Mais 2 líderes rurais são assassinados no PA

Publicado em por em Segurança Pública

Na Folha Online:

A presidente Dilma Rousseff foi comunicada nesta terça-feira pelos ex-ministros de Meio Ambiente do assassinato, no Pará, de um líder extrativista e sua mulher.

Ela determinou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mobilize a Polícia Federal para investigar a morte, que está sendo comparada à da missionária Dorothy Stang, assassinada há seis anos em Anapu (PA).

José Claudio Ribeiro da Silva e a mulher, Maria do Espírito Santo da Silva, foram mortos hoje no Assentamento Agroextrativista Praialtapiranheira, no município de Nova Ipixuna, próximo a Marabá.

José Claudio era uma liderança na extração de castanheira na região e lutava contra os madeireiros.

A Secretaria-Geral da Presidência foi contatada também pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), comunicando o assassinato.

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Nota do blog:
Segundo o deputado Airton Faleiro (PT) em seu blog, o casal foi morto na manhã de hoje em uma estrada vicinal que leva ao projeto de assentamento extrativista Praia Alta Pirandeira, localizado no município de Nova Ipixuna.

Os dois eram vinham denunciando há tempos o desmatamento e a extração ilegal de madeira na região.

Airton Faleiro foi o primeiro parlamentar a ser informado da morte do casal.

“Não podemos deixar mais este crime impune. Vamos mobilizar as autoridades de segurança para fazer uma investigação que leve aos executores e mandantes do crime”, disse Faleiro.


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6 Responses to Mais 2 líderes rurais são assassinados no PA

  • Pará te Quero Grande!!

    Grande, sem lei e sem vergonha de ser o fim do mundo no Brasil.

    Por que será que um assassinato vergonhoso desse não acontece na capital?

  • Jeso,
    Este crime repercutiu muito aqui em Belém (na Universidade Federal Rural da Amazônia), principalmente junto a colegas do doutorado que desenvolvem trabalhos de pesquisa científica com comunidades do Assentamento Praialta-Piranheira, nos núcleos de pesquisa UFPA de Marabá. Segundo alguns, que já entrevistaram o casal para subsidiar trabalhos acadêmicos, os dois comunitários eram lideranças locais que não tinham medo de lutar contra o desmatamento na região e tinham na produção de subsistência e na extração de produtos florestais não madeireiros, sua fonte de renda . Por não aceitarem a extração ilegal de madeira, uma ameaça ao ecossistema do qual eles e centenas de comunidades fazem uso, sofriam perseguição e ameaças de morte. Hoje, infelizmente, eles viraram mártires desta luta, assim como aconteceu com Dorothy. Aproveitando o ensejo, retrocedemos ao aprovar um código que potencializa o desmatamento e fica evidente que não estamos em um caminho salutar. Quando ficará claro que NÃO são necessárias mais áreas para produção de madeira? São necessários investimentos e a implementação de tecnologias para usar os recursos naturais de forma racional, sendo que para extração de madeira, por exemplo, áreas de florestas nativas de produção são suficientes e a pesquisa tecnológica da madeira deve acompanhar as mudanças no mercado e o esgotamento de madeiras mais nobres, dando lugar a novas espécies a serem extraídas, enquanto outras se tornam mais escassas considerando seu diâmetro de corte, até dar tempo pra floresta se recuperar. Por enquanto, está sendo mais cômodo e barato não contabilizar os custos ambientais e, pelo mesmo ralo, vidas estão indo embora.

    1. O que foi que o governo da Ana Julia fez para defender essas pessoas?
      É veiculado constantemente na mídia a forte ligação do PT – PA com os madeireiros. Não se lembra do Safra Legal?
      Sem dúvida o governo Jatene é podre, mas atribuir essas mortes a ele é alienação política.

  • https://analisedeconjuntura.blogspot.com/

    Conselho Nacional dos Siringueros culpa governo por assassinato de líderes extrativistas no Pará

    No Blog da Amazonia

    O diretor do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Atanagildo de Deus Matos, responsabilizou o governo federal pelo assassinato do casal de líderes extrativistas José Claúdio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva. Ambos foram vítimas de uma emboscada na manhã desta terça-feira (24), a 50 Km do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, na comunidade Maçaranduba.
    – São mais duas vidas ceifadas pela conivência do serviço público com a morosidade em resolver os problemas de desflorestamento e da luta pela terra na Amazônia. Este crime tem a conivência da fiscalização do Ibama – afirmou em Brasília, por telefone, Atanagildo de Deus Matos.
    O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, recebeu pela manhã a denúncia do assassinato dos dois líderes do CNS. Carvalho informou o ocorrido à presidente Dilma Rousseff, que determinou ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o acionamento da Polícia Federal para investigar o caso.
    O CNS é uma ONG fundada pelo líder sindical e ecologista Chico Mendes, que foi assassinado em dezembro de 1988 em Xapuri (AC). Segundo Atanagildo Matos, o casal foi assassinato numa estrada vicinal que leva ao Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAEX) Praialta Piranheira.
    – Eram duas lideranças firmes do CNS naquela região. Militavam no PAEX, que foi criado em 1998. Zé Cláudio e Maria sofriam a pressão permanente dos madeireiros que derrubam a floresta para transformá-la em carvão. Era um casal decente, que vivia do extrativismo e do manejo de sementes, óleos e resinas da floresta.
    Atanagildo Matos disse que o casal deixa como lição o ideal dos extrativistas da Amazônia, de permitir que o povo da floresta possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente.
    – Já estamos em contato com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e outras instituições. Apoiaremos fortemente as investigações, para que esse crime não fique impune .
    Boka Barbosa, que foi secretário-geral do CNS até março, disse em Rio Branco (AC), que José Claúdio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva lutavam contra a exploração madeireira e a grilagem de terras em Nova Ipixuna.
    – A última vez que estivemos juntos foi de 15 a 17 de março, em Belém, durante um encontro de mulheres extrativistas da Amazônia, que coincidiu com um encontro do Conselho Deliberativo do CNS.
    Barbosa disse que o casal estava muito empenhado em proteger as florestas da região onde vivia. Eles militavam no Sindicato de Trabalhadores Rurais e no CNS.
    – A luta deles era permanente contra a exploração madeireira e a grilagem de terra. Eram muito comprometidos com essa causa. Zé Cláudio não cedia, bem como a Maria, mulher dele. Na verdade todas as lideranças daquela região estão ameaçadas de morte.
    As ameaças contra a vida do casal de extrativistas começaram por volta de 2008. Familiares relataram ao CNS que desconhecidos rondavam a casa de José Cláudio e Maria, geralmente à noite, disparando tiros para o alto.
    Algumas vezes, chegaram a alvejar animais da propriedade do casal.
    O momento das intimidações coincidiu com a denúncia dos líderes extrativistas contra madeireiros da região, que constantemente avançam na área do PAEX, para extrair espécies madeireiras como castanheira, angelim e jatobá.
    Maria e José Cláudio viviam há 24 anos em Nova Ipixuna.
    – O terreno deles tinha aproximadamente 20 hectares, mas 80% era área verde preservada. Eles extraíam principalmente óleos de andiroba e castanha, além de outros produtos da floresta para sua subsistência. Graças à iniciativa dos meus tios, atualmente o PAEX tem um convênio com Laboratório Sócio-Agronômico do Tocantins, para produção sustentável de óleos vegetais, para que os moradores possam sustentar-se sem agredir a floresta – relatou ao CNS, Clara Santos, sobrinha de José Cláudio Silva.

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