria entre Prefeitura de Santarém e o CNS, sendo mantida em governos posteriores, porém sem muitos investimentos.
Em dezembro de 2022, o CNS vendeu a área para um grupo de empresários, entre os quais o advogado José Maria Lima, cuja banca foi contratada pelo prefeito eleito Zé Maria Tapajós (MDB) para a sua campanha neste ano.
No local, o grupo iniciou a construção de um condomínio de luxo. Há poucos dias, parte da vegetação nativa da área foi colocada abaixo na área à beira do Lago Verde. O desmatamento foi filmado e repercussão ganhou as redes sociais.
“Qualquer ato é desse tipo é nulo”
“É importante lembrar que estamos lidando com a venda e a destruição de vegetação no território indígena do povo Borari de Alter do Chão. Por se tratar de uma área constitucionalmente protegida, não deveria haver nenhuma possibilidade de transações de compra e venda dessas terras — qualquer ato desse tipo é nulo, conforme o artigo 231, §6º, da Constituição Federal de 1988″, ressaltou Leonardo Borari, advogado e representante dos manifestantes.
“Até o momento, as autoridades locais ainda não se posicionaram formalmente, mas, considerando o contexto da região, é provável que respostas oficiais só sejam obtidas após o acionamento do Ministério Público Federal.”
Além do bloqueio da rodovia, desde o último fim de semana os indígenas Borari organizaram um acampamento no local com o levante de faixas, mensagens de protesto e palavras de ordem escritas na areia da praia do Lago Verde, chamando atenção para a urgência da preservação do território.
Com informações de Cibele Pixinine e redação do JC
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Olá, ao ler a notícia percebi que o redator trocou os nomes das rodovias, então só para informar que a PA-370 é a Rodovia Curua-Una, a estrada de Alter do Chão é PA-457.
Vamos corrigir. Obrigado!
Esse desmatamento às margens e na proximidade do lago verde é um crime absurdo. Além dos indígenas e da comunidade, os próprios empresários do ramo turístico em Alter-do-chão deveriam atuar para barrar esse absurdo que, além de tudo acontece justamente num momento que toda região amarga uma seca monumental que é justamente consequência da devastação ambiental na Amazônia. Esse crime tem que ser barrado imediatamente.
Ótimo, Pra frente, indiginieas