Consun: voto nulo no simulacro

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por Gilson Costa (*)

A Reitoria da UFOPA pretende legitimar um simulacro de democracia. Apresentou Edital para as Eleições do Conselho Universitário – Consun, para o dia 6 de dezembro de 2011. Isso depois de muitas lutas, pressões das categorias e até o envolvimento do Ministério Público Federal.

O Consun, máximo órgão de deliberação na UFOPA, depois de 2 anos, finalmente, vai ser instalado. Então deveríamos estar felizes, alegres, satisfeitos. Mas ao contrário, queremos denunciar mais um golpe da Reitoria da UFOPA. O Consun não é paritário. Dos 21 membros, 12 são cargos de confiança da ritoria, os outros 9 são para as categorias (3 para docentes, 3 para discentes e 3 para técnicos). Esse Consun antidemocrático não os interessa. A quem se quer enganar?

Senhor Seixas Lourenço, senhores e senhoras candidatos ao Consun simuladro, por favor, respeitem nossa inteligência, integridade política, moral. Respeitem a população do Oeste do Pará. Respeitem os trabalhadores!

Santarém, em particular, vive as repercussões sociais e políticas imensas das irresponsabilidades políticas, administrativas, acadêmicas, pedagógicas, financeiras, etc., por parte da Reitoria da UFOPA. Inclusive é preciso denunciar o mais ampla e publicamente possível. Além do que já apareceu em matérias e entrevistas nas TVs, jornais, internet, rádios, informativos, panfletos, debates, notas públicas, seminários. A sociedade toda deve saber o que acontece na UFOPA.

Vem aí mais um processo seletivo de ingresso de estudantes na UFOPA, e novamente se verá mais um vexame público, uma derrota, desmoralização. Não bastasse o já massivo descrédito em relação ao modelo  acadêmico: provão inrerno, escolão em cincos repetitivos, canibalesco. E se observa e ainda virão cada vez mais, ataques e tensões promovidos pela Reitoria Seixas Lourenço e vices Raimunda Monteiro/Clodoaldo Santos (PT) e seus xipaios. Não agüentamos mais. Fora Seixas!

O limite físico deste artigo não permite avançar em todos os pontos e políticas nefastas que nos assolam. Afora o vicejo de interesses das grandes empresas e corporações (Alcoa, Natura, MRN, madeireiras, Aaronegócio, etc.) que intentam, buscaram e buscarão ainda mais parcerias Público-Privadas, via PARQUE TECNOLÓGICO DO TAPAJÓS – que será montados na UFOPA – onde serão investidos quase 50 milhões de reais do contribuinte em favor de empresas privadas elas usarão o aparato da UFOPA (mestres e doutores, estudantes escraviários, técnicos, espaços físicos, laboratórios, etc.) para viabilizar seus interesses, projetos de pesquisa científica, onde o resultado e ou produto serão apropriados privadamente.

Há movimentos contrários diversos (sindical, estudantil, popular, indígenas e partidos de esquerda) que não comungam de jeito algum com esses projetos, modelos, uso do dinheiro publico, e demais ataques – que ao longo desses dois anos se chocam e ainda se chorarão muito mais – em crises múltiplas nos próximos períodos/anos – porque vivermos em uma sociedade de classes, reino da propriedade privada, exclusões, opressões e privilégios de poucos a custa da exploração de muitos, da coletividade, dos cidadãos comuns.

É preciso ser realista, distintos interesses e setores burgueses estão querendo saquear ainda mais a Amazônia, particularmente sua Fronteira Oeste, tapajônica. Estão em jogo quantidades ainda não calculadas precisamente de bioriqueza e biodiversidade de interesse das indústrias de fármacos, cosméticos, etc., além de todo o potencial madeireiro, agrícola e pecuário, das jazidas minerais, aqüíferas, etc. Tudo isso está por trás do tabuleiro social, político, econômico onde se inscreve de modo privilegiado a UFOPA – PAC INTELECTUAL de Lula/Dilma/PT/PMDB e seus aliados políticos e econômicos. Todas corporações nacionais e internacionais que vilipendiam nossa região, seu povo pobre.

