por Rui Alho (*)
Cara governadora Ana Júlia,
O motivo de minha carta é um alerta. Cuidado! Muito cuidado com a celeuma em torno de Belo Monte. A senhora pode entrar para a história de nosso estado como a governante que ficou ao lado do seu povo, ou ao contrário.
Belo Monte é uma obra que em princípio enche os olhos dos tolos e dos espertos, que já se articulam nos bastidores para dividir o butim. Qualquer cidadão, pleno de conhecimento e juízo, consegue entender o tamanho do impacto que uma obra dessa envergadura trará aos rios, à fauna, à flora, aos povos das cidades e aos povos da floresta (povos esquecidos da floresta).
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Os néscios pensam nos empregos, nas ingênuas oportunidades de negócios, e acham que finalmente Deus, o governo e as empreiteiras se lembraram desse povo tão esquecido, às margens de rodovias inacabadas, que por décadas esperam por asfalto; desse povo às margens de rios longínquos, onde a distância e o isolamento fazem analfabetos, fazem terras sem lei, pistolagem, grilagem, exploração ilegal de madeira e minérios, fazem os índices de mortalidade crescerem e fazem os irmãos do sul terem vergonha dos irmãos do norte.
Para as empreiteiras, é a sopa no mel. Lucros, superfaturamento, aditamentos em contratos, prazos não cumpridos, licitações fraudulentas, gordas comissões aos políticos, escândalos eleitorais e tudo que já estamos acostumados a ver e a sentir. Aliás, nós o povo paraense temos larga experiência no assunto, pois sempre sofremos as consequências da partilha do nosso estado, desde os tempos da ditadura, pelo poder central, em megaprojetos, a troco de algumas migalhas.
Foi assim em Tucuruí, foi assim em Carajás, foi assim em Porto Trombetas e em tantos outros lugares deste belo estado amazônico. Ficamos sempre com a degradação ambiental, miséria, caos social, trabalho escravo, prostituição infantil, Eldorados dos Carajás da vida, e o nosso estado envergonhando os demais, que escancaram nossas mazelas em suas manchetes.
Pois é, governadora, agora o nosso Brasil rapidamente se desenvolve, sua fome por energia é grande, pois somos um país emergente, precisamos com urgência de energia para continuar crescendo, e eis que o destino do país se cruza com o destino do nosso estado. O que fazer? Os estudos são controversos, os sábios opinam, a sociedade está confusa e dividida. E aí governadora? Será que devemos ser do contra, ou entregar o ouro pro bandido?
Afinal de contas a senhora é a autoridade máxima, é quem dá as cartas, e pra complicar as coisas é do mesmo partido, e amiga do presidente Lula, que quer porque quer a famigerada hidrelétrica. E agora José?
Governadora, sei que a senhora tem consciência do hiperimpacto ambiental que teremos, sei logicamente que como brasileira também avalia as necessidades energéticas do país. Pois bem querida, governadora, é nesse ponto que eu quero chegar. Se o pior acontecer, não venda barato esse nosso potencial. Não dê nada de mão beijada, como no passado! Peça como contrapartida uma fábrica de automóveis para Belém, uma fábrica de televisores para Itaituba, uma universidade (universidade de verdade) para Altamira, que asfaltem todas as ruas de Altamira, que Altamira ganhe esgoto e água tratada, que Anapu não precise nunca mais de mártires, que asfaltem a Transamazônica e a Santarém-Cuiabá, que a cidade de Curuá (sabe onde fica?) ganhe hospital com médicos, que Prainha tenha um porto decente (até parece que é só Prainha), centros de tecnologia em Oriximiná, polo moveleiro em Placas, recuperação de áreas degradadas, reflorestamentos, escolas públicas de qualidade, e que essa nossa Amazônia vilipendiada, explorada, abandonada e ignorada finalmente possa ser ouvida, e tirar algum proveito da situação.
Portanto, governadora, a hora é esta! Faça-se de gostosa! Faça-se de rogada, blefe, coloque dificuldade, finja que não quer mais! Vire a mesa! Recue! Diga que vai ouvir o Cameron, os índios, as Ongs! Negocie! Regateie. Chore. Peça ao presidente que coloque no papel o que nós vamos ganhar em troca.
