por Vicente Malheiros da Fonseca (*)
Trago agora alguns registros históricos sobre o 1º Festival da Música Popular do Baixo Amazonas, realizado em Santarém, em 1970, extraídos do “Meu Baú Mocorongo” (Wilson Fonseca).
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1º Festival de Música Popular.
Os idealizadores do Festival foram: Paulo Roberto Rabelo, José Machado, Apolonildo Brito, Edwaldo Campos e Vicente Fonseca.
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Comissão Executiva: Vicente Fonseca, Edenmar Machado e José Wilson Fonseca.
Conselho Consultivo: Prof. Wilson Fonseca, Prof. Wilde Fonseca, Dr. Emir Bemerguy, Frei Pedro Amen, Irmã Marília Menezes, Prof. Antônio Pereira e Haroldo Sena.
Secretaria: Apolonildo Brito, Nina Rosa Castro, Maria das Graças Coutinho.
Gravação: José Agostinho Neto e Antônio Djalma Vasconcelos.
Música: Conjunto “Os Hippies”.
A equipe da apresentação do Festival, cuja final ocorreu no dia 19 de dezembro de 1970, no Cinema Olímpia, em Santarém, esteve sob o comando de Osmar Simões. Participação especial: Coral Villa Lobos.
A decoração ficou a cargo de Laurimar Leal. Artífice das medalhas: João Sena.
A capa do convite foi feita pela artesã D. Dica Frazão.
No convite consta a letra da música “O Canto do Uirapuru” (Autor: José Wilson Fonseca. Compositor: Vicente Fonseca), um poema em forma de acróstico com as notas musicais; e da “Canção de Minha Saudade” (Letra: Wilmar Fonseca. Música: Wilson Fonseca), adotada do Hino do Festival.
Há um texto escrito por Emir Bemerguy explicando a razão da escolha do UIRAPURU como símbolo do Festival, onde se lê:
“Por que o Uirapuru? Eis uma breve justificativa da escolha do UIRAPURU como símbolo do 1º FESTIVAL DA MÚSICA POPULAR DO BAIXO-AMAZONAS.
Esse passarinho – todos o sabemos – é o cantor por excelência de nossas florestas liricamente povoadas por múltiplas variedades de seresteiros alados e coloridos. E corre no mundo a notícia deste fato estranho como tantos outros mistérios da gleba lendária: ao ecoar, na quietude da selva, o gorjeio divinal do UIRAPURU, a passarada inteira se cala como por encanto, ouvindo, com êxtase, a melodia sem igual.
Parece-nos, pois, evidente a analogia: elegendo-o como emblema do Festival, fizêmo-lo convictos de que toda a Amazônia se quedará, embevecida, a escutar as belas canções que, do coração de Santarém, através do milagre do rádio, ressoarão por todos os recantos da imensa planície, durante uma semana os deleites espirituais e promoção dos valores autênticos, anônimos ou consagrados, da Região”.
Comissão Julgadora: Maestro Waldemar Henrique, Isaac Dahan, Avelino do Vale, Maria Lúcia do Vale, Wilson Fonseca, Emir Bemerguy, Wilde Fonseca, Nélia Vasconcelos Dias, Sebastião Ferreira, Edenmar da Costa Machado, Vicente Fonseca e Cecília Simões.
Acompanhamento musical: Os Hippies.
Eis alguns trechos da entrevista que concedi à jornalista Lana, publicada em sua página literária denominada “Lana em Tom Maior”, na edição de 22/23 de março de 1970 do jornal “A Província do Pará” (Belém-PA), transcrito no “Meu Baú Mocorongo” (p. 749-755, volume 3), de Wilson Fonseca:
“Vicente José Malheiros da Fonseca é um jovem santareno que cursa em Belém o 4º ano de Direito. Da última vez que passou as férias na ‘Pérola do Tapajós’ manteve contacto com um grupo de jovens que, assim ele, se preocupa com a música. Dessa convivência nasceu a ideia de se realizar, em Santarém, um movimento que reavivasse o espírito musical dos santarenos e de todo o Baixo-Amazonas.
