Publicado há uma semana no JC, A vingança do arigó incendiou as áreas cultural, histórica e política em Santarém (PA), de modo particular, e, em geral, do estado. De autoria de Paulo Cidmil, santareno que trafega há décadas na área de produção artística, a pensata em menos de 24h já figurava entre os posts mais lidos do site na quinzena – fato raro em se tratando de um texto autoral e longo.
Compartilhado dezenas e dezenas de vezes nas redes sociais, o artigo provocou reações do tipo amor e ódio entre leitores e leitoras. Chegou a ponto de, entre os mais enfurecidos, causar desejo anunciado de processar o autor por suposta xenofobia e, por tabela, o JC por abrigo de preconceito contra arigós, nordestinos s seus descendentes residentes em Santarém.
Os aplausos efusivos (assim como os apupos) ao textão surpreenderam Cidmil.
“Eu não imaginava que seria lido por mais de 10 pessoas”, confessou nesta entrevista ao JC.
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— 1. Os críticos do artigo o acusam de xenofobia, preconceito contra os “arigós”. Faz sentido, endossas?
Paulo Cidmil: Se nos fixarmos ao estrito significado da palavra, afirmar que eu estaria sendo xenófobo é algo descabido e equivocado. Não há em meu texto qualquer aversão ao que vem de fora. Bom lembrar que xenofobia se aplica a um sentimento que nutre aversão ao estrangeiro movido por nacionalismos estéreis.
— 2. Por que então essa acusação, especialmente feita pelos corifeus do prefeito Nélio Aguiar?
Penso que as principais reações deve-se a uma leitura mal feita do texto. Não conheço pessoal e nem superficialmente as pessoas que se prestam a defender os absurdos e as omissões de Nélio Aguiar, como agora, vendo o rio Tapajós no centro de uma discussão que já é nacional e ele fingindo-se de morto. Nélio é o cara que promove uma licitação de transporte coletivo e a empresa vencedora de toda a malha urbana não possuía frota de ônibus. Isso diz muito sobre a administração Nélio Aguiar.
— 3. A proposta de emprego e renda embutida na construção do camelódromo na praça Rodrigues dos Santos não é socialmente oportuna? Não vai ao encontro a um problema grave no município?
Todo esforço para gerar emprego e renda são válidos, mas essa iniciativa de um camelódromo em espaço inapropriado como a praça Rodrigues dos Santos só evidência a total falta de planejamento estratégico para o desenvolvimento econômico municipal. Nélio alega que atende a uma solicitação da Associação Comercial. Outro fato curioso: seriam os camelôs os novos associados de uma entidade empresarial? A mim não há dúvidas que essa iniciativa é estritamente eleitoreira. Nélio caça votos em busca de ampliar o seu projeto de poder. Para atingir seus objetivos, passa o trator por cima de nossa história.
— 4. Nélio foi eleito e reeleito pela população santarena. Não seria, como diria um bolsonarista, mimimi da oposição esse posicionamento contrário ao camelódromo?
É bom lembrar que Nélio é um bolsonarista de primeira ocasião, mas como bom calango ele muda de coloração conforme as circunstâncias. Agora deve estar avaliando como escalar o bonde do Lula. Seu segundo mandato deve-se aos erros de campanha de Maria do Carmo e a ajuda providencial de Helder Barbalho. Reconheço sua legitimidade, foi eleito democraticamente, como vejo com muita clareza seu fracasso como gestor.
Nélio cuida do privado enquanto tudo que é publico é abandonado. As praças, hospital municipal, ensino fundamental, transporte público com aumento e sem melhorias, não há programa de fomento e desenvolvimento cultural, esvaziamento e inoperância na fiscalização ambiental, não tem um plano de desenvolvimento econômico que saia do papel. Mi-mi-mi é Nélio se esconder atrás da Associação Comercial e tentar vitimizar os camelôs para justificar o crime que cometeu contra o meio ambiente, a nossa história e nossa memória.