Que indústrias, que hospitais, que portos, que aeroportos, que rodovias, que centros universitários, que saneamento, que urbanização nossas cidades terão? Peça a ele que divulgue em outdoors, publique nos jornais e anuncie na TV o quê o Pará vai ganhar. Desta vez, eles estão em nossas mãos, não tenha dó! Fique do nosso lado.
Tenha certeza de uma coisa, cara governadora, a energia não será para nós; sairá de Altamira em forma de linhão, passará sobre nossas cabeças, e rumará ao Brasil que tem vergonha de nós!
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* É santareno e médico. Vive nesta cidade.
Doutor Rui, o Sr pode incluir na sua lista de pedidos uma bola basquete pra mim e uma bicicleta da caloi pro meu irmão.
Parece que se o discurso for pro Brasil não parar de crescer (sem distinção de que parte dele irá realmente desenvolver-se) tá valendo até não cumprir as leis; e da parte do judiciário, valendo até não fazer cumprir as leis. A turma que irá sofrer as consequências diretas e as menos diretas dessa obra tá argumentando que o que se fez de discussão pública do assunto só serviu pra dizer que os trâmites legais foram cumpridos. Mas que na realidade a conclusão do governo de que o impacto é bem menor do que a reclamação é o resultado de um rolo compressor que compactou a democracia e o sentido da lei ambiental que exige estudos e audiência públicas sobre toda obra impactante.
Esse é o único caminho possível para oferecer energia para o país, disse o Governo federal. Essa conclusão e a pressa em fazer logo (e ai a pressa não é só do governo, mas dos mega-empresários, que por sua vez alimentam e turbinam os maus políticos (com dinheiro pra campanha e outras cositas). Desse pessoal não se espera ponderação, calma, debate público, responsabilidade com o restante dos interessados. Seus interesses vão geram argumentos que se tem sempre que duvidar antes de se tomar como legítimos – é uma questão natural.
Quanto ao texto que provoca esse discussão no blog, digo que Dr. Rui começa muito bem, ponderando sobre as consequências negativas para, principalmente, quem vai ser inevitavelmente atingido em cheio pelas implicações ruins da obra. Mas ao fim o toma o mesmo rumo dos demais defensores da hidrelétrica. E pra isso parte da rendição do pensamento do que é justo para as compensações econômicas e sociais para todos os municípios do Estado – para ser justo.
Isso apaga a preocupação ambiental e social da Amazônia, porque no fundo não se discute com isso só Belo Monte, mas esse modelo para a Amazônia – ou se imagina ingenuamente que essa sede de energia elétrica vai se satisfazer com Belo Monte e rio Madeira, ou, mesmo, são Luiz do Tapajós?
Estaríamos, como os demais, pretendendo apenas levar algo da situação, e não devemos entrar nessa.
Meu caro doutor, e demais comentaristas, todos aqueles serviços elencados devem ser reivindicados porque precisamos de alternativas pro nosso dia a dia de abandono estatal, porém não estamos aqui pra negociar isso a qualquer custo, mas para exigi-los do Estado como dever.
A discussão, o debate, a contestação devem ser feitos pelo que a obra é, pelo caminho que se está seguindo, e pela forma como isso é feito.
Não gostaria de ver a discussão de Belo Monte partir pro lado da vantagem que nós de Santarém ou Itaituba teremos com uma obra impactante (São Luiz do Tapajós tá bem mais perto de nós). Afinal, isso não imuniza o caos que se tornará aquela região com impacto social (o qual não entra nunca com peso nessas avaliações de impacto ambiental), como se o meio ambiente integrado apenas pelo que é natural.
Contudo, isso também não deve nos afastar da discussão, pois no fundo deve estar a discussão do modelo que foi escolhido para gerar energia. Esse modelo tem foco na Amazônia. Se for aprovado e aclamado pelos amazônidas e seus hóspedes vai se reproduzir em dezenas. E ao contrário do que boa parte da população brasileira imagina, tem densidade humana em todo parte da Amazônia – urbana e não urbana. São seres humanos que devem ser levados em conta. Em conta não apenas na vantagem econômica, como alguém que tem que levar algo em troca da mudança radical de sua vida. Afinal, a cultura, o modo que se vive, a relação entre os parentes e as famílias é patrimônio das comunidades do entorno do projeto. Sobre elas deve se abalar a ditadura da maioria? É assim? O Brasil, os brasileiros, precisam que suas vidas mudem em nome do crescimento e “desenvolvimento” de um Brasil que nunca conhecerão? E o centro urbano deve ser varrido pelos mal dos grandes projetos de alimentação da indústria nacional e, principalmente, internacional (isso envolve a mineração).