A volta dos Grandes Projetos (Belo Monte, BR 163, Complexo de Hidrelétricas, IISA, etc.) avança como nunca, desde a queda da Ditadura Militar não se via tamanha investida contra os interesses do proletariado, dos povos indígenas, ribeirinhos, etc. Atingem /atingirão ainda mais a todos nós os subalternizados pelo Capital, pelos ricos, nos próximos anos e décadas – onde sobrarão o aumento da miséria do povo, escalada da violência, altos índices de prostituição, etc., a exemplo das estatísticas fartas oriundas desde os estudos sérios de economistas, sociólogos, antropólogos, biólogos, geógrafos, historiadores, agrônomos, etc.

Presentes em livros, artigos e apresentados em Seminários, Congressos, Colóquios e Palestras Científicas – por profissionais respeitados de institutos como o Museu Goeldi, INPA, NAEA, UFPA, USP, UFRJ, UnB, entre outras universidades de ponta, dentro e fora do país – pesquisas que se debruçaram em investigar os efeitos socioeconômicos, socioambientais e socioculturais nefastos dos Grandes Projetos na Amazônia – que se instalaram desde a década de 1960 (Calha Norte, Complexo Carajás, Hidrelétrica de Tucuruí, etc).

Pois bem, o que tudo isso tem a ver com o VOTO NULO AO CONSUN QUE NOS ANULA?! Além do que já foi tratado desde o primeiro parágrafo, é preciso recuperar a realidade desde suas cruezas, rachaduras – literalmente:

1. Os ESTUDANTES, os TÉCNICO-ADMINSTRATIVOS e os PROFESSORES, assistem a cada semestre, avançarem o assédio moral, os processos de perseguições políticas, os PADS, ataques, desmobilizações, desmoralizações, cooptações, simulacros e golpes promovidos pela Reitoria contra suas categorias e os Movimentos Sociais dentro e fora da UFOPA (seus interesses e organização, desde professores – SINDUFOPA; técnicos – SINDTIFES; e estudantes – DCE; ANEL/Santarém; Movimento Indígena, etc.,), são a prova mais nítida e concreta do que essa gestão vem promovendo em dois anos à frente da UFOPA – isso tem sido acompanhado mais de perto por nós e pela Sociedade do Oeste do Pará.

2. Prédios recém entregues com problemas de rachaduras, infiltrações, como no Laranjão do Tapajós, construído sobre sítio arqueológico, sem prestações de contas, até as obras inacabáveis do Campus Rondon – desde de julho foi anunciado sua inauguração pelo REItor! Chegamos praticamente em dezembro e nada. Tudo feito/defeito com nosso dinheiro de contribuinte – pagaremos mais um ano de uso do Campus Hotel Boulevard! Inescapável! Milhões de reais em jogo e não sabemos absolutamente nada dessas contas, reais.

3. Interferência direta em processos democráticos sindicais dos PROFESSORES – SINDUFOPA em menos de um ano: dezembro de 2010 – A chapa ALTERNATIVA MODERADA, apoiada pela Reitoria, que entre outros foi composta por três professores, MEMBROS DA DIRETORIA, que hoje se apresentam como candidatos ao CONSUN FANTOCHE (Carlos França, Ynglia, Thiago); os mesmos que em nove meses de gestão nada fizeram em prol da categoria, nenhuma proposição positiva, nem um Seminário Sindical, nada a não ser serem MODERADOS/SUBALTERNOS/SUBSERVIENTES/CAPACHOS… da Reitoria e CANINOS/CANIBAIS/TRAIDORES dos interesses da categoria e de seus membros – a prova é que tiveram que renunciar.