Eu disse reavivasse porque afirma Vicente que Santarém sempre foi uma terra de músicos, de poetas.
Essa cidade da Amazônia possui sua música original, com características próprias, com feições autênticas.
A intenção do grupo, então, é não só fazer ressurgir a música de Santarém, como, principalmente, encontrar novos valores artísticos entre a juventude mocoronga.
Naquela entrevista, concedida quando eu tinha 22 anos de idade, deixei registrado:
“… os objetivos principais do Festival são: a divulgação das músicas santarenas (principalmente as compostas por jovens) e, se possível, na Amazônia; o incentivo para que os compositores e poetas busquem fonte de inspiração em tema nossos.
Sou da opinião, Lana, que o compositor, o poeta, o pintor devem localizar-se no tempo e no espaço, hoje e aqui. Ora, acho que seria bem mais válido a gente explorar a realidade amazônica antes de procurar temas alheios, em outras fontes, estranhos à nossa própria. Dessa maneira, estamos sendo muito mais autênticos, mais originais. E a originalidade, suponho ser um ponto virtualmente positivo numa criação.
Portanto, valorizar o que é NOSSO. Buscar temas nossos, esse é o incentivo que nos esforçamos para dar aos compositores e autores santarenos e, por extensão, a todos os amazônidas conscientes do nosso rico potencial. A Amazônia precisa se impor no cenário artístico nacional”.
Foram inscritas 245 músicas. O registro histórico contém a relação dos títulos das músicas e os pseudônimos de seus respectivos autores, assim como o Regulamento do Festival, o convite para o evento e a cópia do livrinho chamado “Santarém Cantando nº 2”, com a publicação dos integrantes da Comissão Julgadora e de todos os premiados, além de diversas outras informações.
Vencedores do Festival
I – Gênero: Música Jovem
1º lugar (Prêmio Governador Alacid da Silva Nunes – Uirapuru de ouro e Cr$1.000,00): “Corina” (Autor: Edwaldo Campos de Souza. Compositor: Renato Siqueira. Intérprete: Francisco José Lemos – Joe)
2º lugar (Prêmio Prefeitura Municipal de Belém – Uirapuru de ouro e prata e Cr$500,00): “Louco fui demais” (Autora e compositora: Marcília de Souza. Intérprete: João Octaviano de Matos Neto)
3º lugar (Prêmio Interventoria Federal de Santarém – Uirapuru de prata e CR$300,00): “E nunca mais sair do teu caminho” (Autora e compositora: Fátima Oliveira. Intérprete: Fátima Oliveira)
II – Gênero: Tema Regional ou Folclórico
1º lugar (Prêmio Governador Alacid da Silva Nunes – Uirapuru de ouro e Cr$1.000,00): “Corrida” (Autor e compositor: Antônio Waughan. Intérprete: Antônio Waughan)
2º lugar (Prêmio Prefeitura Municipal de Belém – Uirapuru de ouro e prata e Cr$500,00): “Iemanjá” (Autores e compositores: João Sílvio e Íris Fona. Intérpretes: João Sílvio e Íris Fona)
3º lugar (Prêmio Interventoria Federal de Santarém – Uirapuru de prata e CR$300,00): “Vida de Caboclo” (Autora e compositora: Maria Alciete Lemos Neves. Intérprete: Shirley Lima)
III – Gênero: Música Popular Brasileira
1º lugar (Prêmio Governador Alacid da Silva Nunes – Uirapuru de ouro e Cr$1.000,00): “… E a vida passa” (Autor e compositor: Oldemar Alves de Souza. Intérprete: Carlos Meschede)
2º lugar (Prêmio Prefeitura Municipal de Belém – Uirapuru de ouro e prata e Cr$500,00): “Chico Brasileiro” (Autor e compositor: Otacílio Amaral Filho. Intérprete: Luís Carlos Botelho do Amaral)
3º lugar (Prêmio Interventoria Federal de Santarém – Uirapuru de prata e CR$300,00): “Rosa Maria” (Autor e compositor: Arnaldo Batista Figueira. Intérprete: Ray Brito)
Medalha melhor intérprete: João Octaviano Mattos Neto (Prêmio “Expedito Toscano”).
