
O professor Mário Humberto da Silva Bezerra, o Mário Sarapó, era um homem-ilha: cercado de laços resistentes com a família e amigos por todos os lados. A eles, transmitia a lição de matemática que considerava mais importante para a vida: não desistir jamais, apesar dos desafios e obstáculos que ela impõe a todos.
Foi com esse espírito indômito que, em dezembro de 2015, teve que se reinventar por ter que amputar a perna direita na luta que travava contra um câncer. Encarou o problema para evitar que a doença se alastrasse por outros órgãos do corpo.
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Amputado, adaptou-se à nova vida com velocidade impressionante. Ainda que para isso tenha deixado para o passado as peladas de futebol às sextas no campo do Sesi (Serviço Social da Indústria), na avenida Curuá-Una. Os jogos de dominó e baralho com os amigos e vizinhos, a cerveja gelada e a paixão pelo Botafogo, contudo, permaneceram inalteráveis.
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Paixão similar pelo Glorioso do Rio de Janeiro só em casa, de mais de 40 anos, pela esposa (e também professora) Maria das Graças Porto Freitas, que lhe deu 3 filhas – Ynglea, 48 anos, bióloga, Greice Jurema, 47, pedagoga, e Ynglandina, 37, farmacêutica.
“Somos 3 filhas do coração, pois papai não teve filhos biológicos, mas nos criou com muito amor e dedicação. Papai era muito parceiro das filhas e dos genros, e de todos que a ele se dirigissem pedindo alguma ajuda. Amizade e companheirismo eram os traços de sua personalidade que mais chamavam atenção de quem o conhecia. Ele sempre estava pronto a ajudar, nunca dizia ‘não posso'”, afirma a bióloga e professora da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) Ynglea Georgina Goch.
Para a jornalista Rogéria Almeida, amicíssima da família, Mário Sarapó, que ela considerava como tio, também teve a sua vida dividida em AC e DC – Antes do Câncer e Depois do Câncer.
“Antes da doença, a alegria ímpar dele, que trazia sempre a gargalhada fácil e a positividade à reboque. Depois, a resiliência. E não porque é uma expressão da moda. Tio Mário perdeu uma perna e para uma ativo, prestativo e agitado foi um baque, mas ele se reinventou. Aprendeu a dirigir em pouco tempo e voltou a fazer tudo que sempre fazia antes da amputação. Era lindo de se ver”.
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Aos netos Otto, 15 anos, Paulo, 8, e Reynaldo, 5, o professor complementava a lição de desafiar a vida, enfatizando a importância do estudo e a busca incessante por aprender mais e mais. Sempre mais.
Hoje (25), às 19h30, será realizada a missa de sétimo dia de falecimento de Sarapó, apelido herdado do avô, assim chamado por gostar de um peixe que há na região com esse nome. A celebração ocorrerá na igreja Cristo Libertador, bairro Interventoria.
Lamento muito a morte do Mário, craque e parceiro nas peladas de sábado por muito tempo.
Bom relembrar a trajetória do Mário. Amigo de muitas geladas, muito bate papo e gostosas risadas.