4. Depois, em novembro de 2011, trabalharam pelo óbvio boicote à CHAPA SINDUFOPA CABANO – havia uma chapa BRANCA/INVISÍVEL/SILENCIOSA/COVARDE e que promoveu o VOTO NÃO, ou seja, contra sua própria organização, o sindicato, a categoria, a classe, em favor da Reitoria Autoritária/MEC/Governo Dilma, que humilham a maioria dos professores e professoras com assédios, perseguições, falsidades, traições, baixos salários, falta de condições de trabalho, sem recursos, etc..

6. A Reitoria foi diretamente responsável pelo atraso do processo Estatuinte: boicotes e golpes políticos desde o ano de 2010 – e o pior, ainda hoje continua a boicotar, desrespeitar, atrapalhar e retardar os trabalhos Comissão Estatuinte – desde sua posse, não participando nas assembléias, esvaziando, desmoralizando e tentando deslegitimar a maioria, a democracia interna das categorias, o atingir o Congresso Estatuinte, a comunidade acadêmica da UFOPA. O propósito político final da Reitoria é destituir, tirar do Congresso Estatuinte, o poder de decisão final sobre o Estatuto da Universidade. Golpe!!

5.Todas as categorias – DOCENTES, DISCENTES E TÉCNICOS – Reprovam a forma e o conteúdo, o modo, modelo e encaminhamentos do atual processo para a composição do CONSUN da UFOPA. Candidatar-se, por si só, já é um desrespeito ao que foi tirado em Assembléias, Congressos, Deliberações coletivas dessas categorias que formam a COMUNIDADE ACADÊMICA. Não ligar a mínima para a base.

Caros ESTUDANTES, TÉCNICOS E PROFESSORES/AS, sem essa de que “não vou pela cabeça de ninguém”, somos produto social, histórico, temos interesses individuais e coletivos, óbvio, então não há quem não sofra influências políticas, culturais, etc. Somos partes das pessoas, autores, críticas, questionamentos, mundos que vivemos e passaram em nossas vidas. Ouvimos, lemos, tivemos contatos com literaturas, filosofias, ciências …, a militância social, etc. Tudo está indissociável à consciência de estar em um mundo que todo dia vem sendo destruído pela burguesia, sua ideologia contra a classe operária, os camponeses, as distintas etnias e povos do mundo, a classe proletária – todos que recebem salários, professores, técnicos, nossos alunos/as escraviários/as. Podemos nos fazer de cordeiros, subalternos, ficarmos calados, morrer sem ao menos gritar, ou sermos águias, estar no topo, na crítica, na luta, nos dispormos a construir um projeto coletivo de emancipação, liberdade, democrático, sincero, real.

Fazemos nossas opções diante das realidades colocadas. Assim como sabemos também que: “A partir da divisão social do trabalho, a humanidade passou a ter uma dificuldade bem maior para pensar os seus próprios problemas e para encará-los de um ângulo mais amplamente universal: mesmo quando eram sinceros, os indivíduos se deixavam influenciar pelo ponto de vista dos exploradores do trabalho alheio, pela “perspectiva parcial inevitável” das classes sociais (conforme a caracterização da Ideologia por Goldmann/Konder, 2006, p. 29). Portanto somos: social, política e culturalmente influenciáveis. E fazemos nossas escolhas, sejam: conservadoras, reformistas e/ou revolucionárias. Não existem pessoas “quentes, frias e/ou mornas”, existem pessoas lúcidas, coerentes, responsáveis, inteligentes, esclarecidas … e as pessoas alienadas, oportunistas, individualistas, podres … numa expressão: traidoras de sua própria classe.