Medalha melhor arranjo (Prêmio “Prof. José Agostinho da Fonseca”): composição “Iemanjá”.
Meu saudoso pai (Wilson Fonseca – maestro Isoca) guardava em seus arquivos, em Santarém, gravações, em fitas magnéticas, da quase totalidade das músicas inscritas no Festival. Se esse inestimável material ainda estiver em bom estado, bem que poderia ser aproveitado para a gravação de um CD, oportunamente.
Pelo menos uma dela – a música “Corrida” (Antônio Waughan) – também foi cantada, pelo próprio autor, na memorável “Semana de Santarém”, idealizada pelo Maestro Waldemar Henrique e realizada no Theatro da Paz, em Belém, sob os auspícios do Governo do Estado do Pará (Fernando Guilhon) e a Universidade Federal do Pará, em outubro de 1972.
Este evento – igualmente importante na história da cultura e da música santarena – contou com a participação de três dezenas de artistas santarenos. Na mais importante casa de espetáculos do Pará, foram apresentadas, durante uma semana, amostras da cerâmica tapajoara, artesanato, pintura, poesia, fotografias e música.
A “Semana de Santarém” foi encerrada com um concerto da Orquestra e do Madrigal da Universidade Federal do Pará, quando foram executadas composições de Wilson Fonseca, como a abertura sinfônica “Centenário de Santarém”; o canto amazônico “Quando canta o uirapuru”, com letra de Emir Bemerguy; o canto triunfal “Be-lém Belém”, com letra de Isoca em parceria com seus filhos José Wilson e Vicente; e, ainda, a peça “Acalanto”, de minha autoria, com arranjo orquestral de Wilson Fonseca.
Boa parte das músicas apresentadas na “Semana de Santarém”, inclusive a “Corrida” (Antônio Waughan), vencedora do Festival (gênero: Música Popular Brasileira), constou do LP “Santarém do Meu Coração” (1972/1973), lançado pela Sociedade Musical de Santarém (Presidência: Wilson Fonseca), sob a supervisão do musicólogo paraense Vicente Salles, autor do livro “Música e Músicos do Pará”, 2ª edição, Belém: Secult/Seduc/Amu-PA, 2007, e membro da Academia Brasileira de Música.
Segundo registro na capa do LP “Santarém do Meu Coração”, o Conjunto Musical “Os Hippies”, que, na época, fez o acompanhamento da “Corrida” (Antônio Waughan), tinha a seguinte composição: Reginaldo Salgado (saxofone), José Agostinho da Fonseca Neto (teclados), Diogo Gonçalves (guitarra), José Vieira (contrabaixo), Izaías Vieira (bateria), Bianor Lima (ritmista), Odilson Matos e Ray Brito (crooners).
Outros grupos musicais, que participaram da “Semana de Santarém”, foram formados especialmente para aquele evento: “Os Mocorongos” (Piano: Wilson Fonseca. Órgão e Contrabaixo: José Agostinho da Fonseca Neto. Violão: Vicente Fonseca. Bateria: Djalma Vasconcelos. Ritmista: Conceição Fonseca); “Conjunto Serenata” (Flauta: Pedro Santos. Saxofone-Alto: José Wilson Fonseca. Órgão: Vicente Fonseca. Piano: Wilson Fonseca. Contrabaixo: José Agostinho da Fonseca Neto); “Os Tapajônicos” (Sopranos: Iris Fona, Nélia Dias, Eulália Matos, Marigilda Neves, Cecília Simões e Conceição Fonseca.