As experiências com projetos nesses moldes exigem das autoridades o cumprimento das audiências públicas com os prováveis atingidos, da mesma forma que com os atingidos diretamente.
Não se trata de barganhar. Não se trata de quanto ganhamos todos com isso.
Nesse caso o pragmatismo só servirá à sedução do projeto, como acontece em Juruti.
É muito claro que aquelas obras e serviços elencados pelo Dr. Rui (que merece respeito pela preocupação coletiva que expressa) não virão, chorando ou rindo a governadora do Estado diante do Projeto de Aceleração do Governo.
E energia limpa é um termo muito relativo para falar de hidrelétrica. A água pode ser limpa, e as instalações da hidrelétrica convidar para tirar uma foto como a hidrelétrica de Tucurui. Porém, as consequências sociais devem entrar nessa conta de teor de pureza (limpeza).
Não pretendo dar uma de técnico pra indicar qual a solução pra gerar a energia que a indústria pede. Mas é disso que se trata o principal questionamento. Estão questionando o projeto. Se as audiências (o termo teria o sentido de ouvir) previstas na lei não forem só pra enganar a população interessada, caberá aos espertos do assunto apontarem soluções ou outras direções. Isso não caberá (sob pena de se agir burramente) às pessoas simples, aos administrados do Estado brasileiro que tão vendo erros na coisa; aos que percebem erro no resultado da máquina mas não são obrigados a conhecer da sua engenharia para poder expressar sua observação, sua opinião. Enfim, quando se conclui que somente existe um caminho, o ser humano deve desconfiar de si mesmo, pois certamente existem outros.
Sinto desapontar em não ser eu quem vai dizer onde estão as alternativas, sem que isso me obrigue a concordar com o erro.
É uma pena ter que dizer isso (pode parecer passar um atestado de incompetência coletivo), mas espero que outra estrela internacional visite a Amazônia, dessa vez para tomar parte no festival do Tucunaré de São Luiz (o qual pretendo logo conhecer) e chamar a atenção do nosso povo para o projeto de hidrelétrica ali também. Hoje, a frustração da economia e dos problemas sociais da cidade de Itaituba estão sendo paulatina mas fervorasamente encaminhados para o sonho da hidrelétrica, da grande obra do Tapajós, redenção daquela população frente ao desemprego e incompetência política para projetos que ultrapassem dois anos (entre safra eleitoral), e que apontam para grandes projetos alheios à população local como soluções mágicas para os nossos problemas.
Muito bem Dr. Rui, estou orgulhosa de você, defendendo com gabarito nossa rica Amazonia!!!
Bjão.
Dra. Elvira Lédo.
CARO AMIGO RUI:
VISTO QUE TE CONHEÇO E SEMPRE CONVERSAMOS, NÃO FOI SURPRESA LER UM TEXTO MARAVILHOSO COMO O TEU, CENTRADO, COERENTE, MUITO BEM ESCRITO E EXPRESSANDO SUA ILUMINADA VISÃO DE QUEM É BEM INFORMADO E DOTADO DE CONCIÊNCIA CRÍTICA PRUDENTE. AH SE A GOVERNADORA TE DESSES OUVIDOS, AH SE A MAIORIA DOS POLITICOS OLHASSEM AS COISAS PELO MESMO PRISMA PELO QUAL ENXERGA O CIDADÃO COMUM, O CONTRIBUINTE.
