A morte do conteúdo, por Alailson Muniz

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conteúdo e redes sociais

por Alaílson Muniz (*)

Agoniza a construção da notícia e da informação em tempos de redes sociais.

Hoje, tudo tem que ser rápido e curto. Uma imagem sozinha já é considerada notícia. A leitura de uma manchete é o limite para o leitor fundamentar sua crítica, sua opinião e garantir a segurança de conhecimento.

A notícia não é assimilada e absorvida por critérios como: quem a fez? Como foi feita? Quem foi ouvido? Qual contraponto? Etc.

A sua importância é medida pela quantidade de público atraído.

A notícia é julgada pelo número de curtidas, de visualizações, compartilhamentos ou de comentários. Dessa forma, o “sucesso” da notícia foge da excelência das mãos de quem a fez e deságua na ‘terra sem lei’ que hoje se transformou a internet no Brasil.

Textões explicativos e bem trabalhados se tornaram sinônimo de chatice e perda de tempo.

O fato pode ser um deboche, uma discussão, um comentário polêmico ou até uma mentira, mas rapidamente se torna algo probo, notório e ‘verdadeiro’ pelo número de reações e compartilhamentos que ele causou.

O conteúdo agoniza diante da força da vitrine.

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* É jornalista, blogueiro e pai da Valentina.


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4 Comentários em A morte do conteúdo, por Alailson Muniz

  • Não abro mão dos meus “textões”.

    Ainda acredito que um texto bem escrito pode atrair até mesmo o leitor mais irascível e conduzí-lo do prólogo ao epílogo de uma redação.
    Quem lida com as ferramentas virtuais, pode abusar também dos hipertertextos, ou seja, os links que remetem a informações suplementares.
    Quem escreve não pode se limitar aos “grunhidos” do Twitter, como diria Saramago. Mas tem que estar atento com esse “leitor preguiçoso” das redes sociais, que precisa ser estimulado, com um texto leve, conciso, sem abdicar da informação.
    Os jornalistas Eliane Brum e Leonardo Sakamoto, são exemplos de textos que seduzem e nos levam a digerir parágrafos e parágrafos horas a fio.
    Quem se contenta com manchetes, pode ser facilmente manipulado pelos fakenews. O pior é compartilhar aquilo que ele entendeu de forma rasteira ou consumiu sem saber que era verdade.
    Enquanto houver aqueles que lutam pelos “textões”, sem que sejam enfadonhos, ainda haverá esperança de vida inteligente nas redes sociais.

    P. S. Até para um simples comentário, não abro mão de um “textão”…

  • São de textos sem conteúdo que saem a grande maioria das fake news em circulação na rede. Perdemos aos poucos o hábito de leitura mais aprofundada.

    1. Concordo, Celivaldo. Falta de conteúdo, falta de cultura. Por isso estamos formando pessoas desinformadas e desaculturadas, sem conteúdo. É minha opinião! Mas, respeito a sua, Alailson.

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