Ao contrário de tudo que aí está, propomos um CONSUN PARITÁRIO (40 MEMBROS – sendo 25% PARA CADA CATEGORIA, 30 membros, portando 75% – DEMOCRACIA É GOVERNO DA MAIORIA para as categorias e 10 para a REITORIA). Além disso, defendemos, lutaremos arduamente:

1. Por uma Universidade Pública, Gratuita, Democrática, Livre e de Qualidade (científica, filosófica, técnica, tecnológica, metodológica, e humanista), onde seus recursos possam ser aplicados ao bem comum dos trabalhadores, dos povos empobrecidos pelos saques e explorações. Que atenda as verdadeiras necessidades dos distintos setores dos trabalhadores e categorias. Voltada para as demandas mais sentidas pela população, aplicando seus recursos materiais, humanos, financeiros, tecnológicos e criativos em prol da coletividade, do proletariado, que produz a riqueza social e mantém ativa a economia e a sociedade;

2. Que tenha sustentação em: Pesquisa, Ensino, Comunicação e Retroalimentação. Tendo a PESQUISA como aporte inicial, para depois, conhecendo as distintas realidades das Populações das Amazônia, descobrindo suas ecossociodiversidades, ecossocioeconomias regionais e complexidades sistêmicas locais, etc., assim, possa melhor ENSINAR e se COMUNICAR, tanto dialógica como dialética e respeitosamente com esses povos. Incluindo em seus Programas Distintos Saberes Acumulados pela civilização humana – científicos, filosóficos, populares e/ou ancestrais das diversas culturas no interior das Amazônia – desde o local onde esteja instalado seu campus ou campi – em Conexões Sistêmicas e Dialeticidades Comunicacionais, entre os distintos saberes e suas práxis – Ciência e Tecnologia para a maioria! Popular!

3. Por uma Educação Libertadora, promovida pela condição sine quo mon de garantir ao máximo as relações de Alteridade, Responsabilidade, Liberdade de Crítica, Consciência Política e Ideológica e Étnico-identitária. Que prime por construir uma Sociedade sem Opressão e Exploração Social, Econômica e Cultural por parte das distintas formas e conteúdos que sabotam, amarram, arrancam e destroem os saberes locais e regionais – pesados e orientados para a alienação, a ideologia burguesa, e seus interesses concretos.

4. Defendemos que a Direção da UFOPA – se enfrente com projetos, programas, metodologias ou tecnologias educacionais impostas e estranhas aos ideários e necessidades objetivas e subjetivas (materiais e imateriais) de nossos povos, das classes trabalhadoras e se oponha aos distintos setores das burguesias – que operam no interior dos países da macrorregião onde estão presentes os povos amazônicos e/ou sua população adjacentes – que hoje compõem 30 milhões de habitantes que escolheram viver, construir e se reproduzir e foram acolhidos pela e na e pela Pan-Amazônia, buscam ser e se realizar humanamente;

5. Uma Reitoria que promova os registro e disseminação de saberes, trabalhos científicos no formato digital (artigos, capítulos, livros, fotografias, filmes, trabalhos de eventos, etc.), produzidos pelos estudantes, professores, pesquisadores, técnicos da instituição, povos e populações locais; trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e monografias) em formato de texto e multimídia à disposição de todos e todas em acervos públicos para todos os povos e trabalhadores do mundo, em particular os da região/local.

Muito ainda está por se mostrar, surgir, nessa luta de classes, movimento dialético da História no Oeste do Pará. Em 2010/2011, particularmente no dia 29 de Abril de 2011, na UFOPA, vivemos o NOSSO ABRIL VERMELHO! Nossa pequena revolução, NOSSO GALO CANTOU! NOSSO URSO FICOU DE PÉS. Naquele momento havíamos ganhado em votação na Assembléia Extraordinária dos Professores, o direito de filiação ao nosso Sindicato Nacional: VITÓRIA, SINDUFOPA SERIA FILIADO AO ANDES!!!