Contraltos: Helba Barros, Helena Meira, Regina Silva, Graça Campos, Salete Campos e Neide Sirotheau Corrêa. Tenores: Antônio Waughan, Laurimar Leal e Vicente Fonseca. Baixos: Augusto Simões, Tadeu Maia, Nelson Meira e José Wilson Fonseca. Piano: Wilson Fonseca. Regência: Wilde Fonseca). Há, ainda, participações da Orquestra Sinfônica Nacional e Coro da Rádio MEC – Regência: Nelson Nilo Hack, do Rio de Janeiro (na gravação, em disco, do “Hino de Santarém” – letra: Paulo Rodrigues dos Santos; e música: Wilson Fonseca); do Coro da Catedral de Santarém, inclusive do tenor, solista, Expedito Toscano (na gravação de registro, em fita magnética); Laudelino Silva (cavaquinho), Edenmar Machado – Machadinho (voz e violão) e Moacyr Santos (violão); João Otaviano Matos Neto (canto); João Luís Sarmento (canto); e da Orquestra e Coro Edison Marinho (Rio de Janeiro), no acompanhamento do cantor Jefferson Ribeiro (na gravação, em disco, da “Canção de Minha Saudade” – letra: Wilmar Fonseca; e música: Wilson Fonseca).
No “Meu Baú Mocorongo” (p. 339-357, volume 1) também há substancioso registro sobre “Semana de Santarém”, inclusive com as programações respectivas e o noticiário da imprensa.
Transcrevo adiante as letras das músicas vencedoras do 1º Festival da Música Popular do Baixo-Amazonas, em cada gênero, conforme registros no “Meu Baú Mocorongo” (Wilson Fonseca):
CORINA
Letra: Edwaldo Campos
Música: Renato Siqueira
Corina, menina,
Dos olhos verdes, sem iguais.
Corina, menina,
Tua beleza é demais… demais!…
É mais que um mar de esperança
É uma eterna aliança
De dois desiguais
És do sonho a ventura,
Do amor a procura
E de tudo isso és mais.
Você é Corina, meu amor,
Minha rima, minha flor
E de tudo muito mais e mais…
Corina, menina,
Dos olhos verdes sem iguais.
Corina menina,
Tua beleza é demais!…
Corina é uma fada
Ao meu lado sentada,
Fazendo me perder
Em sua beleza amada.
Sim, amada por mim
De um amor sem fim
Oh! Corina meu amor
Te quero sempre assim, assim…
Corina, menina,
Dos olhos verdes sem iguais
Corina menina,
Tua beleza é demais, demais!…
…
LOUCO FUI DEMAIS
Letra e música: Marcília de Souza
Você me pediu para ficar,
Mas creia que não vou atender;
Louco fui demais,
Em me apaixonar
Por você,
Que só me fez sofrer.
Agora é tarde…
Não vale a pena chorar,
Nem fazer alarde;
Pois outro amor
Eu irei procurar!
Você ao meu lado,
Nada mais representa
Pra mim…
Esqueça agora o passado,
Tudo entre nós
Já chegou ao fim.
…
E NUNCA MAIS SAIR DO TEU CAMINHO
Letra e música: Fátima Oliveira
Quisera ser
A garota dos teus sonhos
Para viver
Bem feliz perto de ti
E nunca mais
Pensar em tristezas
E relembrar
O dia em que te vi.
Quisera ser
A garota dos teus sonhos
Para viver
Bem feliz perto de ti
E só pensar
Que eu te amo com loucura
E que eu te entrego
O meu amor, minha ternura
E que eu sou a garota dos teus sonhos
Para te ofertar um pouco de carinho
E nunca mais sair,
E nunca mais sair,
E nunca mais sair do teu caminho.
