
Presos pela Polícia Federal sob a acusação de terem planejado um ataque a bomba em Brasília, o paraense George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues estiveram nos gabinetes de parlamentares bolsonaristas na Câmara de Deputados no mesmo período em que, segundo as investigações, articulavam o atentado.
Os encontros aconteceram entre 23 de novembro e 7 de dezembro do ano passado, em meio às manifestações antidemocráticas diante de unidades militares. O caso foi revelado pelo portal “O Antagonista”, que obteve a lista de visitas à Câmara através de um pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI).
George Washington esteve no gabinete do deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) em 23 de novembro, às 12h04. Ele havia chegado dez dias antes ao acampamento em frente ao QG do Exército na capital.
- Éder Mauro e Joaquim Passarinho: Quem são os deputados federais do PA que minimizaram os atos terroristas de 8/1.
“Nesse período recebi muitas comissões de paraenses que estavam em Brasília. Queriam informações principalmente do que o presidente faria. Não sei lhe dizer se ele foi realmente, mas pode ter ido”, disse Passarinho à reportagem, frisando não conhecer “esse senhor”.
— ARTIGOS RELACIONADOS
Influenciador foragido
Já Alan Diego visitou, em 6 de dezembro, às 14h34, a sala da liderança do Podemos, ocupada pelo deputado Igor Timo, de Minas Gerais, que não se manifestou.
No dia seguinte, ele retornou à Câmara às 10h38, mas, ainda de acordo com o portal, o responsável por receber a bomba de George Washington — conforme relatou uma testemunha — informou apenas que iria ao Auditório Nereu Ramos, embora não conste qualquer atividade no local na data em questão.

A lista de visitas à Câmara também revelou a presença constante do influenciador bolsonarista Bismark Fugazza, foragido desde que teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de apoiar atos antidemocráticos.
No dia 30 de novembro, Fugazza visitou os gabinetes dos deputados Daniel Silveira (PTB-RJ) e General Girão (PL-RN), às 10h28 e 19h16, respectivamente. Em 6 de dezembro, ele marcou presença na sala de Carla Zambelli (PL-SP), às 15h24, tal qual o registrado no controle de acesso.
“Ele não foi no meu gabinete, ele entrou na Câmara usando o meu gabinete. Ele encontrou comigo fora”, alegou Zambelli ao site, acrescentando que, “depois que entra, já não está mais sob a minha responsabilidade”. Silveira e Girão não enviaram posicionamentos à reportagem.
Assim como Alan Diego, preso pelo ataque a bomba, Fugazza informou ao acessar à Câmara Federal, em 7 de dezembro, que iria para o Auditório Nereu Ramos. O horário de chegada foi próximo: 8h30. Não se sabe o que a dupla faria no espaço.
Deixe um comentário