— 5. Falas em projeto de poder de Nélio. Que projeto é esse a curto e médio prazo?
Nélio faz parte e hoje é um dos principais expoentes de grupo político que se espraia do alto empresariado nordestino à República do Cipoal. Com conexões junto aos grandes empreendimentos econômicos como soja, construção civil, extração mineral. Forças econômicas que estarão presentes nas próximas eleições.
Nélio trabalha corporativamente para o fortalecimento desse grupo, o que obviamente se reverte em seu próprio fortalecimento. Já é amplamente divulgado que Nélio irá lançar sua esposa a uma candidatura estadual, expandindo o poder político no próprio núcleo familiar. Prefeitos são eleitos na expectativa de promover o máximo de bem estar à maioria da população, não é o caso de Nélio, lhe falta espírito público, compreensão da dimensão histórica e cultural de um povo e sobra-lhe espírito corporativista.
— 6. O que no artigo A vingança do arigó faltou incluir algo e só depois da imensa repercussão te deste conta?
Não, o texto inclusive ficou muito longo e eu não imaginava que seria lido por mais de 10 pessoas. Foi sem dúvida um pouco agressivo e incomodou uma parcela significativa da comunidade nordestina que aqui é basicamente cearense. Muitas pessoas ao se confrontarem com o texto sentiram-se ofendidas e perderam a capacidade de interpretá-lo de forma menos passional.
Ele trata de um choque cultural que ao longo dos anos produziu preconceito e discriminação de ambas as partes. Nativos e nordestinos. Aponta para uma casta endinheirado (com méritos pessoais) cujo valor essencial tem sido o acúmulo, valor que se sobrepõe a outros como cultura, história, memória afetiva, fundamentais para o bem-estar e a autoestima de uma coletividade.
Vem sendo louvável a atuação do IHGT [Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós], alertando sobre a importância histórica do espaço onde se situa a praça Rodrigues dos Santos. Foi providencial a intervenção do Ministério Público, que espero não trate o caso como fato consumado e avoque hipóteses de mitigação.
Ocorreu um crime e como crime deve ser tratado. Também tive a expectativa de ver manifestações públicas de entidades e personalidades da vida política e cultural da cidade como a ALAS [Associação de Letras e Artes de Santarém], Conselho Municipal de Cultura, IST [Instituo Sebastião Tapajós], Instituto Boanerges Sena, deputado federal Airton Faleiro, Renato Sussuarana, vereadores, universidades e entidades estudantis, sindicais e artísticas. Espero que isso ainda ocorra.
Quem é Paulo Cidmil
Esse é o típico professor matuto, metido . Por falar bonito e ter o poder de persuasão, se acha melhor do que os outros . Rico nas palavras e pobre no respeito , na humildade . Assim como ele fala que o nordestino é pobre . Pra mim ele é da mesma forma , não passa de um pobre coitado . As palavras delem vão ao vento , pq o nobre e fraquinho de atitude . Sendo sincero , nunca nem vi esse caboco . Que se diz a frente da cultura de santarem . Arriégua , tu te orienta macho , me fala um projeto social teu ? De ajuda a cultura santarena ? Se tiver, espero que tenha e me inúmere , porém , niguem conhece portanto ineficaz . Ele é muito pomposo ao falar realmente , fala bonito , está de parabéns . Mas é fraquinho , descabido, inoportuno . Ah mais tem um arigo invocado com isso , tem sim , pq as pessoas sábias as vezes tem que escutar . Espero que esse caboco me escute tbm . Que sirva de melhora , pq discurso bonito em blog , não vai mudar em nada . E se realmente é um cara que presa pela cultura santareno . Vai à luta macho . Use esse seu dom na produção de um projeto , solicite a um deputado , mande a secretaria de cultura que seja . Mas haja . Atitude seu mocorongo .
Excelente reflexão se não fosse os comentários contra os bolsonarista. Daria para ter mais foco no assunto em tela! Porém, com relação ao atual gestão municipai partilho de suas ideias amigo! Parabéns!!