O voo da águia

Publicado em por em Esporte

por Jorge Wanghon (*)

Depois que voltei a treinar para participar de competições nacionais, enfrentei, além do sacrifício de colocar o velho corpo em forma (faço 44 anos dia 10 de setembro), não diria preconceito, mas um certo ‘receio’ no olhar dos vizinhos e amigos que me viam de tênis, roupa de treino e uma mochila nas costas pegar a bicicleta para ir à academia, de segunda a sexta.

No início, quase dando razão a eles, comi o “pão que o diabo amassou”. Desacostumado aos treinos intensos, nos treinos de agachamento, por exemplo, os músculos reagiam e me davam a impressão de que as pernas iriam travar a qualquer momento. O andar ficava meio desajeitado, parecia mais uma bailarina dando passos curtos, ofegante, com medo de ir para o chão a qualquer momento.

No final do primeiro mês de treino, as coisas começaram a mudar. O cérebro passou a reconhecer a “loucura” que eu estava encarando e começou a enviar ordens para todo o corpo: “Vamos reagir que o homem está falando sério”. A cada dia gratas surpresas. Começamos a colocar mais peso na barra e uma transformação começou a acontecer. Passei a me adaptar à rotina de treinos que meu técnico me passou. Podia ver a satisfação estampada em seu rosto dizendo “É isso aí!”.

Acredito que vários leitores deste blog já ultrapassou a casa dos 40 anos. Então quero deixar uma importante dica: a musculação é um verdadeiro achado na vida para quem já experimentou 4 décadas de vida, principalmente para quem nunca malhou e não sabe nem mesmo o que é um banco de supino. E não precisa treinar pesado para ficar em forma, pelo contrário, tem que ser devagar, pouco peso, concentrando-se na respiração, nos movimentos, sentindo prazer.

No início, o ingresso no mundo saudável dos que malham é doloroso. Doi as costas, as pernas, os braços, até a ponta dos dedos e dá vontade de desistir, mas é só. Na segunda ou terceira semana, as dores começam a passar, dando lugar ao prazer de malhar, de estar fazendo alguma coisa para melhorar a qualidade de vida. Não é só a aparência que melhora com o passar dos meses. É como se você começasse a fazer uso de um cérebro, de um pulmão e de um coração novo.

Os elogios vem de todos os lados, principalmente do cônjuge, em todos os planos. Aquela linha que aparece nos gráficos, que indicam uma queda no rendimento físico dos que chegam aos 40 anos, com a seta apontando para baixo, começa a subir e a se estabilizar. É como a águia que ao chegar nesta fase da vida vai para o mais alto dos montes, arranca as próprias unhas, as velhas penas de suas asas, o próprio bico e aguarda em uma lenta regeneração.

Com unhas novas, bico novo e asas fortes, prontas para uma nova jornada, ela alça um novo e vigoroso voo. A vida pode começar depois dos 40, acredite, a academia também está aberta para que você possa ser mais um a fazer parte desta gratificante experiência.

– – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

* Atleta santareno, campeão nacional em levantamento de peso. Treina para participar em junho do Campeonato Brasileiro de Powerlifting 2011. Até lá, vai escrever rotineiramente aqui neste espaço sobre o seu dia a dia. É patrocinado pelo blog.

Leia também:
Força, suplemento e equipamentos.
Bom atleta é bom de ouvido.
Treino nosso de cada dia…
Um novo fim.
Gel e treino com dor.
Powerlifting: santareno volta às competições.


Publicado por:

6 Responses to O voo da águia

  • Depois dessa reportagem enviada Wilder Walt, quero ainda mais reforçar meu comentário:
    sábios aqueles que não se deixam impregnar pelo desânimo e transformam tudo que é PENSAMENTO CONTRÁRIO em uma capa de energia e de força necessária para ir além. Jorge Von pode e vai muito além. Eu acredito, alguém duvída? Sucesso!!!!

  • https://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=450FDS005
    CONSELHOS MÉDICOS
    O esporte mata!

