É errado chamar de dengue hemorrágica para o caso mais grave da doença. Por Silvan Cardoso

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É errado chamar de dengue hemorrágica para o caso mais grave da doença. Por Silvan Cardoso
O Brasil aderiu a nova denominação da dengue hemorrágica em 2014

Se você leu em algum panfleto ou em algum livro a expressão “dengue hemorrágica”, saiba que há muitos anos que não deveria ser mais usada essa forma de escrita, por mais estranho que possa parecer. E há uma explicação bastante simples de um assunto que foi muito frequente nos diversos blogs e sites nos últimos dias de fevereiro de 2024.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2009 que a dengue hemorrágica mudou de nomenclatura, passando a se chamar dengue grave. A infectologista Melissa Barreto Faleo, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), disse que o Brasil só aderiu ao novo nome em 2014, ou seja, há dez anos muitos brasileiros insistem em chamá-la por “dengue hemorrágica”. Por quê?

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O que se costuma dizer ou ouvir pelas esquinas e rodas de conversa é que quando a dengue evolui para a forma mais grave, o doente irá sofrer hemorragia. A própria palavra hemorrágica leva a entender que o infectado sempre terá o sangramento. Mas não é bem assim.

A OMS alerta que nem todos os doentes com a fase mais avançada da dengue sofrerá esse sintoma, pois a hemorragia é apenas mais um dos sintomas, mas não é o mais grave. Os especialistas alertam que o que leva à morte é a desidratação. Ou seja, continua valendo aquele velho alerta: beba bastante líquido!

Assim que o mosquito infectado pica uma pessoa, o vírus entra na corrente sanguínea e, durante quatro e sete dias multiplica-se em órgãos como baço e fígado. Porém, é justamente nos vasos sanguíneos que o vírus “retira” a água, comprometendo a circulação do sangue. Nesse processo de multiplicação, o vírus atinge a medula óssea, comprometendo a produção de plaquetas, essenciais para os processos de coagulação.

O Ministério da Saúde publicou no dia 27 de fevereiro que o primeiro bimestre de 2024 acumulou 2,5 vezes mais casos de dengue greve que no mesmo período de 2023, o que tem preocupado bastante no Brasil, o país com mais casos da doença na América, conforme o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

É fundamental sabermos que a SBI classifica a dengue em três categorias: dengue sem sinais de alarme, dengue com sinais de alarme (que pode surgir após a melhora da febre) e dengue grave (que necessita de atendimento médico urgente), apresentando os seguintes sintomas:

● Dengue com sinais de alarme: febre, enjoo, vômito, vermelhidão no corpo, dor de cabeça, nos músculos, nas articulações e nos olhos.

● Dengue sem sinais de alarme: dor intensa na barriga, vômitos persistentes, acúmulo de líquido nas cavidades do corpo (abdômen, coração e pulmão), apatia e irritação, tontura ao levantar, aumento do fígado e aumento da concentração de sangue.

● Dengue grave: choque (prostração, palidez das mucosas e da pele, sudorese, aceleração do pulso e queda acentuada da pressão arterial), dificuldade de respirar, sangramento interno e comprometimento do coração, rins, figado e cérebro.

A infectologista afirma que o risco de morte acontece na forma mais grave. Mas comunica que na primeira fase da dengue não existe remédio que cure. A única coisa a se fazer é beber bastante água, alimentar-se adequadamente, controlar os sintomas com dipirona ou paracetamol (não usar nenhum outro remédio) e dar condições para o próprio corpo combater a doença, ficando em repouso.

Sempre é bom continuar pedindo às pessoas que mantenham seus quintais e terrenos limpos, evitando jogar lixo nas ruas, logradouros e outros lugares públicos, fechar todos os recipientes que armazenam água, vistoriar plantas que possam acumular água, além de colaborar com os agentes de endemias, permitindo que eles atuem em suas casas, além de ouvir e seguir as suas recomendações nos meios de comunicação.

Silvan Cardoso

É poeta, cronista e pedagogo nascido em Alenquer, no Pará. Escreve regularmente no JC. Pode ser encontrado no…

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