Continuando essa saga de dois anos de lutas do conjunto de abnegados professores e professoras, estudantes e técnicos críticos: nova batalha, empossar a Nova Comissão Estatuinte Eleita, onde estão professores como Hélio Moreira, Amadeu Cavalcante e Luiz Fernando, entre outros combatentes. E por último, meus caros: foram dois semestres vitoriosos – juntos, professores, estudantes e técnicos inveterados do movimento construíram os eventos paralelos desse Histórico Ano de 2011 – “Caravana de Solidariedade aos Camponeses de Anapú”; “Semana dos Povos Indígenas”; várias “Assembléia Gerais” das três categorias; além de aulas, visitas dirigidas às comunidades, camponesas, indígenas e quilombolas; depois vieram as “Semanas da Consciência Negra” e no dia 04 de novembro, as Eleições do SINDUFOPA CABANO, NOVA VITÓRIA!

Retomamos nosso Sindicato, para o eixo das lutas. Tendo à frente novos e antigos professores do movimento, encabeçado por Luiz Fernando, Enilson Silva, Amadeu Cavalcante, Márcia Saraiva, Ricard Scoles e Everaldo Portela, Socorro Bergeron, entre outros e outras. E agora, dia 17 de novembro de 2011, os/as estudantes votaram nas Eleições Livres do DCE – Vi muito bem todos os esforços dos companheiros/as que fizeram acontecer os eventos, as atividades, as campanhas, portanto a HISTÓRIA! Foram MUITOS investimentos: materiais, financeiros, suor, garra, emoção, razão. Sei também o quanto se aprendeu ao construí-los. Sem dinheiro do MEC, da Reitoria, etc. Com todas as dificuldades, mesmo assim, cada um/uma se transformou em gigante e fez/fizeram acontecer. E quantas vezes mais quisermos!

Por isso, nada está dado e acabado, “apenas começamos”! Quem disse que não podemos mudar o que está aí?! Seguiremos longe, muito longe: da cortina de ferro, do silêncio medroso, da mediocridade da intelectualidade indolente, silenciosa, destrutiva, da visão tacanha e dos discursos deprimentes, OPORTUNISTAS, INDIVIDUALISTAS, CHANTAGISTAS, MEDÍOCRES, XIPAIONISTAS e CEGOS!

Gostaria de finalizar relembrando Denis Diderot, que um dia escreveu: “CARTA SOBRE OS CEGOS, ENDEREÇADA ÀQUELES QUE ENXERGAM” e; “CARTAS SOBRE OS SURDOS E MUDOS, ENDERÇADAS ÀQUELES QUE OUVEM E FALAM”. Diderot observou em muitas de suas reflexões que: “o espaço absoluto contraposto ao espaço limitado, ao tempo e à causalidade, à ordem estável, o tempo e o espaço talvez não sejam mais que um ponto”. Assim, deu razão a Heráclito: “NADA EXISTE EM CARÁTER PERMANENTE, A NÃO SER A MUDANÇA” (501 a.C).

O ponto de agora nos dói a garganta: estou fora de minhas aulas da disciplina FORMAÇÃO SOCIAL, POLÍTICA E ECONÔMICA DO BRASIL. Por força de um ato de autoritarismo, mais um golpe da Reitoria e seus xipaios, agora com um LAUDO MÉDICO FALSO, instrumento pelo qual fui excluído de nossas atividades profissionais na UFOPA. E ainda atingiu o professor Dr. Amadeu Cavalcante, me colega.

Mas o de mais tarde se guarda, como na canção de Guilherme Arantes – hoje, este vitorioso ano de 2011 que já se vai, mostramos mais uma vez nossa força, sua realidade – e então, estarão sim, amanhã, “Redobradas as forças […] a luminosidade, alheia a qualquer vontade, há de imperar […] mesmo que uns não queiram […] apesar de hoje!” POIS, O TEMPO? O TEMPO NÃO PÁRA! Já devolvemos parte das múmias e xipaios aos seus sarcófagos e os transformamos em eunucos, pálidos vampiros! Agora, ousam se levantar novamente, mas as respostas virão. Parafraseando certa senhora: “Ainda falta mais!”

Não queremos migalhas, nosso galo quer cantar, de peito estofado, livre! Nosso urso quer urrar, ficar de pés! Queremos tudo que temos direito, não só à Liberdade, Democracia, mas também Educação e Restituição! Queremos Ensino, Pesquisa e Extensão/Comunicação! Tudo que fora/seja e/ou era pra ser nosso, nem um grão a menos! Queremos gerir nossas vidas profissionais, nossa UFOPA. E quem nos roubou no passado, no presente nos rouba, vai pagar dobrado e jamais voltará nos roubar no futuro, nada, nadinha! Nem esperança, nem vontades, quanto mais em bens materiais, coletivos, públicos, dos trabalhadores/povos! Devemos querer sempre mais que hoje, que ontem, sempre mais. Devemos trabalhar para construir os caminhos que nos levará para esse lugar de nossas caras, justas esperanças, viver de fato.

Vamos lembrar aos perseguidores, opressores, exploradores que nestes platores, planaltinas, vastas planícies Tapajônicas, Amazônicas, florestas e rios desde o Oeste: são de nossos irmãos, de milhares e milhões como nós. Demandarão preciosas, minuciosas pesquisas, a confimar em futuras investigações, exumações, etc., saber de hoje e de tempos imemoriais, que juntos, nós e nossos irmãos indígenas, negros, descobriremos juntos toda a riqueza que jaz no chão, submetido ao tempo. Nossa memória viva, voltará, já está voltando como as vitórias de hoje, nossas e dos operários, dos povos indígenas, negros, camponeses, das mulheres, da juventude, do proletariado em geral. Parabéns a todos e todas, somos os NOVOS CABANOS (175 ANOS DA CABANAGEM, SIM AQUI TAMBÉM HOUVE!) ECUIPIRANGA VIVE, PULSA, SACODE E PODE! E poderá ainda mais, o tempo está chegando, soa o sino, os ventos!

Pois, como em A rosa separada (Pablo Neruda, 2005, p. 19-95) pode-se ler em nossos lábios e pulsos: […] Chegamos de ruas diferentes, de idiomas desiguais, ao silêncio […]. Chegamos cheios de conflitos, de divergências, de sangue, de pranto, de digestões, de guerras, […], somos os mesmos e os mesmos diante do tempo, diante da solidão: os pobres homens que ganharam a vida e a morte trabalhando de maneira normal […] nas estações de metrô, nos barcos, nas minas, nos centro de estudo, nos cárceres, […]. Voltamos apressados a esperar nomeações, exasperantes publicações, discussões amargas, fermentos, guerras, enfermidades, música que nos ataca e nos golpeia sem trégua, entramos novamente em nossos batalhões, ainda que todos se unissem para declar-nos mortos […]”. Mas o maior poeta latinoamericano sabe que seu povo é guerreiro, forte e não morre fácil, encarnado no José de Carlos Drummond, apesar de todo infortúnio. Então arremata essa idéia em O coração amarelo (Neruda, 2004, p. 09-79) premunindo: “Por incompleto e fusiforme me entendi com as agulhas […] porque minha história se duplica quando em minha infância descobri meu depravado coração, que me fez cair no mar e acostumar-me a ser submarino […] desmedidamente ditoso em minha insurgente desmesura […]”. Mais adiante diz como sábio e esperançoso historiador/sociólogo: “O ar está mudo ainda […] e há um rio perto de um rio e crescem juntos dois vulcões […]. Na noite do terremoto, quando no terror da terra se juntam todas as raízes e ouve-se soar o silêncio com a música do espanto […] e entre suas pedras pavorosas pode marchar com quatro pés e quatro lábios, a ternura […] a cavar no solo duro até encontrar na dureza o mesmo lugar que buscava […]”. Este lugar do futuro, Neruda sabe bem: “Este é o estilo das profundezas, do manifesto submarino […]: bom, aquele dia com aquela hora chegará e deixará tudo mudado […] e disporemos de um poder satânico: voltar atrás ou acelerar as horas, chegar ao nascimento ou à morte com um motor roubado ao infinito […], não há medida para contar o que não podia acontecer-nos.” E vamos devolver!!!

