
Émile Durkheim sustentava que, sem regulação, o mercado destrói a solidariedade orgânica, fundamento da integração social e de uma sociedade. Karl Polaniy, na mesma linha, sustenta que, desregulado, o mercado destrói as instituições sociais, a solidariedade e a humanidade das relações sociais.
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O Brasil está vivendo na prática o que a teoria sociológica e econômica sustentam. O discurso dos liberais brasileiros é de que as “leis do mercado” são mais eficazes para garantir a sua própria regulação. Porém, quando Adam Smith e David Ricardo desenvolvem esta teoria entre o fim do século XVIII e início do século XIX, o capitalismo passava pela sua fase concorrencial, com o mercado disputado por inúmeras empresas.
Hoje, o capitalismo, em sua fase monopolista, tem um mercado oligopolizado, dominado por um pequeno número de grandes empresas, principalmente nos setores de atividades mais lucrativas, isto é, de bens de capital e bens duráveis.
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Deste modo, se no contexto concorrencial a concorrência pressiona, de fato, os preços dos produtos para baixo, no contexto oligopolista a única lei que prevalece é a do máximo lucro e a qualquer custo, mesmo ao custo da destruição da sociedade. Os formuladores da política econômica do governo Bolsonaro nem disfarçam este princípio: o único objetivo que os move é a máxima extração de lucros para o empresariado.
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A política de preços da Petrobras e do setor elétrico são apenas uma ponta desta política. As demais são os juros elevados, que apenas elevam a transferência de riqueza pública para o bolso de banqueiros e especuladores, a política de arrocho salarial, de desmonte das leis trabalhistas (desregulação do mercado de trabalho) e de redução de investimentos na área social.
O resultado desta equação está escancarado: inflação, redução da capacidade de consumo das famílias, queda do PIB, da capacidade de investimentos estatais, falência dos setores empresariais menos capitalizados, desemprego e informalidade em alta, fome, miséria, superconcentração de riquezas e elevação das já gigantescas desigualdades sociais do Brasil.
Estamos nos tornando uma sociedade inviável. Rumo ao estado de natureza, onde prevalece a lei do mais forte, mas que, por conta da barbárie, nenhuma pessoa está segura.
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