COLOCASTES PRA FORA A BRAVURA E O ENGAJAMENTO DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO DOS ANOS 70 E 80 QUE FOSTES E QUE FUI. QUE O TEU EXEMPLO CONTAGIE OS UNIVERSITÁRIOS DE HOJE E QUE OS FAÇA ESQUECER MOMENTANEAMENTE AS FEIJOADAS E OS SHOWS DE BANDAS DE FORRÓ E SENTEM À MESA PARA DISCUTIR E OPINAR SOBRE ALGO QUE PODE INFLUENCIAR A VIDA DE MUITAS GERAÇÕES FUTURAS.
RUI, TRADICIONALMENTE OS POVOS AMAZONIDAS NUNCA FORAM CONSULTADOS SOBRE TUDO QUE JÁ SE QUIS FAZER POR AQUI E QUANDO O FOI, FOI SOMENTE PARA INGLÊS VER. BETTENDORF JUNTOU PRINCIPALMENTE JOVENS DE VÁRIAS ETINÍAS, NUM ÚNICO ARRAIAL SEM NENHUMA PREOCUPAÇÃO COM O QUE PODERIA ADVIR. TODOS OS GRANDES PROJETOS DO PERÍODO DE CHUMBO, JAMAIS LEVARAM EM CONTA O POVO QUE JÁ ESTAVA AQUI, OS RESULTADOS ESTÃO AOS NOSSOS OLHOS, QUASE NENHUM PROGRESSO PARA A REGIÃO E A FORMAÇÃO EM FRENTE A TODOS ELES DE UM CHAMADO BEIRADÃO, COM MAZELAS SOCIAIS IMENSURÁVEIS. RECENTEMENTE A EMPRESA CAMARGO CORREA CHEGOU COM A PRIMEIRA LEVA DE TRABALHADORES NA PACATA E INOCENTE JURUTI, TROUXE 6 MIL HOMENS DE UMA SÓ VEZ, TUDO EM NOME DO PROGRESSO E AI FIQUE IMAGINANDO OU PERGUNTE A QUEM MORA LÁ, O QUE ACONTECEU A SEGUIR.
A JORNALISTA MIRIAM LEITÃO ESCREVEU UM ARTIGO NO JORNAL O GLOBO QUE LEVANTA QUESTIONAMENTOS IMPORTANTES SOBRE A HIDOELÉTRICA DE BELOMONTE. DIZ FICAR PREOCUPADA COM A PRESSA DO GOVERNO EM APROVAR A EXECUÇÃO DA OBRA HÁ PRATICAMENTE 6 MESES DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS. REGISTRA EM SEU ARTIGO QUE A VICE-PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA, DÉBORA DUPRAT, OFICIOU O BNDS COM VÁRIAS INDAGAÇÕES ENTRE ELAS SE O BANCO FEZ ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO E SE PESOU O CUSTO DE DESLOCAR 50 MIL PESSOAS. ELA TAMBÉM DIZ QUE É PROPALADO QUE A HIDROELÉTRICA SERÁ A TERCEIRA DO MUNDO E QUE PRODUZIRÁ 11 MIL MW, PORÉM AFIRMA A ARTICULISTA QUE ESTES DADOS SÃO CONTESTADOS POR TÉCNICOS E QUE A PRODUÇÃO MÉDIA DE BELOMONTE MAL PASSARÁ DE 4 MIIL MW E POR 3 OU 4 MESES DO ANO PODE SER DE MENOS 1 MIL MW, PELO REGIME DAS AGUAS DO RIO QUE TODOS QUE MORAMOS NA AMAZÔNIA CONHECEMOS PERFEITAMENTE ESTAS VARIAÇÕES DE NIVEIS HIDRICOS. A JORNALISTA PUBLICA DADOS DIGNOS DE REFLEXÃO, DIZ QUE A ALEMANHA NO FINAL DE 2009, TINHA 25 MW DE ENERGIA EÓLICA. A ESPANHA 19.150 MW. EM TODA UNIÃO EUROPÉIA 75 MIL MW. OS ESTADOS UNIDOS TÊM 35 MIL MW. SERÁ QUE NO BRASIL NÃO TEMOS VENTO SUFICENTE PARA SUPERAR ESSES NÚMEROS. ISSO SEM FALAR NO POTENCIAL FOTOVOLTÁICO (SOLAR) DO BRASIL. A JORNALISTA FINALIZA: “ENFIM, QUEM PENSA QUE SÓ EXISTE BARRAGEM OU FÓSSIL, PRECISA URGENTEMENTE ATUALIZAR SEUS CONCEITOS”
NÃO SOU CONTRA TOTALMENTE A CONSTRUÇÃO DA HIDROELÉTRICA, PORÉM SOU TOTALMENTE A FAVOR DO MEU AMIGO RUI, SE É PRA SAIR QUE OS BEIRADEIROS, OS VARJEIROS, OS FILHOS DO BEIRADÃO, OS AMAZÔNIDAS, SEJAM MUITO BEM RECOMPENSADOS POR TUDO QUE POSSAM PERDER COM A MESMA E QUE SEJAM ASSEGURADOS PRINCIPALMENTE INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO E FORMAS DE OBTENÇÃO DE RENDA, SALÁRIO E MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA.
R
Cara governadora Ana Júlia,
O motivo de minha carta é um alerta. Cuidado! Muito cuidado, mas cuidado mesmo com a celeuma em torno do Polo Energetico do Tapajos. A senhora pode entrar para a história de nosso estado como a governante que ficou ao lado do seu povo, ou ao contrário.
Essas Plataformas são obras que em princípio enchem os olhos dos tolos e dos espertos, que já se articulam nos bastidores para dividir o butim. Qualquer cidadão, pleno de conhecimento e juízo, consegue entender o tamanho do impacto que uma obra dessa envergadura trará aos rios, à fauna, à flora, aos povos das cidades e aos povos da floresta (povos esquecidos da floresta).
Os néscios pensam nos empregos, nas ingênuas oportunidades de negócios, e acham que finalmente Deus, o governo e as empreiteiras se lembraram desse povo tão esquecido, às margens de rodovias semi-acabadas, que por anos esperam por mais asfalto; desse povo às margens de rios longínquos, onde a distância e o isolamento fazem analfabetos, fazem terras sem lei, pistolagem, grilagem, exploração ilegal de madeira e minérios, fazem os índices de mortalidade crescerem e fazem os irmãos do sul terem vergonha dos irmãos do norte.
Para as empreiteiras, é a sopa no mel. Lucros, superfaturamento, aditamentos em contratos, prazos não cumpridos, licitações fraudulentas, gordas comissões aos políticos, escândalos eleitorais e tudo que já estamos acostumados a ver e a sentir. Aliás, nós o povo paraense temos larga experiência no assunto, pois sempre sofremos as consequências da partilha do nosso estado, desde os tempos da ditadura, digo desde sempre, pelo poder central, em megaprojetos, a troco de algumas migalhas.
Foi assim em Tucuruí, foi assim em Carajás, foi assim em Porto Trombetas mas Belo Monte foi diferente. Well, os Kaiapos ficaram muito puto mas nao se pode satisfazer gregos e troianos. Andaram falando que a biodiversidade do planeta diminuiu, mas isso é papo de gente do contra. Agora aqui no Pará ta todo mundo com seu carro, a fabrica da Volkswagem facilitou e o planeta terra agradeceu. Com a fabrica de TV de Altamira todo mundo tem uma tv em cada quarto e assim podemos assistir o Big Brother sem ouvir os comentarios das minhas irmãs e vizinhas que antes vinham assistir aqui em casa.
Pois é, governadora, agora o nosso Brasil mais rapidamente se desenvolve, sua fome por energia é ainda maior, Egua, “tamo” quase fazendo parte do primeiro mundo e precisamos com urgência de mais energia para entrarmos no grupo dos 7 que logo será grupo dos 8, e eis que o destino do país se cruza com o destino do nosso estado. O que fazer? Os estudos são controversos, os sábios opinam, a sociedade está confusa e dividida. E aí governadora? Será que devemos ser do contra, ou entregar o ouro pro bandido? Han han ham!
Afinal de contas a senhora é a autoridade máxima, é quem dá as cartas, e pra complicar as coisas é do mesmo partido, e amiga da presidente Dilma Russef, que quer porque quer a famigerada hidrelétrica. E agora José?