…
CORRIDA
Letra e música: Antônio Waughan
Corrida disparada,
num impulso sem parar
irmãos de mãos lutando
lado a lado sem cessar.
Progresso que desponta
na Amazônia que é de fé,
o gigante se levanta.
Pra corrida está de pé.
Se vê a Transamazônica, mais quente,
Curuá-Una, pra frente,
Santarém-Cuiabá é presente,
o sonho se torna realidade,
o Brasil país de verdade,
sucesso à liberdade.
O páreo assinalado
pra corrida da vitória;
pra frente entusiasmado,
pois o dia é de glória.
O jóquei ganhou tudo,
com a corrida com desdém,
houve hurras de vitória.
Coube o prêmio a Santarém.
…
IEMANJÁ
Letra e música: João Sílvio e Íris Fona
Eu vivo a sonhar
nas ondas do mar
buscando te encontrar
no fundo do abismo
o reino de Iemanjá
no fundo do mar
reina Iemanjá.
Tal curupira nas matas
Está a Iara nas águas
Iemanjá ô ô Iemanjá
preciso te encontrar
Quero que faças
Oh! virgem das águas
o meu amor voltar.
…
VIDA DE CABOCLO
Letra e música: Maria Alciete Lemos Neves
Caboclo é mui feliz,
Vive sem pensar,
Pois nunca tem problemas
E nem preocupação, ó seu João.
Só a caboclinha que o faz meditar,
se numa festa esteve com ele a dançar.
É vida boa João,
pois vive sempre a cantar
quer na choupana ou na lagoa a pescar.
Se trazes bóia, tu ris
se não a trazes, ris também;
pois tens em casa uma cuia de chibé.
Uma boa rede, a bandurra e o violão,
faz alegrar o coração do seu João.
…
… E A VIDA PASSA
Letra e música: Odemar Alves de Souza
Vento que vem
Vento que vai
Saudade pra quem fica
Saudade para quem vai…
Caminho florido
Todo coberto de flor
Caminho cheio de espinhos
onde flor nunca brotou…
Vida mansa, vida boa
Vida cheia de amor
Vida triste e tão sofrida
Cheia de mágoa e de dor…
Vento que vem
Vento que vai
Saudade pra quem fica
Saudade para quem vai…
Um sorriso de criança
A pureza de uma flor
Rosto cheio de encanto
Flor que já desabrochou
Uma lágrima rolando
É a marca de uma dor
Sofre alguém que entre tantos
Por esta vida passou…
…
CHICO BRASILEIRO
Letra e música: Otacílio Amaral Filho
Manhã de sol, Chico vai pro mercado,
Manhã de sol, Chico volta carregado,
Manhã de sol, é bem empregado,
Manhã de sol, Chico recebeu ordenado.
Tem felicidade, fim de mês
E a turma do Chico, canta viva outra vez!
É fim de mês, é fim de mês.
É fim de mês, é fim de mês.
Mas só Chico sabe, pobre coitado,
Quanta coisa pra fazer com o seu ordenado;
Tem o Zé da esquina,
Tem a televisão,
A roupa das meninas
E o aluguel da mansão.
Tem felicidade, fim de mês
E a turma do Chico, canta viva outra vez!
É fim de mês, é fim de mês.
É fim de mês, é fim de mês.
Chico já chegando, pensando esgotado,
Hoje só vive bem, quem é organizado,
Tem a gasolina,
Tem a criação,
O colégio das meninas
E o diabo do fogão!
Tem felicidade, fim de mês
Manhã de sol, Chico vai pro mercado,
Manhã de sol, Chico volta carregado,
Manhã de sol, Chico chora preocupado,
Mas ninguém sabe; Chico é bem empregado.
Tem felicidade, fim de mês
Contudo enfim, Chico é bem feliz,
Ajuda o próximo e sempre diz,
Que o infeliz é aquele que diz
Que vida é infeliz, infeliz.