    Por Miriam Santini de Abreu em 11/9/2007

    A mídia tem falado da morte súbita de jogadores de futebol. Dá o que pensar. Cada vez que recebia a Caros Amigos, eu buscava, faminta, a coluna de José Róiz. O médico mineiro dizia coisas atrevidas nesse tempo de espetacularização do esporte, de culto aos músculos e às dietas de todo tipo. Mais ainda: ele falava de como bem viver. Morreu em 2003, para lá da curva dos 80, magrinho e sábio. E deixou tudo que ensinou em livro – um dentre outros escritos – republicado pela editora Casa Amarela, tem o título Esporte mata! (São Paulo: Editora Casa Amarela, 2004. 178 pp.). Indiferente às críticas que recebia e avesso a sensacionalismos, Róiz afirmava: “O homem não foi feito para correr.”

    Róiz ensinava que nenhum adulto com mais de 25 anos deve fazer exercício violento, mas também não pode ter vida sedentária. O melhor é simplesmente caminhar, e muito, e dançar, hábito que preserva o vigor do corpo e da mente. Além disso, o médico só recomendava o vôlei, mas nunca o competitivo, aquele do atleta. Jogando vôlei, a pessoa caminha e faz as quatro ginásticas que Róiz considera necessárias – aquelas que contraem os músculos posteriores, situados ao longo da coluna vertebral.

    “Grife globalizada”

    Muitos escritos do médico mostram sua preocupação com o tipo de alimento consumido na vida moderna. Embora não fosse vegetariano, sugeria que as pessoas evitassem a carne, especialmente por causa de doenças como a da “vaca louca”. Para ele, a melhor refeição possível é feijão comum com carne de soja moída, acompanhada de uma fonte de vitamina C, como as frutas cítricas, podendo se substituir metade da mistura por um pouco de arroz e verdura. E o ideal, adotando ou não essa refeição, é ingerir uma pequena quantidade de alimento, evitando o excesso de proteínas, em intervalos de duas horas e meia. Isso estimula a produção de insulina, que “limpa” o sangue, enviando para os tecidos a glicose, a gordura e os aminoácidos das proteínas. Bem nutridas, as células do corpo ficam mais capazes de produzir anticorpos contra as doenças.

    Róiz sempre dizia que não teria escrito o livro se não fosse pelo seguinte: a humanidade se divide em dois grupos, os longevos e os não-longevos. Nos longevos, que vivem mais, a insulina predomina sobre o glicocorticóide, um dos hormônios do estresse. Nos não-longevos, acontece o contrário. O problema é que os longevos são feitos de um “barro especial”, são minoria. A maioria tem dificuldade para nutrir todas as células do organismo. Assim, praticar esportes, se estressar e produzir mais e mais glicocorticóide vai piorar a situação, especialmente se a pessoa praticar musculação ou corrida e ainda tiver problemas de coluna ou de coração. Gilberto Felisberto Vasconcellos, que faz o prefácio do livro, resume bem o pensamento de Róiz: “Foi contra a grife globalizada do mundo: esporte não é vida. Nem saúde.”

  • Os grandes vitoriosos, escrevem a vida desta forma, com superação, com determinação e sábios aqueles que não se deixam impregnar pelo desânimo e transformam tudo que é pensamento contrário em uma capa de energia e de força necessária para ir além. Jorge Von pode e vai muito além. Eu acredito, alguém duvída? Sucesso!!!!

  • Jorge Von, além do grande atleta, é um excelente diagramador. O melhor que conheci. E agora se mostra um talentoso escritor. Pena que Santarém não valorize o talento de pessoas como o Jorge, que merecia mais reconhecimento.

    1. Ao Paulo Leandro, ao Erik e ao Frank e a todos que acreditam em nós, o meu muito obrigado pela força. Estamos juntos nesta luta, vou estar defendendo o Pará, não estou só nesta luta. Ainda estamos correndo atrás de patrocínio e quem quiser nos ajudar é só manter contato com o Jeso Carneiro, autor deste blog.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *