Especialistas argentinos descobriram a substância misturada à cocaína que matou 24 pessoas na semana passada na região metropolitana de Buenos Aires: trata-se de carfentanil, um opioide de uso veterinário que é utilizado para anestesiar animais de grande porte, como elefantes e rinocerontes, segundo informou a Procuradoria Geral da Província de Buenos Aires nesta quinta-feira (10), após jornais locais publicarem a informação.
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O carfentanil é 10 mil vezes mais potente que a morfina, 100 vezes mais potente que o fentanil — substância sobre a qual recaía a suspeita inicial e da qual o carfentanil é derivado —, e 50 vezes mais potente que a heroína — o simples contato do carfentanil com a pele pode matar uma pessoa por absorção.
Na noite de terça-feira da semana passada, hospitais da periferia oeste de Buenos Aires receberam mais de 80 pessoas com graves problemas respiratórios. Entre elas, 24 morreram e o restante foi salvo após serem tratados com naloxona, antídoto usado para opioides como o fentanil que é comumente usado em salas de cirurgia como anestesia, mas potencialmente fatal se consumido sem supervisão médica.
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Durante uma semana, os especialistas procuraram fentanil ou qualquer um dos mais de 200 opioides possíveis em testes que exigiam longas horas de trabalho. Nesta quinta-feira, autoridades descartaram o uso de fentanil, que é cem vezes mais potente do que a cocaína. Mais tarde, uma fonte judicial disse ao El País que, finalmente, os especialistas tiveram sucesso: “temos dois estudos que estão dando carfentanil”.
Cocaína adulterada
Depois, uma declaração da Procuradoria Geral da Província de Buenos Aires confirmou que “dois estudos de especialistas independentes chegaram à conclusão de que a substância para aumentar o cloridrato de cocaína encontrada em várias amostras apreendidas é o carfentanil, um opioide extremamente forte”.
Os intoxicados com a cocaína adulterada a compraram em um assentamento conhecido como Puerta 8, famoso por ser o epicentro do tráfico de drogas nessa área da periferia de Buenos Aires. A presença do carfentanil no mercado ilegal de drogas na Argentina é inédita. Agora, as autoridades buscam descobrir como a substância — que é proibida na Argentina — parou nas mãos dos traficantes de drogas e o que eles buscavam com seu uso.
O quadro de intoxicação por carfentanil é semelhante ao produzido por qualquer opioide e, portanto, seu antídoto é a naloxona. A reação que os intoxicados tiveram à naloxona já havia feito os médicos suspeitarem que se tratava de uma droga mais potente que o fentanil, que ocupava sempre o primeiro lugar na lista de suspeitas porque, embora não esteja disponível em farmácias na Argentina, circula em hospitais.
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A história do carfentanil, no entanto, não está encerrada. Os especialistas agora devem procurar sua presença nas amostras biológicas forenses extraídas dos mortos. Só assim poderão estabelecer uma relação de causa e efeito entre a substância encontrada e as vítimas da cocaína envenenada.
Ao todo, dez pessoas foram presas por envolvimento na adulteração, incluindo o que seria o dono do lote adulterado, o traficante paraguaio Joaquín Aquino, conhecido como El Paisa, de 33 anos.
Com informações de O Globo
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