Poetas amazônicos – Minha droga

Overdose

Quem dera que eu pudesse morrer
De uma overdose de ti…
Injetar-te em minhas veias
Até meu coração explodir!
Do amor mais denso
Que só encontro em ti…

Quero cheirar teu perfume de mulher
Até destroçar minhas narinas
Dilatar minhas pupilas
E te ver saltar,
Menina dos meus olhos,
Esbugalhados
De tanto te olhar
De tanto te admirar…

Lança teu perfume em meu rosto
Que eu te mostro
Como sei dançar tua dança!

Quem dera meu vício por ti
Fosse o início do fim
Do início do fim do amor
Precipício do prazer
No orifício do ser
Em que eu me perdesse pra valer
Sem pensar no sacrifício de mim
Só pensar em ti…

Pois és minha heroína
Ladina, purpurina
Que me alucina
E me faz suar
E me tiras o sono
Me deixas insano
“In corpore sano”
Incorporando os anos
De ti encorpados…

Teu corpo, meu fardo
Que insisto em carregar
Até à última picada
Dos Montes Olimpos…
Não quero estar limpo
Sem antes deleitar-me
Do néctar dos deuses
Que trazes em ti…

Quero ser dependente de ti!
Como se teu sangue
Corresse em minhas veias
E me contaminasse
De tua essência
De tua indecência
De tua inocência
De mulher
Que veio do pó
E ao pó me fará voltar,
Sempre…

Não tenha dó de mim
Deixe que eu morra
De tua overdose…
E que minhas lágrimas
Não consigam chorar
A não ser de prazer!
E que meu sorriso
Não consiga gargalhar
A não ser de paixão!
Porque tua mão,
Agora, é minha mão…

Minha carreira se encerra
No teu último fio de cabelo
Onde possa me apoiar
Quando meu corpo
Já não suportar o amor
Que de ti aspirei,
Esperei, expirei e pirei…

Porque não sei morrer
Sem ti
Porque senti
Que só te sorvendo
Por inteiro
Acabarei morrendo
Por inteiro
Do amor que tenho em mim
E que sai de ti…

Porque eu sou seu começo
E você é meu fim…

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De Jota Ninos, poeta amzônico nascido em Belém e naturalizado santareno.

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