Prece do ventre
Mãe nossa que estais ao léu
Purificai nossas almas
E seja feita a vossa vontade
Venha a nós o vosso ventre
De onde nascemos todos os dias
E ao qual voltamos todas as noites
Até morrermos numa sexta-feira de paixão
Desse ventre, do qual fomos gerados
Deixai-nos cair em tentação
E livrai-nos de todo mal
Pois és nossa eterna mãe-terra
Que de tão terna tudo gera,
Tudo erra e tudo encerra…
O amor nosso nos daí hoje
Santificado seja teu nome
Eva, Maria, Pandora
Raimunda, Diana, Helena
Cristina, Afrodite, Aurora
Loira, ruiva ou morena…
Plantai tua Rosa em Luxemburgo
Decora e cora tua Coralina paixão
Joana D’arc de todas as selvas
De todos os Silvas
Fazei do teu dia mais que internacional
E nos espanca de poesia na tua bela flor
Por onde colibrimos…
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Mãe nossa que vive euforia
Dotai-nos do teu cafuné
Em troca da nossa utopia
De ser um dia teu ventre mulher
Do pão nosso nos daí alforria
Escravos de tua profunda fé
Bendito é o fruto em nosso ventre
Deixe que entre a nossa canção
Deixe que entre o nosso desejo
Deixe que adentre a nossa ilusão
O que seria de nós sem ti, ó mãe?
O que seria de nós sem ti, mulher?
Perdoai as nossas ofensas
Nossas descrenças
E desavenças em teu santo nome
Perdoai-nos, Lorenas, Açucenas,
Beneditas, Amélias, Anitas
Samiras, Safiras, Madalenas
Carmelitas, Emilias e Lolitas…
Perdoai-nos, Alices, Ofélias,
Olgas, Elizabetes, Fernandas
Marilyns, Ritas, Adélias
Carolinas, Angélicas e Amandas…
Ave, mulher cheia de graça
Por todos os séculos dos séculos, dos séculos…
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De Jota Ninos, poeta amazônicos e tapajônico.
Leia também dele:
Inverossímel.
Latitudes.
Soneto macarrônico.
Diálogos de mim mesmo.
Corpoesia.
Parabéns Ninos, claro que pelo texto, rs.
Mas com tanta poesia e sensibilidade, com certeza esse seu lado feminino é motivo de honra.
Não estou pondo em dúvida sua masculinidade, mas apenas destacando algo que serve para todos nós. Se quisermos mesmo ser homens, temos que aprender com as mulheres. Elas possuem força e ternura, conseguem suportar a dor e ainda sorriem. São uma benção de Deus, por todos os séculos…
Anselmo, tenho maior orgulho do meu lado feminino. Sem ele a sensibilidade do poeta não aflora. Infelizes dos “machos” que tem vergonha do seu lado feminino!!!
Jota Ninos,
Obrigada!
Perfeita.Justa.Bela homenagem à nós.
Pouquíssimos homens tem essa sensibilidade de reconhecer a grandiosidade de uma mulher.Seja ela qual for. (e humildade, também!)
Emocionou-me profundamente.
Obrigada, mais uma vez!
Obrigado, Célia. Vocês merecem!
Égua da viagem Ninos, mas “do ventre viestes, e ao ventre voltamos”, …, brilhante teus versos hoje.
É um ventre e sai, né? rsrs
Muito bom. Mas licença poética a parte não seria “deixai-nos” no lugar de “deixei-nos”?
Você tem razão, Anônimo… Erro de digitação… mais um aí Jeso, pra consertar…