Governadora, sei que a senhora tem consciência do hiperimpacto ambiental que teremos, sei logicamente que como brasileira também avalia as necessidades energéticas do país. Pois bem queridissima governadora, é nesse ponto que eu quero chegar, não o ponto G de gil. Se o pior acontecer, não venda barato esse nosso potencial. Não dê nada de mão beijada, novamente bote banca! Para Itaituba, outra universidade de verdade; Para aveiro uma fabrica de automoveis da Fiat , que asfaltem todas as ruas de Fordlandia. Varias piscinas artificiais com agua tratada para alter do chão, que terminem de asfaltar a Transamazônica e a Santarém-Cuiabá, emancipe a vila de Boim (sabe onde fica?) e coloque um hospital , que Santarem tenha um porto decente (até parece que é só Santarem), um polo petro-quimico em Pajussara(essa eu curti); polo moveleiro em Belterra, recuperação de áreas degradadas, reflorestamentos, escolas públicas de qualidade, e que essa nossa Amazônia vilipendiada, explorada, abandonada e ignorada finalmente possa ser ouvida, e tirar algum proveito da situação.
Portanto, governadora, a hora é esta! Faça-se de gostosa, muito gostosa! Faça-se de rogada, blefe, coloque dificuldade, finja que não quer mais! Vire a mesa! quebre as garrafas, Recue! Diga que vai ouvir o Espanta Cão, o Apolinario, os índios, as Ongs! Negocie! Regateie. Chore, berre. Peça a presidente que coloque no papel o que nós vamos ganhar em troca.
Mais indústrias, hospitais, portos, aeroportos, rodovias, centros universitários, saneamento, que urbanização nossas cidades terão? Peça a ela que divulgue em outdoors, publique nos jornais e anuncie na TV o quê o Pará vai ganhar. Desta vez, eles estão em nossas mãos, não tenha dó! Fique do nosso lado. “Somos todos iguais nesta noite”.
Tenha certeza de uma coisa, cara governadora, preste bem atenção a energia não será para nós; sairá do alto Tapajos em forma de linhão, nem passará sobre nossas cabeças, e rumará ao Brasil que tem vergonha de nós! Mas quem ri por ultimo ri melhor, (ou melhor atrasado).
Ficamos sempre com a degradação ambiental, miséria, caos social, trabalho escravo, prostituição infantil, Eldorados dos Carajás da vida, e o nosso estado envergonhando um pouco menos, tamo chegando lá (sabe onde fica?).
Ushuaushuaushua!!!!
Haaaa, obrigado pelo Navegapará, aqui em casa a internet voa.
Queridissima, dá pra dar uma bola de futebol pra mim e outra bicicleta pro meu irmao???
Para os que dizem que não há melhor opção que Belo Monte, procurem edição especial da Caros Amigos sobre o Tema meio ambiente, se não me engano publicada em 2008. Segundo os mais renomados cientistas da área, a atualização das linhas de transmissão e das usinas já existentes no país, geraria uma quantidade de energia maior que Belo Monstro e seria sim a alternativa mais viável, social, ambiental e economicamente, mas não podemos esquecer que tal alternativa não agrada aqueles que pagaram e pagam boa parte das campanhas políticas deste país.
Olá Rui, muito rico o seu artigo, pleno de informações e de ponderações que não deveriam ser esquecidas. De fato a construção de Belo Monte deve ser cuidadosamente tratada, avaliada e ter mitigados seus múltiplos efeitos. Coincidentemente, escrevi vários artigos sobre a usina no meu blog, inclusive alertando para graves impactos sociais no Pará. O último foi publicado hoje mesmo pelo Jornal da Câmara. Se quiser dar uma olha, o blogo está neste endereço : https://nilsonpinto.wordpress.com/
Bela carta Dr. Rui, pena que endereçada a pessoa errada. A governadora está mais perdida que cachorro em caminhão de mudança. A essa altura do campeonato sua única preocupação é manter a máquina funcionando a fim de garantir sua reeleição, para infelicidade geral do Pará. Essa é mais uma batalha perdida, Belo Monte vai ser construida, as mazelas socias aumentarão em toda região, uns poucos tirarão proveito e assim caminha a humanidade.