Convido a todas/todos, inveterados/as pela Justiça, Liberdade e Democracia, em 6 de dezembro é preciso pensar, refletir sobre tudo isso que tratamos aqui. Todas e todos que lutam coletivamente para fazer valer seus DIREITOS, LIBERDADE, RESPEITO, AUTONOMIA, INTELIGÊNCIA e a DEMOCRACIA – por uma UNIVERSIDADE DE VERDADE: PÚBLICA, GRATUITA e de QUALIDADE – A UNIVERSIDADE QUE QUEREMOS! São os que não aceitam a trapaça, a anulação, a covardia, a moral do vale tudo, o oportunismo e cinismo, o individualismo. Preservam, os valores éticos do proletariado, sua moral. Esses e essas são os que votarão NULO! Devemos gritar, escrever, mobilizar! Dia 6 de dezembro:
EU VOTO NULO NO CONSUN QUE NOS ANULA!

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* É professor doutor do ICS/UFOPA.


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3 Responses to Consun: voto nulo no simulacro

  • CARTA AOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DA UFOPA

    Prezados Colegas,

    A Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), instituição criada com imensa expectativa na região oeste do Pará, que no início tanto nos alegrou com sua criação, pela perspectiva de novos empregos, novos cursos de graduação e pós-graduação, e por conseguinte desenvolvimento social desta região passa por um dos momentos mais delicados desde sua criação. Temos observado em vários episódios o desrespeito por parte da Administração Superior em relação a inúmeras decisões importantes para o bom andamento desta instituição. Um bom exemplo disso é o modelo acadêmico adotado pela UFOPA que de forma alguma é bem aceito pela maioria do corpo docente, técnico e discente, e o mais grave, este modelo em nenhum momento foi discutido pelos integrantes desta instituição.
    Este ano os técnico-administrativos das instituições de ensino superior do País entraram em uma das mais longas greves, com mais de cem dias de mobilização. Neste momento, também foi possível observar que a atual Administração Superior da UFOPA é composta, em sua maioria, por pessoas de caráter duvidoso e que estão mais preocupadas em não perder suas pró-reitorias, cargos de chefia, de direção ou função gratificada do que realmente interessadas em resolver problemas de suma importância para a categoria dos técnicos, como é o caso da flexibilização da jornada de trabalho, assédio moral e insalubridade.
    Mas tudo isso ficou para trás, porque todas as decisões autoritárias e antidemocráticas desta Reitoria “pró-tempore” agora parecem pequenas perto do que está se estruturando para a construção do Conselho Universitário “pró-tempore”. É fundamental ter clareza da importância desse órgão deliberativo dentro de uma Universidade, sobretudo porque daqui a poucos meses teremos uma proposta de estatuinte que caminhará para a criação do estatuto da UFOPA. Mas, a aprovação da estatuinte passará muito provavelmente pelo CONSUN que no formato atual será composto em sua maioria por integrantes indicados pela Administração Superior, o que com certeza compromete que a tomada de decisão dentro do CONSUN seja indubitavelmente democrática.
    A respeito da formação do CONSUN “pró-tempore”, as categorias dos técnicos, docentes e discentes decidiram em assembléia protocolar documento que expunha os motivos que os levaram a se recusar a participar da eleição para os representantes no CONSUN das respectivas categorias, por entenderem conjuntamente que esse modelo de CONSUN não atinge os anseios democráticos e de ampla participação das três categorias. Este documento se quer foi respondido pela Administração Superior em mais um episódio de autoritarismo já comum, e levado lamentavelmente como piada entre os corredores da UFOPA.
    Agora estamos a poucos dias das eleições para os representantes no CONSUN e surpreendentemente alguns colegas técnicos se candidataram a representantes, mesmo tendo em ASSEMBLÉIA GERAL sido decidido que a categoria dos técnicos não participaria do certame. Não estão claros os motivos que levaram os colegas a essa tomada de decisão. O que podemos lamentar é que em maioria são colegas que pouco participam das Assembléias dos técnicos e, portanto, pouco podem saber dos anseios da categoria. Sabemos que houve algum motivo para que os colegas se candidatassem, esperamos que sejam motivos mais nobres do que currículo ou uma função gratificada. Contudo, esses colegas podem ficar tranqüilos e ter certeza que em nenhum momento de sua participação no CONSUN estarão representando a categoria dos técnicos da UFOPA.
    É importante deixar claro aos colegas que se candidataram que não estamos tentando cercear seu direito de participação desta ou qualquer outra eleição, mas é fundamental que saibam que a partir do momento que a sua tomada de decisão é individual, as conseqüências advindas dessa tomada de decisão individual será de sua inteira responsabilidade. Cada vez mais queremos valorizar as decisões coletivas que tragam benefícios à categoria como um todo. É dessa forma que a categoria dos técnicos sempre agiu e continuará agindo. Assim, esperamos que essa arapuca da Administração Superior no intuito de desarticular a categoria dos técnicos não tenha sido eficaz. Acreditamos que esse é mais um momento de mostrarmos força, e somente poderemos mostrar força se estivermos unidos.
    Neste sentido, gostaríamos de convocar todos os colegas técnicos administrativos dessa instituição, colegas de todas as pró-reitorias, todos os institutos, ou de qualquer outro setor da UFOPA, a nos dias 6 e 7 de dezembro mostrar toda nossa união, toda nossa força, toda nossa insatisfação com o modo como temos sido tratados, e através do nosso voto NULO expormos toda nossa indignação com essa política implementada por essa Administração Superior. Esperando que todos tenham entendido a mensagem que queremos passar aos membros da atual Administração Superior, que eles não são os donos dessa Universidade, que as decisões precisam passar de forma democrática pelas categorias, e que os técnicos administrativos são integrantes importantíssimos para o funcionamento dessa Universidade. Dessa forma, jamais nos calaremos diante das árduas batalhas que estão por vir.