Tem felicidade, fim de mês
Chico espera um dia a sorte lhe sorrir,
Cantará então alegre, quando do mercado vir.
Tem felicidade, fim de mês
E a turma do Chico, canta viva outra vez!
É fim de mês, é fim de mês.
É fim de mês, é fim de mês.
…
ROSA MARIA
Letra e música: Arnoldo Batista Figueira
Lá, iá, lá, lá, iá, lá, iá etc.
Rosa
Seu nome chamava-se Rosa Maria
A gente que viu, só conhece Maria,
Quem passa por ela, repete que não
Mas a Rosa tão moça, tão rosa, tão bela
Da rua, na rua, não é mais aquela
Que a gente corria pra ver no portão…
A Rosa chora, mas da vida não desiste
Primavera é quem persiste
Tem direito de chegar
Porém mais triste, que Maria, minha gente
Quem se esquece não desmente
No portão não tem lugar…
Lá, iá, lá, lá, iá, lá, iá etc.
O namorado não conhece mais Maria,
Tem vergonha dessa Rosa,
Que a cidade desfolhou
Mas a Maria sabe Deus como ela chora
Primavera não demora…
Pôs a Rosa no lugar…
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* Santareno, é magistrado, compositor e professor universitário. Reside em Belém.
Parabéns! A matéria nos ajudou a relembrar esse evento histórico para a música e cultura próprias de Santarém. Obrigado.
Muito boa a matéria. Estava eu fuçando o Google e me deparei com com essa lembrança. Sou filha da Marcília ganhadora do 2° lugar do festival. Umas das lembranças que ficaram de minha falecida mãe foi sei instrumento de trabalho (o estimável acordeon) e o prêmio do festival um Uirapuru de ouro.
Parabéns por esse tesouro publicado.
Tinha 10 anos e vi minha mãe ganhar o segundo lugar.(Íris Fonna).
Esse tesouro deveria estar exposto no Museu João Fonna, pois muitos Santarenos não conhecem essa história.
É sempre bom estudar um pouco da nossa música popular paraense, tão rica, animada e bela. Obrigada.
Linda matéria, legal ler um artigo rico em cultura como essa da Pérola do Tapajós,
Parabéns Vicente Fonseca
EM TEMPO: Não faz o meu estilo andar buscando fama de maneira desesperada. Apenas disse o que falei acima, por questão de respeito aos fatos.
jwmf.
Devo, por questão de justiça e amor à verdade, acrescentar. Meu pai, em seu Baú Mocorongo, atribui a mim, com toda razão, participação decisiva no dito festival. Fui eu quem consegui, sozinho, perante o Capitão Elmano de Moura Melo, todo o material para construção do palco, no Cine Olímpia, supervisionei toda construção, que que Vicente morava em Belém.
Fui eu, também, que salvei o Vicente, quando ele pegou um tapa do Apolonildo Brito, também organizador do Festival, ali na pracinha, junto do ex-Trapiche, chegando até a enfrentar o agressor armado, já que Vicente saiu correndo para casa, com medo, e chamando-me como irmão mais velho. Hoje, tenho bons e respeitosos relacionamentos com Apolonildo. Coisas de juventude.
Fiz parte, também, com Dona Nélia Toscano e outros, da Comissão que fez a triagem das músicas, selecionando aquelas que julgávamos melhores para concorrer. Isto foi feito no Seminário Pio X, de tarde.
Vou contar, oportunamente, com detalhes, a estória do Cantor Cyll Farney e o Maestro Adelermo Matos, que veio de Belém para treiná-lo para o festival. Presenciei tudo. É bom que se deixe consignado isso tudo para a história.
Esse José Wilson, que imagino ser irmão do Vicente Fonseca, autor do maravilhoso artigo sobre o histórico Festival, parece ter muita inveja de seu irmão. Lamentável.