looser
Prezado Jeso, graças às maravilhas dos sistemas de busca e às pessoas que me ajudam rastreando as matérias, posso ver no teu blog santareno a carta do dr. Rui dirigida à governadora e os comentários que já chegam a nove. Interessante que ele faz um baita suspense, e a carta vai indo bem na critica ponderada, as menções aos desastres anteriores , Tucuruí, Carajás, Porto Trombetas, onde só as multinacionais e algumas empreiteiras ganharam, e a velha desigualdade socio economica brasileira se reproduziu mais uma vez. E, infelizmente, o dr Rui termina propondo uma barganha completamente ficticia, pois todas essas melhorias mais do que justas já deveriam ter sido feitas com os rendimentos e os impostos dos projetos anteriores… se tais coisas tivessem realmente sido colocadas no orçamento do Estado e se não houvesse tantos ralos e tão grandes. Quanto ao fato de ” do outro lado” estarem apenas ONGs ambientalistas,poucos indios e celebridades globais, é falso, pois além de muita gente em Altamira e subindo o rio até o Mato Grosso, temos o bispo Dom Erwin, e a parte da Igreja que com ele se aliou, e pelo menos dois livros de alta qualidade, feitos por dezenas de autores cada um, o primeiro em 1988 pela Comissão pro- indio de Sp e pela Prelazia do Xingu, e o segundo em 2005, editado pela Intermational Rivers, org , por mim organizado e com muitos pesquisadores, inclusive de instituições amazonicas, liderancas locais e também um procurador, tambem santareno, o dr Felicio, que se fosse consultado pela governadora, logo saberia que a barganha é inexequivel e possivemente ilegal. Meus respeitos ao autor, ao blogueiro e até aos comentaristas as vezes descalibrados.
O tema não é trivial. Uma das questões mais importantes é o porquê do sacrifício de uma região para o enriquecimento de outra. O Pará está beneficiando o Brasil e o Brasil não tem projeto para a Amazônia. Quando teve, com os Militares, era a ocupação para sua devastação. Santarém às vezes responde a sobre o que se quer para a Amazônia como quem mora em Osasco. Quero asfalto, quero Shopping, quero o modelo de consumo que levou ao aquecimento global. Mas isso porque não compreendeu o privilégio de viver na Amazônia e se vê feliz indo de vez em quando à Alter do Chão como se vai à qualquer praia já deteriorada pelo modelo predatório com que o Brasil adotou para uso de suas riquezas naturais.
O processo de Belo Monte, desrespeitoso com o povo que vive aqui, se vitorioso, é só o começo da ruína. A democracia não é para isso. As consultas públicas foram peças de teatro. Brasília só se ocupa do que a região pode gerar de energia para o sul-sudeste. Se esse modelo vencer a resistência terá de ser muito mais dura e a classe média da região, que não vê a Amazônia real, vai criticar os índios e os ribeirinhos que enfrentarão as empresas e o Governo.
O povo já ensinou os Estados muitas vezes. Belo Monte talvez venha a ser um grande exemplo de resistência cidadã multi-étnica contra o desenvolvimento a qualquer custo, desenvolvimento da energia para a produção de mais lixo, de mais consumo, de um modelo que destruiu o planeta.
Vou usar aqui as palavras da Mirika, so que pro texto do Paulo: -Concordo com tudo que vc escreveu.
Nossa!!!! o pragmatismo acompanhado de babaquice é a dieta do dia do trabalho.
Rui,
Parabéns pelas suas límpidas palavras que indicam ser oriundas de um profundo conhecimento das realidades amazônicas. Dr. Rui sua reflexão demostra a sua preocupação com o ser humano. Isso é divino e indica um posiionamento cristão. Espero que a nossa governadora se sensibilize e tenha o discernimento para decidir com sabedoria sobre essa delicada questão.
Se eu estivesse na ativa, como educador, eu levaria esse texto para a sala de aula e o discutiria com meus alunos.
Quem não tem sonhos não tem objetivos. E sem objetivos qualquer porto serve. A realidade é construída a partir dos nossos sonhos e objetivos. Além do mais esses sonhos e objetivos devem ser ecologicamente corretos.