    Um grande abraço a TODOS!!!

    ASSEMBLÉIA GERAL DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DA UFOPA

  • E fato que este “CONSUN” é uma palhaçada, ao começar pela busca desesperado dos Pró-reis Arlete Moraes e Aldo Queiroz em conseguir algum tecnico para se candidatar, fiquei sabendo que alguns foram coagidos com ameaça de perderem suas FGs e outros foram conquistados por uma promessa de um CDzinho. É triste de saber que uma universdade tão nova esteve inundada de gente assim.

    1. José Paiva, tenho acordo total com você, e achei oportuna, qualificada e importante seu comentário, colocando elementos e aprofundando o debate público necessário pela sociedade. Temos o dever intelectual, moral, ético de expor e esclarecer os fatos que ocorrem na UFOPA.

      Convidamos a população de Santarém, do Oeste do Pará, a protestar contra a Gestão de Seixas Lourenço e seus Pró-Reitores, que nesses dois anos destroem sonhos, tiram liberdades e se beneficiam às custas do contribuinte, da sociedade. Exemplos não faltam, até setembro deste ano, ou seja, em nove meses, Seixas já havia recebido, apenas em diárias, R$ 20.000 mil reais, imagina agora até o final do ano?! Isso só pra falar apenas de uma das benesses que obtém ao estar no posto de Reitor, fora passagens aéreas, ajuda de custos, pagamentos de hotéis, etc. Até quando a população de Santarém e do Oeste, além da comunidade acadêmica da UFOPA, aguentarão estes saqueadores, vampiros, múmias, xipaios!

      Dr. Gilson Costa

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