Lista de vegetais ameaçados de extinção no Pará será atualizada após 16 anos

Publicado em por em Boa Notícia, Pará, Política

Lista de vegetais ameaçados de extinção no Pará será atualizada após 16 anos
A reunião realizada nesta quinta (10) que oficializou a atualização da lista. Fotos: Ag.PA

Há quase 16 anos sem receber atualizações, a Lista de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção do Pará terá uma nova versão, graças à iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio).

O levantamento será realizado com o apoio do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp).

Na tarde desta quinta-feira (10), dirigentes do Ideflor-Bio e das duas instituições de pesquisa assinaram o convênio que vai permitir o início dos estudos técnicos-científicos para a revisão e atualização do inventário.

A cerimônia que formalizou a parceria ocorreu no Centro de Exposições Eduardo Galvão do Parque Zoobotânico Emílio Goeldi, em Belém. Para garantir a realização das atividades, o Ideflor-Bio fará um aporte no valor de R$ 700 mil que vai custear a pesquisa.

Já o MPEG, juntamente com a Fadesp, ficarão responsáveis por fornecer mão-de-obra especializada para o trabalho. Os recursos para a execução dos estudos são provenientes do Fundo de Compensação Ambiental do Estado do Pará (FCA).

Prazo do acordo

A partir dessa iniciativa será possível ter um panorama detalhado sobre a atual situação em que se encontra a flora amazônica, especialmente no território paraense. O acordo entre as instituições terá validade de um ano, e a expectativa é que os resultados dos estudos sejam concluídos até o segundo semestre de 2024, quando será amplamente divulgado para toda a sociedade.

O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, detalhou que a lista que ainda está em vigor, elaborada em 2007, contempla espécies como o Acapu, a Massaranduba, o Pau-Rosa, o Cedro, o Mogno, que são importantíssimas.

“Precisamos saber se elas continuam no estágio criticamente ameaçadas, se melhoraram ou se outras entraram na lista. Através desse importante trabalho científico é que poderemos avaliar o risco que essas espécies estão correndo e o que nós podemos fazer para protegê-las”, afirmou.

Nilson Pinto também lembrou que, neste ano, estão sendo festejados os 200 anos em que foi lançado o primeiro livro que cuida da natureza no Brasil, produzido por Johann Von Spix e Carl Friedrich Von Martius, publicado em Munique, na Alemanha, em 1823. A obra dos cientistas serve até hoje de referência para os estudiosos brasileiros e para o trabalho que será realizado nesta parceria.

“Não podemos permitir que se repita hoje, a tragédia do Pau-Brasil, árvore tão abundante que deu nome ao nosso país e que chegou perto da extinção no século passado”, concluiu.

Auxílio na tomada de decisões

Vale lembrar que o referido inventário é um instrumento de política pública e gestão ambiental que auxilia na tomada de decisões para a criação de Unidades de Conservação (UCs), estratégias e planos de ação para assegurar a preservação das espécies ameaçadas, atendendo acordos internacionais e metas de desenvolvimento sustentável.

O recomendável é que a lista seja atualizada no mínimo a cada 5 anos. No entanto, a última versão foi produzida em 2007. Neste sentido, há uma grande defasagem no levantamento, sendo bastante necessária a revisão e atualização do referido documento, a fim de manter a base de dados permanente e acessível para consulta pública nas plataformas digitais.

O convênio entre entidades que irão atualizar a lista foi assinado em Belém

Para o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr., a atualização da lista e o monitoramento das espécies ameaçadas tem uma importância histórica. Ele acredita, ainda, que à medida em que o Governo do Estado se alia à instituição de pesquisa, naturalmente se vincula à comunidade científica, ao conhecimento e ao protagonismo internacional.

“Isso tudo sem considerar o fato de que a Amazônia está sendo conduzida na berlinda, não apenas pela questão ambiental, mas também pelo lado socioambiental, econômico e com a crescente necessidade de desenvolvimento sustentável. Essa é uma agenda trazida pelo presidente Lula, com a ciência sendo um dos bastiões, um dos principais pilares de verticalização do conhecimento e, portanto, é absurdamente estratégica a formalização dessa parceria”, disse o dirigente.

Já o diretor-executivo da Fadesp, Roberto Ferraz, disse que a iniciativa é importante para o estado e para toda a região amazônica.

“São dados que vão contribuir para que haja o monitoramento de várias espécies que estão sendo extintas, a fim de subsidiar o poder público na tomada de decisões e, consequentemente, garanta a proteção da rica flora amazônica”, frisou.

Metodologia

A elaboração do inventário seguirá os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), os quais são consolidados em todo o mundo. As listas regionais, as quais incluem listas estaduais, possuem especificidades, mas utilizam os mesmos critérios que as listas globais ou nacionais na escala de observação desejada.

Entretanto, o levantamento que está sendo proposto será o primeiro a ser realizado em escala nacional e servirá de exemplo para o que poderá ser feito nos demais estados brasileiros.

A utilização de critérios padronizados são importantes para que a lista paraense esteja aderida às melhores práticas de conservação da natureza e possa inclusive ser ferramenta para o fomento de projetos e parcerias, com reconhecimento nacional e internacional. O diretor de Gestão da Biodiversidade do Ideflor-Bio, Crisomar Lobato, ressaltou que o estudo será feito em escala global e por meio de amostragem em todo o Pará.

“Detalhe, não é uma simples amostragem. Este é um trabalho que é desenvolvido há décadas e cada pesquisador de botânica do Museu Goeldi e de outras instituições, já possuem levantamentos sobre a flora amazônica. Portanto, nós vamos a partir dessas 400 ou 500 espécies mapeadas como potencialmente ameaçadas, refinar esse trabalho. Com isso, teremos a garantia técnica-científica de que realmente essas espécies precisam ser protegidas pelo Estado”, enfatizou.

Com informações da Agência Pará de Notícias

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