Um abraço do,
JB
Muito bonito esse último parágrafo do André:’É impossível impedir o progresso…”, o progresso mais acelerado ainda de outras regiões não é verdade??, outro trecho..”ter como base não o sonho mas a realidade” que realidade??? a nossa? ou de outras regiões mais desenvolvidos??? Qual o imenso progresso que Juruti teve com a implantação da Alcoa “recente realidade”??? A realidade é que qdo precisamos de alumínio temos que comprar mais caro ainda…quantas opções de trabalho surgiram e continuam até hoje?? O que nossa região ganhou com mais uma obra gigantesca ??
Nós não queremos impedir o progresso, mas que o progresso seja também pra todos nós, o resto do país só nos vê quando precisam de materia prima barata, pra ser explorada, retirada e a troca é só devastação …O mundo todo não quer o desmatamento, mas continuam comprando e querendo nossa madeira nobre…e por ai vai…Nós todos que moramos nessa região queremos o desenvolvimento sim, mas com responsabilidade, não queremos mais e só contribuir com nossas riquezas pra desenvolver cada vez mais o resto do País!
Parabéns Dr.Rui pelo alerta a governadora, pelo menos fazemos nossa parte, concordo com tudo que o senhor disse…
ô Rui Alho, nos aponte então qual a solução para alimentar esse brasilsão com energia firme e barata! mas primeiro dê uma lida sobre o assunto. Não me venha com discursos ecoocos pois estes já não impressionam mais. Diga-me como vamos produzir o equivalente ao que será gerado por belo monte sem sacrificar ou prejudicar ninguém. Sabe que que é, Rui, é que já tou ficando de saco cheio com essa turma que só critica belo monte mas não apresenta alternativas.
Nestor se liga, presta atenção,
o ginecologista abriu as pernas, dessa vez da Amazonia.
Caro Nestor,
O Pará vem se vendendo muito barato meu “caboco”, entrega-se por qualquer tostão. Experimente tirar a zona franca de Manaus! Tirar royalties do petróleo do Rio! Cobrar de São Paulo um precinho melhor pela energia de Tucuruí ! Experimente vender o alcool combustível que em SP custa R$1,15 pelo mesmo preco em Santarém.
Quanto às alternativas, estas só surgirão com as discussões amplas e debates, tipo esse nosso. Chega de enfiar projetos goela abaixo da nossa gente, em troca de…, em troca de que mesmo?
Obrigado pelo seu comentário, abracos!
Rui
aplausos ao texto da carta! diria, um conselho lúcido!!!
Beth, beh acorda!
Infelizmente, a necessidade por enegia nos pespega dissabores assazmente cruéis.Vejamos quão catastrófica foi o acidente com a plataforma de petróleo no Golfo do México, exploração de petróleo em águas profundas sem a mínima estrutura para para sanar possíveis acidentes.A maior potência do mundo mostra-se incompetente para resolver e parar a enorme quantidade de óleo lançada ao mar.Já pensou se isso acontece no Brasil e nem porisso pararemos nossa exploração de petróleo em águas profundas.Inexoravelmente, Belo Monte será uma realidade.Trará muitos prejuizos ao meio ambiente e também aos nossos silvícolas.As nossas plataformas de exploraração de petróleo em águas profundas estão prestes a funcionar a todo vapor, estamos preparados para possíveis acidentes como o ocorrido em mares astecas?
Mas querida governadora, o melhor mesmo seria nao deixar o caraio acontecer.
O país precisa de novas fontes de energia limpa e economicamente viável. No momento as hidroelétricas são a solução em médio prazo. Outra solução seria usinas nucleares mas todos conhecem os riscos de vazamento, explosão e o que fazer com o lixo atômico. Sem energia o país vai parar em pouco tempo a não ser que paremos de crescer.
A construção de hidroelétricas tem um preço é claro, mas como diz o ditado não se faz omelete sem quebrar os ovos, tudo neste mundo tem um preço, nada é de graça. Problema maior é se o Brasil parar de crescer. Desemprego, fome, violência e atraso, estas serão as conseqüências e este é o preço é muito mais alto. É impossível impedir o progresso, o máximo que conseguirão é atrasar o inevitável. O idealismo para ser útil à humanidade tem que ter como base não o sonho mas a realidade.
volta pra Harvard Andre, vc esqueceu o canudo.
Gil! Esse cara tá falando do desenvolvimento do Maranhão brother!